Capítulo 26 - Os sonhos de um Herói Herdeiro

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Eu fui o primeiro a acordar, portanto corri ao quarto de cada um dos meus amigos e fiz questão de derrubá-los da cama – o Natsuno não ficou muito feliz com isso.

- Por que tão cedo? – reclamou, quando já estávamos tomando café, na cozinha.

- Temos que aproveitar as nossas férias – eu respondi, dando um gole no meu chocolate quente. – Não tem graça aproveitar dormindo.

- Pra quem passou o dia inteiro treinando, você parece bem disposto – Hebert me encarou com olhos pesados e curiosos.

Joe bocejou por um longo período, ainda de olhos fechados.

- Que horas são?

Olhei no meu relógio e respondi:

- Sete e meia.

Joe praguejou algo inaudível, ainda lesado, e Jake riu. Era o único que não parecia tão cansado.

Nós tomamos café e nos equipamos. Cada um pegou sua prancha e sua roupa própria para o Snowboard, depois saímos para fora da pousada.

- Esse povo não tem o que fazer? – perguntou Natsuno, observando os jovens que já passeavam pela Cidadezinha. Grande parte era adolescentes da minha idade, que se divertiam como nunca, o que me fez lembrar das palavras do treinador Rubens Almeida de ontem à noite.

- Aproveitar as férias – falei a mim mesmo.

Obviamente, fazia frio. Um clima que você já reparou que não curto muito. No entanto, tinha o lado bom: o chão era coberto por neve. E alguns garotos a aproveitavam para fazer guerra, numa das ruas que passamos. Eu não conhecia nenhum dos cinco, mais dois deles era negro e outro tinha os cabelos alaranjados. Presumi que eram garotos do clã Pereira – do meu amigo Ferdinando – e do clã Cordeiro – do meu amigo Iago. Os outros dois eram diferentes: um deles era loiro e o outro tinha os cabelos... roxos?

- Natsuno! – esse garoto, que tinha em torno de treze ou quatorze anos, correu até nós. – Oi, tio! – ele cumprimentou o Hebert.

- E aí, Lourenço – Hebert sorriu.

- Como vai, pivete? – Natsuno agarrou o garoto e esfregou o punho cerrado em sua cabeleira. Quando o soltou, o menino olhou para mim, com olhos arregalados.

- Você é do clã Kido.

- É, acho que sim – eu sorri. Observei seus olhos azuis, que tinham o mesmo tom escuro que os do Natsuno. A diferença era que os cabelos dele eram curtos e arrepiados, e ele não tinha a mesma expressão sarcástica que o meu melhor amigo possuía.

Lourenço então olhou para Joe e perguntou:

- Você é de qual clã? E você? – perguntou ao Jake.

- Eles não são caçadores – Hebert respondeu.

- Ah.

Uma bola de neve atingiu as costas de Lourenço, que virou-se para os seus amigos.

- Vem logo! – gritou o garoto negro, que tinha a mesma idade que o pequeno Kogori.

- Vamos brincar? – Lourenço convidou Natsuno, muito alegre.

- Hã, mais tarde – Natsuno pareceu desconfortável. – Agora eu preciso descer a linha preta – ele referiu-se à estação de Snowboard que levava às montanhas mais perigosas e radicais do terreno.

Caçador Herdeiro (2) - Trevas Silenciosas | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora