Capítulo 37 - Tony Kido contra os Ninjas da Noite

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Às vezes um simples passeio à pizzaria pode acabar mal.

Eu nunca imaginei que aquela noite mudaria a minha vida, nunca imaginei as sequelas que causariam na minha personalidade. O fato é: nunca imaginei que os fatos que viriam a seguir seriam as coisas mais marcantes da minha trajetória. Isso pode ser bom, como também pode ser horrível.


- Argh!

Um dos ninjas gemeu após ganhar um soco de presente do meu pai. Eu realmente estava impressionado com a agilidade de Tony Kido, visto que ele desviava de milhares de golpes e contra-atacava em seguida. Meu pai chegava a ser ainda mais forte que o meu tio Michael transformado!

Dezenas de ninjas nos cercavam e atacavam o meu pai em grande velocidade. Claro que não eram todos que atacavam de uma só vez, uma vez que o espaço não era tão largo assim, isso seria contra a física. Ainda assim eram muitos. Ninjas atacavam e recuavam. Depois outros apareciam e faziam a mesma coisa. Glen era um deles. Possuía a mesma agilidade extraordinária. Se eu não estivesse olhando com tanta atenção, poderia facilmente confundi-los com sombras. Sombras silenciosas e assassinas.

Falando nisso, eu estava lá, sem poder ajudar. Por algum motivo, um dos ninjas me imobilizou e não me deixou entrar na batalha, muito menos me atacou – embora tenha destroncado o meu braço. E pude notar, em meio ao exército de preto, os meus três primos que me visitaram hoje cedo. Ocorreu-me que eles eram os únicos imóveis, apenas assistindo à confusão de golpes, e um deles olhou na minha direção – não sei qual era, eu só podia ver seus olhos por conta da máscara, e os olhos de todos eram de uma escuridão idêntica. Ele parecia lamentar.

Finalmente meu pai derrubou um dos inimigos, cujo chute foi certeiro no peito do indivíduo. Porém, nem teve tempo de comemorar, pois o momento de pausa passou e os ataques voltaram.

- Por que estão fazendo isso? – meu pai quis saber, mesmo sem parar de lutar.

- Lutando? - ironizou meu tio. - Porque é divertido!

- Eu sei que vocês estão trabalhando para alguém, mas por quê?

Glen mostrou-se irritado, e respondeu:

- Não é da sua conta! - e finalmente conseguiu acertar Tony, com uma joelhada no estômago. Meu pai esforçou-se para manter-se de pé e desviou de punhos e chutes. Consegui ver dardos empunhados por alguns dos inimigos.

- Glen, esse não é o jeito de vocês - insistiu ele. - Vocês não atacam caçadores. – Ele desviou de mais um golpe e disse: - Vocês não matam.

- Não matávamos! – corrigiu o homem, num rosnado de fúria. - Tudo mudou, Tony. Não somos mais simples ladrões. Agora somos assaltantes profissionais, e fazemos de tudo por dinheiro.

- Dinheiro - repetiu meu pai. - Vocês só pensam nisso.

- E você quer que pensemos em quê? - a luta era incrível, onde os ninjas e meu pai eram tão rápidos que chegava a confundir a qualquer um. Os homens mascarados pareciam vultos negros no meio da noite, pulando pra lá e pra cá. – Quer que pensemos em coisas boas, como a amizade e blá, blá, blá?

Presumi que Glen era um cara impaciente, pois ele falava como se já tivesse ouvido aquele tipo de coisa milhares de vezes. Ele sacou uma catana de algum lugar – talvez do bolso, talvez do dedo – e logo a lâmina reluziu o brilho do luar na minha cara. A lâmina era longa, reta e afiada, possuindo um cabo de madeira. Definitivamente uma Takohyusei. Como percebi isso? O ninja simplesmente ficou ainda mais ágil do que antes. Aparentemente, mais enérgico, da forma que eu me sentia quando sacava a minha espada.

Caçador Herdeiro (2) - Trevas Silenciosas | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora