Capítulo 27 - De Volta a Honorário! Os Ninjas da Noite

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Era domingo, dia vinte e quatro de Julho, quando partimos do aeroporto de Vancouver.

Como as aulas voltam só dia sete, tínhamos ainda duas semanas de férias para aproveitar, e ao longo de toda a viagem fiquei tentando imaginar o que faria nesse tempo todo.

Nenhuma conclusão.

Aliás, a viagem de avião durou cerca de dezesseis horas, portanto já era noite quando chegamos à Honorário. Apesar dos acontecimentos esquisitos dos primeiros dias no Canadá, eu definitivamente sentiria saudades da Cidadezinha e das montanhas radicais – além de ver Sophia patinando no gelo feito uma princesa.

Minha mãe me esperava no aeroporto.

Quando saí do avião e vi ela sentada num dos bancos do saguão de espera eu senti ódio do meu pai. Eu ainda não acreditava que ele escondera aquela história toda de nós dois. Como ele podia fazer isso com a minha mãe?

Cheguei perto de dona Sarah e fui recebido com um abraço muito forte e um beijo na bochecha esquerda.

- Eu já estava com saudades, filho - ela falou, me apertando ainda mais forte, quase me sufocando. Sua força poderia ser comparada à força do Joe.

Ou talvez não.

- Eu também - admiti.

Ela desvencilhou-me e disse "oi" aos meus amigos. Depois fomos para casa.

No dia seguinte, acordei depois das meio-dia, de tão cansado que estava. Escovei os dentes e desci à cozinha, onde perguntei à minha mãe que, mesmo o café estando na mesa me esperando, já preparava o almoço:

- O tio Michael vai vir quando?

- Ele está pela floresta treinando aquele seu amigo, o Léo, desde manhã. Vieram te chamar, mas não os deixei te acordar. - Ela sorriu, mesmo sem me olhar.

"Acho que já sei onde ele está", pensei.

Tomei café e rumei ao Rio das Águas Pesadas.

E lá estava o meu tio, treinando o garoto.

Cheguei e fui recebido com Billy pulando em cima de mim, lambendo meu rosto e me sujando de barro com as suas patas pequeninas e peludas.

- E aí, garotão - falei, com ele já no meu colo; Billy latiu.

- E aí, Diogo – meu tio estava sentado no gramado lendo um jornal, encostado à rocha que havia encravada ali.

- E aí, tio.

Eu olhei para o rio e vi Leonardo com a roupa e os cabelos encharcados. Era engraçado vê-lo agachado e fazendo esforço para não cair, mas ocorreu-me que eu havia passado pelo mesmo processo, ficando praticamente um dia inteiro naquele rio.

Ele finalmente me viu e acenou, mas acabou caindo.

- Já faz quatro dias que ele tenta se equilibrar – disse meu tio, o que me surpreendeu.

- Você já o ensinou a controlar o Modo Ataque? – perguntei.

- Já. Foi o primeiro passo, na verdade. E quando ele passar pelo segundo, iremos ao terceiro: as Artes Marciais.

Meu tio e os seus "passos" dele, pensei. Meu primeiro foi o equilíbrio nas águas traiçoeiras. O segundo foi um pouco menos perigoso – acredite, não estou mentindo. Eu tive que correr pela floresta, sendo perseguido pelo Billy que, até então, pensei ser um cachorro assassino. Não que ele não seja, mas na época eu pensava que Billy queria me devorar, mas ele só queria... pular em cima de mim.

Caçador Herdeiro (2) - Trevas Silenciosas | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora