Capítulo 29 - O prédio dos cadáveres!

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O céu tinha um tom roxo e laranja quando partimos.

Eu já estava me acostumando a ir caçar de metrô, uma vez que nossos objetivos sempre ficavam longe de onde morávamos. Ao longo de todo o caminho nós permanecemos em silêncio. Riku parecia preocupado, Natsuno jogava Yu-Gi-Oh! em seu celular, e a minha cabeça tentava processar o que poderia ter causado a morte de tantos vampiros sem nem ao menos transformá-los em pó. Sem mencionar o fato de meu pai ter se comunicado com o Riku ao invés de mim.

Nós descemos na estação Jardim Silvania e nos deslocamos por avenidas movimentadas, chegando então ao quarteirão onde localizava-se o prédio.

Era uma das ruas desertas do centro, que ficavam próximas às regiões de congestionamentos porém sem receber qualquer tipo de movimentação além de moradores do bairro. Em ambos os lados só havia prédios, um do lado do outro, sem tanta diferença de tamanho, assim como nos quarteirões vizinhos àquele; todos tinham seus dez ou onze andares.

- Qual é o nosso? – eu perguntei, apertando firme a bandana vermelha em minha testa.

- O último – Riku respondeu, olhando à nossa volta com cautela. Acho que ele também estava com um mal pressentimento.

- Hã, vamos? – sugeriu Natsuno.

- Não – disse o Medeiros. – Se for uma armadilha, não podemos ir assim.

- Riku tem razão – eu disse. – O que vamos fazer, então?

- Invadiremos o prédio pelo terraço – Riku respondeu como se fosse a coisa mais óbvia. Ele olhou os prédios ao nosso lado, edifícios residenciais que eram separados da calçada por muros pequenos. Exceto um deles.

Um hotel.

- Venham – ele disse.


Eu realmente pensei que teríamos que alugar algum quarto para podermos passar pela recepção do edifício.

Nada disso.

Nós simplesmente atravessamos o saguão e subimos as escadas do fim do corredor. Muitos dos hospedeiros nos olhavam assustados, pensando talvez que fosse um assalto, e acho que os seguranças que guardavam o portão de entrada nos perseguiram, ou chamaram a polícia. De qualquer forma, nós subimos ao terraço e pulamos para o prédio vizinho, que era pouco mais baixo que o nosso.

- É a primeira vez que vou entrar num prédio pela porta mais alta – disse Natsuno, quando saltamos para o prédio seguinte. Felizmente, a distância entre um prédio e outro era pouca, e conforme nos aproximávamos do nosso prédio/objetivo, mais ouvíamos o barulho do trânsito ao nosso redor: carros e caminhões que buzinavam impacientemente, o som alto de um comércio, que tocava uma música da Anitta, e a sirene de viaturas.

O céu já tinha o seu tom azul-marinho, decorado por estrelas que eram difíceis de serem vistas por conta das luzes da cidade e pela linda Lua Crescente, além de nuvens que moviam-se tranquilamente acompanhadas da brisa noturna.

Finalmente aterrissamos no prédio dos cadáveres, um edifício cujo letreiro na fachada demonstrava extrema velhice, e notei que outrora tivera uma cor vermelha, além de estar faltando uma das letras da palavra. Estava escrito H TEL.

O terraço era amplo e marcado por sangue seco, possuindo uma pequena sala quadrada com uma porta que levava ao último andar. Olhar para aquilo fez meu corpo estremecer, isso porque a primeira imagem que apareceu à minha mente foi de quando ficamos cercados por vampiros evoluídos, dentre eles meu professor de Biologia. E acho que Natsuno lembrou-se da mesma coisa, pois nossos olhares se encontraram e engolimos em seco juntos.

Caçador Herdeiro (2) - Trevas Silenciosas | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora