Capítulo 31 - Trevas assassinas e silenciosas

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Trevas silenciosas.

Esse poderia ser o termo que eu usaria para descrever a forma como nos cercaram.

Dúzias de ninjas mascarados estavam postados à nossa volta, alguns segurando dardos, outros com catanas embainhadas às costas, todos nos encarando feito bonecos de cera. Uma cena realmente assustadora. Senti minhas pernas tremerem. Eu realmente estava me sentindo pequeno diante daquela multidão de homens de preto. Homens que pareciam atentos à qualquer movimento nosso.

Mas então lembrei-me das notícias dos jornais, e da forma que encontrei Ferdinando ontem, completamente espancado. Aqueles ninjas não eram só maldosos, como também um bando de covardes.

- O que vocês querem?! – berrei, observando aqueles olhos negros.

Nenhuma resposta. Pareciam mudos. Usavam máscaras que deixavam apenas seus olhos negros à mostra. Todos eram brancos, homens altos e de corpo atlético. E quando pensei que continuariam sem falar nada, um deles riu um pouco alto. Era exatamente o ninja que estava uns dois metros à minha frente.

- Qual é a graça? – perguntou Natsuno, talvez tentando forçar uma ira inexistente. Mas eu sabia que ele também estava preocupado.

- Só estou emocionado – respondeu o ninja num sotaque estrangeiro. Reparando melhor, suas vestes era um pouco diferente dos demais capangas. Enquanto todos vestiam uma roupa de pano preta, era notório que em seu peito havia uma espécie de couraça de metal, que lhe protegia não só o peito como também a parte da barriga. E ele tinha olhos familiares.

- Emocionado com o quê? – eu quis saber, com cuidado para não baixar a guarda.

- É bom encontrar parentes novos.

- Do que ele tá falando, Dio? - Natsuno me perguntou num cochicho, como se eu soubesse responder.

Seus olhos negros pareciam nos estudar detalhadamente, tão vazios quanto assassinos, e deduzi que aquele cara era um psicopata, um psicopata que não hesitaria em nos matar.

- Não sei o que vocês querem – eu falei -, mas o que for que vocês vão fazer, façam logo!

O homem deu um passo na minha direção e disse:

- Gostei desse seu jeito valente. Mas ainda falta ódio. – Sua voz era afiada como uma navalha e fria como o gelo. Seu sotaque era puxado para um russo. Seus olhos eram inteiramente pretos, sem qualquer brilho ou coisa do tipo. E a forma como ele falou fez algo no meu estômago revirar. Aquele cara era diferente de qualquer vampiro que já encontrei.

Pensei no pavor que vi no rosto de Ferdinando, após ser atacado. Eu realmente não queria que acontecesse o mesmo comigo e com o Natsuno. Juca nos dissera que os ninjas eram um clã que somente assaltavam, no entanto não tínhamos nada de valioso. Não que eu saiba.

O líder deu mais um passo na minha direção, fazendo-me recuar um pouco a ponto de encostar em Natsuno. Eu apertei forte minha mão contra o cabo da minha Takohyusei e, embora estivesse tremendo um pouco, estava mais preparado do que nunca. Os demais inimigos pareciam paralisados. A calmaria que havia em seu olhar era intimidante. E provavelmente não eram tão fraquinhos como os vampiros comuns.

Relutantemente, perguntei de novo:

- O que vocês querem?

- As espadas – o líder respondeu.

Caçador Herdeiro (2) - Trevas Silenciosas | COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora