Chamada Perdida

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Eles subiam a íngreme colina, passo por passo. Eram obrigados a seguir por trilhas deixadas pelos gados que eram soltos naqueles pastos. Não havia lua naquela noite, por isso usavam lanternas para iluminar o caminho.

Há muito tempo que Lenon não fazia aquilo. A ainda não estava contente com a decisão. Mas foi a melhor escolha a fazer, visto que a ideia de Alyoth era perigosa demais.

Passaram o dia discutindo sobre o que fazer em relação a coruja de Aly. E depois de muito tempo discutindo os riscos e possibilidades de transitar por outras dimensões, para salvar a pobre criatura, decidiram optar por uma maneira mais segura. Um método que Lenon, como mago, desprezava. Porém, estava disposto a fazer, para aliviar, ou até mesmo entristecer seu amigo. Essas eram as consequências, talvez até piores que isso.

Lenon não era velho, pelo contrário, era um rapaz jovem, seu visual é que não favorecia na idade. Mas mesmo tendo por volta de 26 anos, havia tido experiências por diversas áreas da magia. E aquela que realizaria naquela noite, era simples, porém, um tanto perigosa.

Muitos, que nem são magos por excelência haviam praticado o ato, que na maioria das vezes não trazia bons resultados. Mas Lenon sabia como fazer corretamente, pelo menos tinha um pouco de certeza sobre isso. Passara a tarde estudando seus antigos livros intocados de necromancia, e havia repassado aos colegas, as precauções que deviam tomar.

-Se algo der errado, ao meu sinal, incendeiem a cabana. - Advertiu novamente enquanto subia pelas trilhas.

-E se a coruja não estiver morta? Se estiver detida? - Questionou Vin.

-Nesse caso, saberemos. A cabana tem de ser incendiada de qualquer forma. - Disse ele.

Lenon lembrava daquele experimento, quando o realizou de forma incorreta durante a juventude. Como eu era um insolente, pensou.

Falar com os mortos, não era uma coisa tão simples como se via na TV, ou como alguns charlatães demonstravam aos terrenos em troca de dinheiro. Era uma coisa séria e obscura, que Lenon preferia não mexer. Mas agora era diferente. E Aly não descansaria até ter certeza que Gálio, sua coruja, estava morto ou não. Sobre isso, Lenon tinha quase certeza.

O Rei de Amarelo, segundo os livros e descrições que havia lido durante os seus estudos, era uma entidade poderosíssima. Detentor dos portais mais obscuros entre as dimensões, um ser que poucos gostariam de cruzar, até a mais profana das criaturas havia de temer o Rei. E não seria ele, nem Alyoth, que ousaria enfrentar tal poder.

O que martelava em sua mente, era como a coruja de Aly havia chegado ao Rei de Amarelo. Certamente alguém o enviou para lá, nunca chegaria no Rei sozinho. Algo cheirava muito mal naquela história.

-Lenon. - Chamou o Regente.

-Diga, Alyoth.

-Se caso Gálio, tiver morrido... - suspirou - existe alguma maneira de traze-lo de volta?

Lenon havia lido algo sobre o Rei de Amarelo, e pelo que tudo indicava, esse ser teria acesso livre ao mundo dos mortos, e praticamente a qualquer outra dimensão imaginada. Mas preferiu não alimentar novamente, a ideia de ir até o Rei.

-Lamento, Alyoth.

O Regente respirou fundo e seguiu pela trilha, junto de Bardo, Vinny e Lenon.

-Estamos chegando. - Disse o Bardo ao avistar a cabana. Parecia com medo.

O mago havia dito a eles, que era arriscado tentar se comunicar com os mortos. Explicou que, quando isso acontece, é aberta uma janela, que pode permanecer aberta por algum tempo após o contato. E isso poderia ocasionar a fuga de seres indesejados do submundo.

Crônicas de KarcosaOnde histórias criam vida. Descubra agora