Tentáculos

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Vinny Rider já havia passado por diversas situações desagradáveis na sua vida, porém, o Retrocesso de Louis pode lhe proporcionar um novo conceito de sofrimento e náusea. Sentia seu estômago revirar, sua cabeça latejava de dor e sua alma parecia ter sido arrancada de seu corpo, ou ao contrário.
Estavam agora em frente ao Heavy Thunder, numa versão bizarra e nebulosa. Certamente não estava no plano terreno, a sensação de caminhar foi totalmente diferente naquele lugar, era como se ele tivesse se esquecido de como andar, ou talvez tivesse realmente esquecido. Levou uns minutos para se adaptar, enquanto Alyoth e Louis pareceram mais familiarizados, talvez por não serem inteiramente humanos.

- E agora? Entramos? - Perguntou Aly.

- Agora é com vocês, se quiserem entrar podem ir - disse Louis - vou logo atrás.

- Nós voltamos no tempo? - Perguntou Vinny, com a face pálida.

- Voltamos tanto no tempo, quanto no espaço, duas vezes. - disse o mágico.

Eles pareceram intrigados com a explicação, então Louis esclareceu.

- Voltamos na história do frasco até o momento em que ele foi trazido até o bar, e voltamos no tempo novamente em frente ao próprio bar para descobrir o que aconteceu aqui.

Vin vomitou.

- Por isso essa merda me enjoou tanto!

Alyoth observou o movimento ao redor do bar.

- Creio que devêssemos entrar escondidos no bar, pelos fundos, e ir até o porão. - Sugeriu.

- E se nos descobrirem? Isso alteraria a linha de tempo real? - Perguntou Vin.

O mago estava acomodado, escorado em um muro do lado de fora do bar.

- Entrem sem preocupação. A magia funciona fora do domínio terreno. Como disse anteriormente, não estamos na nossa dimensão, esse é um mundo alternativo, ou o que chamo de Primeira Camada. Não podem nos ver aqui, mas nós o podemos.

Vin partiu em direção a porta dos fundos do bar, e tentou abri-la, mas não obteve sucesso.

- Está trancada - disse ele a Alyoth - acho que devemos arrombar.

Aly olhou para Louis, e vendo que o mesmo parecia despreocupado, resolveu tomar a decisão.

- Derrube a porta. Creio que não estamos com muito tempo.

No mesmo momento uma nuvem de fumaça negra cruzou a fechadura da porta, passando entre os dois homens. Alyoth reconheceu.

- É Lágrima! - Gritou, chutando a porta logo em seguida, que caiu sobre o chão e liberou a passagem para o bar, reconstituindo-se segundos após cruzarem sobre ela.

Desceram as escadarias para o porão, o bar estava vazio, mas havia música alta sendo reproduzida em alguns amplificadores no palco. Seguiram o rastro de fumaça que entrou desimpedido pelo marco da porta do porão.

Não houve tempo de descerem as escadas por completo quando ouviram um grito masculino praguejando no porão, e em seguida um estampido. A cena que presenciaram quando cruzaram a porta foi Lágrima estirada ao chão, praticamente desacordada, e uma horda de motoqueiros apontando armas para ela.

Eles não conseguiam entender o que eles falavam, o som naquele lugar era abafado, mas conseguiam ver claramente a face de cada um que estava no porão, Aly reconheceu um deles, Drakar

- Ali! Elise está entre eles! - Disse o Regente, após reconhecer os traços da filha de Vinny, que estava diferente do que conhecera.

A garota estava entre os motoqueiros, porém não estava armada. Suas mãos seguravam os braços de um homem, um garoto, que apontava a arma para Lágrima. Ela parecia assustada, deslocada daquele ambiente, repreendia sutilmente o rapaz, que não parecia comover-se.

Crônicas de KarcosaOnde histórias criam vida. Descubra agora