Truques de Rua

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Estavam dentro do Gran Torino, estacionados. Haviam deixado o Heavy Thunder há aproximadamente quatro horas, e a viagem até ali tinha sido bem agitada. As teorias sobre Elise, Lágrima e os Under Monsters viraram assunto depois que surgiu uma magnífica ideia de Lenon, que poderia por um fim em todas as dúvidas.

- Devemos esperar por mais quanto tempo? - Perguntou Vin à Lenon, estava ansioso.

- Esperaremos eles desligarem as câmeras. - Respondeu, apontando para um aglomerado de pessoas na rua, em frente a um monumento.

Não estavam em Karcosa, mas sim, em uma cidade um pouco distante chamada Trelivia. Maior em comparação a Karcosa, possuindo grande parte de sua economia voltada ao turismo e comércio local.

- Acredita que esse cara pode mesmo nos ajudar? Ele parece um mágico de rua barato. - Disse o Bardo.

- Essa é a intenção. Louis é um mago que não encontrou sua carreira em nenhuma das escolas da magia, e decidiu seguir a sua própria. Faz mágica de rua para sobreviver, assim como outros magos pelo mundo.

- E eles podem fazer magia na frente dos outros assim? - Questionou Vin.

- Desde que os mundanos acreditem que sejam truques, sim. Alguns até ousam magias mais surreais, mas o Conselho dos Magos geralmente caça o poder desses, tudo tem um limite em nosso meio. - Ele apressou o olhar para a multidão, que parecia dispersar-se. - Olhe, ele acabou o show, podemos ir.

A multidão se separava enquanto o mágico de rua descia de um banquinho e recolhia a cartola cheia de moedas.

- Se ele é um mago, por que não faz um feitiço para criar dinheiro? - Perguntou Vin, com ar de riso.

- O trabalho é a única magia que gera dinheiro honesto. Mas houve alguns magos que tentaram criar esse feitiço, nunca deu certo. Parece que o apego dos terrenos ao dinheiro acaba criando uma espécie de vínculo de proteção. - Respondeu Lenon.

- A magia é bem irônica as vezes. - comentou Alyoth.

Saíram do carro e se dirigiram ao mágico, que trajava um blazer preto por cima de uma camisa social branca, sua calça era jeans preto, e seu sapato bem polido. Tinha estatura média e cerca de 20 anos pelo que sua aparência indicava. As mangas do blazer esticadas revelavam antebraços cobertos de tatuagens, e uma mão enfeitada por anéis. Seu cabelo era curto e liso, com uma franja que cobria o olho esquerdo.

Lenon o saudou com um cumprimento.

- Ora, ora, o que faz tão longe de casa, Lenon? - Disse o mágico, ao reconhecer o amigo.

- É uma longa história, Louis. Precisamos de sua ajuda.

- E quem são? - Perguntou, acenando com a cabeça para Aly, Vin e Bardo.

- Sou Alyoth, Regente de Karcosa, e preciso de sua ajuda para uma investigação. - Se apresentou. - Esses são meus amigos, Vinny Rider, e Bardo.

- Precisa quebrar um galho pra mim dessa vez. - Disse Lenon.

- O que querem que eu faça? - Questionou ele, curioso.

Aly sacou o frasco de magia do bolso, o que recolheram na cena do massacre e entregou nas mãos de Lenon.

- Quero que use o Retrocesso pra ver a história disso aqui. - Mostrou o frasco com brasão de um leão negro.

Louis, o mágico, pegou o frasco e analisou.

- Coisa do mercado negro... Com o que estão mexendo?

- Não importa, só queremos saber a história dele. - Disse Vin, um pouco agitado.

O mágico de rua olhou para eles e disse:

- Tudo bem, vamos até o meu apartamento, lá posso olhar com mais atenção para o objeto.

- Obrigado, Louis. - Disse Lenon.

Louis deu uma piscadela para o mago.

- Você também me ajudaria se eu precisasse. - Disse ele, sacando um maço de cartas do bolso. - Aprendi um truque interessante nos últimos meses. Alguém tem uma câmera ai?

- Câmera? - Interrogou Bardo.

O mágico balançou a cabeça.

- Esquece, - tirou a cartola da cabeça - apenas bote um pouco de dinheiro aqui, e aplauda no final.

Lenon fez o que ele pedia, pois sabia do que se tratava.

O mágico apontou as cartas para cima, apertando as bordas do maço com os dedos. Deixou as cartas deslizarem pelos dedos e voarem pelo ar como um chafariz. As mesmas contornaram o grupo e formaram um breve redemoinho ao redor deles. Quando o redemoinho cessou e as cartas caíram no chão, eles não estavam mais na praça de Trelivia, mas sim, dentro do que parecia um corredor de um apartamento.

O mágico de rua limpou os ombros com as mãos.

- Aplaudam! - Exclamou - Foi um bom truque. Agora só recolham as cartas do chão, por favor, e me encontrem depois daquela porta. - Apontou para uma porta no fim do corredor.

Crônicas de KarcosaOnde histórias criam vida. Descubra agora