Partonin

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Vin e Aly estavam seguindo um rastro, nas terras de Lenon. Em busca de alguma boa caça que servisse de assado. Aly não queria participar da caçada no início, mas Vinny insistiu.

Vin sabia que seu amigo precisava descansar a cabeça. Se preocupava em proteger o Bardo e seu grupo de Lágrima, em gerenciar Karcosa, na falecida coruja, e em o que poderia ter feito aquilo com ela.

-Vejo algo. - disse Aly - Atrás daquela árvore, parece um veado.

Vin olhou na direção indicada pelo amigo e tensionou o arco.

-Acha que consegue acertar? - Disse Alyoth.

-Vamos descobrir. - Disparou.

A flexa seguiu reta e acertou o tronco do animal em cheio, que caiu no mesmo momento.

-Belo tiro! - Elogiou o amigo.

-Obrigado. Temos bastante carne agora, - se aproximaram do veado - acho que por uns 3 ou 4 dias.

-Não pretendo ficar todo esse tempo.

-O que pensa em fazer Alyoth? - Disse Vin, enquanto se agachava com uma faca na mão, para cortar o couro e retirar as partes desejadas do animal.

-Tenho que descobrir quem é Illith.

-E quanto as outras pessoas que estão na lista de Lágrima? - Perguntou o amigo, partindo o peito do veado.

-Bem, a lista me parece estranha. Tem alguns nomes que não conheço. A maioria não é de habitantes de Karcosa, só o de Bardo e o ex-vereador Frank.

-Não conheçe os outros nomes?

-Sim, alguns. Uns são Northum. Isso que me deixa desconfortável. - pegou uma bolsa, para Vin guardar a carne -Uma de minhas teorias era de que Lágrima era uma assassina contratada pelos Northum, mas agora ela deseja assassiná-los?

-Curioso... - respondeu Vin - Posso dar uma olhada na lista?

-Sim, claro. - Entregou o envelope para Vin, que segurou com a ponta dos dedos ensanguentados.

Analisou o documento por algum tempo.

-Aly. Olhe só! - Disse ele, apontando para um nome na lista. Gaillith Amarton, o documento dizia.

O Regente leu.

-Acha que pode ser esse cara? - Perguntou.

-Illith, Gaillith, me soa parecido. - Respondeu Vin, voltando ao trabalho.

-Não conheço esse nome, mas vou descobrir quem é.

O sol se encontrava no centro do céu. Eles recolheram o máximo de carne que haviam encontrado, e sairam pela mata. Era um lugar fechado por pinheiros e arbustos.

Depois de cerca de 30 minutos caminhando, eles chegaram a casa de Lenon. Bardo estava sentado na área da casa, tocando violão.

-Esse cara me tira a paciência. - Confessou Vin, enquanto mantinham certa distância de Bardo.

-É a natureza dele, Vin. Todos temos nossa própria natureza. - Alyoth decidiu apaziguar.

-A dele é uma natureza desgraçada. - Respondeu, cuspindo no chão.

Se aproximaram de Bardo, ele fazia um solo de violão, parecia um clássico. Interrompeu por um momento.

-Já era hora. Estou com fome.

Vin se calou para não avançar nele. No mesmo momento Lenon chegou na porta.

-Vin, leve a carne lá para dentro, já vou preparar tudo em um segundo. Aly, preciso falar com você. - Disse Lenon.

-Tudo bem. - Se distanciou dos demais para que pudessem conversar.

Foram próximos a uma cerca de arame farpado.

-O que tem em mente Alyoth? A respeito de Gálio? - Perguntou.

-Descobri uma semelhança entre o nome de Gálio falou naquela noite, e um nome da lista de Lágrima. Por que pergunta?

-Pelo que conheço você, sempre tem um plano. Pretende ir atrás dessa pessoa?

-Talvez. Lenon, também tenho uma pergunta. Aquela voz no telefone, tem certeza que era de Gálio? - O Regente estava intrigado com a voz bizarra que falou com ele ao telefone. Não parecia com a de sua coruja.

-Sim, Aly, as coisas são diferentes no mundos dos mortos. - Explicou, se escorando em um palanque próximo. - Olhe só, amigo, não vou poder manter vocês por aqui por mais tempo. Vivo da caça e do cultivo aqui, minha vida é dificil...

Aly interrompeu.

-Não ficaremos por muito tempo, prometo.

-Eu posso acompanha-lo na sua jornada, - disse Lenon - mas minha casa pode não ser mais segura depois de um tempo. Estamos convivendo com coisas que eu não gostaria que soubesse onde moro. Lhe ajudo no que puder, amigo, mas esse lugar não é mais seguro. - Parecia nervoso.

-Você está nervoso? Houve alguma coisa, Lenon?

-Acho bom lhe contar logo. - olhou ao redor - Alguém nos vigiou essa noite. Eu senti. Nas árvores. Algo sabe que vocês estão aqui.

-Lágrima talvez? - Perguntou.

-Não sei, mas de qualquer forma, isso não é bom. - Lenon tinha razão.

Teriam que sair daquele lugar o mais breve possível. Se algum ser os encontrasse, poderiam facilmente serem surpreendidos.

-Sendo assim, vamos almoçar e partir. Caso queira nos acompanhar... - Sugeriu o Regente, pois a ajuda de Lenon seria necessária.

-Eu vou. Não é mais seguro ficar aqui. - estendeu a mão para o Regente - É bom te ver novamente. - cumprimentou o amigo - Vou preparar a carne. Depois vou selar a casa, e partiremos. Mas, para onde vamos afinal?

-Partonin. Tenho de fazer uma visita ao pombo. - Sempre tinha algo em mente.

Crônicas de KarcosaOnde histórias criam vida. Descubra agora