Capítulo 2

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Os óculos escuros protegeram os olhos azuis acinzentados de Ethan quando ele desceu do táxi e enfrentou o castigo do sol forte do meio-dia. Sem aquele objeto divino feito pelo santo dos que sofrem de ressaca, ele estaria em maus lençóis. Não apenas teria uma dor de cabeça dos infernos como também era capaz de colocar o que não tinha no estômago para fora.

Sua mãe ficaria uma fera se ele sujasse o gramado bem cortado dela com seus fluídos.

Os cantos dos lábios do moreno ergueram-se quando imagens da adolescência rodopiou em sua cabeça. Ele já havia passado por maus bocados após passar a noite bebendo. Esconder que não estava bem no dia seguinte era uma das tarefas mais complicadas que enfrentava no dia seguinte... Claro, tirando a vez que acabou vomitando em cima das flores da mãe e teve que limpá-las com cuidado para não matar nenhuma. Se isso acontecesse seria um cara morto ou na melhor das hipóteses, sem bolas.

Bons tempos, apesar das enrascadas que tinha se metido.

Subiu os degraus da varanda com uma passada longa, como sempre fez desde que havia esticado na adolescência. A madeira rangeu sob seu peso e pisada forte, mas não se incomodou. Não era nada que não escutasse durante anos. Empurrou a mochila pra frente do corpo para procurar a chave que deveria estar jogada em algum lugar ali dentro.

Oh, merda! – resmungou.

Havia uma enorme bagunça de roupas que não permitia que Ethan encontrasse nem seu celular, quanto mais uma chave pequena, mesmo assim não desistiu. Mexeu, mexeu e mexeu. Estava prestes a virar todo o conteúdo no chão quando em um solavanco a porta se abriu revelando uma mulher de aproximadamente 45 anos, cabelos castanhos, curtos, mais precisamente na altura do queixo, olhos azuis e estatura baixa, tão baixa que ela tinha que ergue o rosto para fitar o rosto de Ethan, seu filho.

Você sabe o que é receber a mala do filho, mas ele não vir junto? – perguntou Clair cruzando os braços e lançando um olhar irritado para o rapaz.

Oi, mãe. – inclinou-se e beijou a bochecha suave dela – Fiz uma boa viagem, obrigado por perguntar. – disse com um divertido sarcasmo.

Ora, Ethan Turner, não venha com gracinhas para cima de mim! – alterou a voz.

O rapaz encolheu-se.

Jesus, mãe! Não precisa gritar. – resmungou Ethan passando pela mulher afim de buscar a segurança da sala mais escurecida.

E você não precisava ter esquecido sua mãe, mas você o fez mesmo assim. – suspirou teatralmente.

Oh Deus, você às vezes é tão dramática. – ele riu empurrando os óculos escuros para o topo da cabeça – Venha aqui abraçar seu filho mais querido. – brincou abrindo os braços.

Eu deveria deixar você na frustração, garoto. – cutucou o peito dele antes de envolver seus pequenos braços ao redor da cintura dele – Mas sou uma boa mãe.

Você é a melhor mãe. – sussurrou contra os cabelos castanhos dela onde depositou um beijo.

Olha só, o filho pródigo voltou para casa.

Ethan afastou-se da mãe a tempo de ver Josh terminando de descer as escadas. Ele tinha o olhar duro e envelhecido de sempre, apesar de ser mais novo que Noah, os cabelos negros agora estavam cortados mais rentes ao couro cabeludo quase em um estilo militar e as roupas... Bem, essas continuavam as mesmas de cara certinho.

E o engomadinho continua... – Ethan olhou o irmão dos pés a cabeça – Engomadinho.

Josh rolou os olhos.

Mãe, - falou aproximando-se da mulher e dando as costas ao irmão, o ignorando – Hoje não vou chegar cedo. – comunicou.

Mais uma reunião, querido?

Não, vou levar Maggie para jantar.

"Maggie estava na cidade?" Ethan queria gritar, mas tudo o que fez foi manter a expressão mais neutra que conseguia enquanto o coração sambava contra seu peito e cada gota de sangue de seu corpo congelava as veias.

Oh, então ela chegou. – a mulher sorriu. Ela sempre amou aquela pequena tempestade. Maggie era a única garotinha do bairro que colocava seus filhos na linha apesar dela ser mais nova do que eles. Quando ela batia o pé era de seu jeito e acabou. Havia algo nela que os fazia obedecer. Talvez fosse sua doçura quando não estava aborrecida ou talvez fosse porque ela ficava simplesmente adorável quando era tão mandona.

Sim, fui buscá-la hoje pela manhã no aeroporto. – falou olhando o relógio de pulso caro – Preciso ir, tenho muito o que resolver antes do jantar com a Maggie. – inclinou-se e beijou com carinho a bochecha da mãe.

Diga que mandei um olá.

Josh acenou com a cabeça em um movimento lento e altivo antes de seguir para a porta.

Ah. – murmurou o rapaz virando-se – Seja bem vindo, irmão.

Valeu.

Tente não causar problemas, como você sempre faz.

Antes que Ethan pudesse dar uma boa resposta para aquele merdinha metido a gente importante, o rapaz saiu deixando para trás o irmão mais velho furioso. A vontade de Ethan era de ir trás dele, socar seu rostinho bem barbeado e cuspir em sua cara dizendo que ele não era porra nenhuma, que ele deveria baixar aquele narizinho filho da puta.

Nota da autora: A mãe do Ethan é uma graça, né? Eu ri muito enquanto escrevia a cena dos dois.
O que acharam do Josh? Ele pode ser gato, mas... Vocês vão ver ahsuahusahs
Para não perder o costume: Não deixem de você =*

Intenso (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora