Uma Luz Me Salva

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HAZEL POV -

Depois de empurrar Percy delicadamente no Rio Estige (lê-se: jogando brutalmente e quase acertando a espada no meu melhor amigo), me concentrei nos 2 cães infernais na minha frente.
Olhei de lado. Nico abriu buracos no chão, porém os cães na sua frente pularam e jogaram fogo em sua direção. Frank mirava as flechas em lugares não fatais. Me posicionei e ataquei com minha espada, desviei de movimentos bem ágeis dos novos cães infernais. Frank pulou e colou-se nas minhas costas e Nico convocou mais esqueletos. Nos concentramos naqueles dois na minha frente e lutamos.
Defendemos, pulamos, desviamos e atacamos. Houve um momento em que um cão infernal me cercou e quase caio nas águas do Rio Estige, porém Nico me empurrou para longe.
Após algum tempo, meu irmão se cansou e usou seus poderes espirituais nos cães infernais, os quais ficaram confusos.
- Devem estar te confundindo com Hades. Esse poder é absurdo. - Frank disse.
- A hora é agora! - Falei, e com isso saltei em cima de um cão infernal. O mesmo, meio confuso devido ao poder de Nico, acabou andando pra trás e caindo num dos buracos.
Frank empurrou o outro para o mesmo buraco.
Então Nico abriu ainda mais o buraco no chão, fazendo todos os cães infernais ficarem presos a sabe-se lá quantos metros ou quilômetros de profundidade. Meu irmão fechou aquele precipício improvisado e suspirou.
- Finalmente, livres deles. - Ele falou.
- Ué, cadê o Percy? Ainda não pegou o martelo? - Frank perguntou.
- Ele tá mesmo demorando. Vamos ter que esperar. - Falei, olhando para aquelas águas tenebrosas.

PERCY POV -

Dor. Era o que sentia naquele exato momento. Será que era assim? A sensação de se afogar? Irônico: Um filho do deus do mar se afogando.
Eu só conseguia pensar naquelas águas me queimando. Irônico parte 2: Como águas podiam fazer a sensação de estar sendo coberto por chamas?
Me vi caindo nas profundidades daquela dor sem fim. Qual era mesmo a minha missão? Parecia que eu havia comido umas 23 flores-de-lótus. Não conseguia raciocinar.
Me vi perdendo as forças naquele lugar. Será que não era possível um semideus mergulhar duas vezes no Rio Estige? Ali seria o meu fim? Depois de tantas batalhas, tantas guerras, tantos monstros, ciclopes, empousai, medusa, górgonas, deuses, semideuses, titãs, centauros, minotauros, caranguejos mutantes, labirintos, ilhas de Ogígia, acampamentos romanos, depois de perda de memória, cassinos com flores mais viciantes que maconha, Grécia, poodles rosas, depois de ser expulso de 400 escolas, depois de aguentar aqueles professores sem graça na faculdade de biologia, de passar por vários treinamentos pesados, depois de aguentar Annabeth grávida e os nervosismos de ser pai de primeira viagem... Pai...
Fecho os olhos, enjoado e paro de lutar contra aquela dor circulando por todo o meu corpo.
  De repente, sinto a dor se esvaindo.
- Papai... - Ouço alguém chamar.
   Abro os olhos e uma luz em forma de uma criança de aproximadamente 4 anos está na minha frente. Não vejo seu rosto, nem nada. Apenas sua silhueta num brilho imenso. Percebo cachos na menininha. Loiros talvez? Eu não sei, eu mal conseguia enxergar. Com certeza, estava ficando maluco.
- Papai... - ela repetiu. - Você precisa sair daqui! Mamãe precisa de você. Ela tá grávida! - O brilho reluzente falou.
O que? Por que aquela menina estava me chamando de papai?
- Papai, Peter precisa de você! Vá treiná-lo! Tio Quíron falou que ele será um grande semi-semideus... - Ela então parou para pensar - Ou meio-meio sangue... Alguma coisa assim... Só sei que ele será um grande herói, assim como você, papai. Então liberte-se! Saia desse lugar horrível!
- Quem é você? - Consegui perguntar baixo. Mas a menina pareceu não ouvir.
- Papai! ANNABETH! Ela tá esperando. Você prometeu que chegaria antes do Natal! VAI!
    Pareci despertar. Abri os olhos bem e meu corpo já não ardia mais. Era isso o que me segurava neste mundo atualmente. A ideia de ser pai era algo que me fazia extremamente feliz.
 
Flashback On -

Estávamos no Hospital principal de Nova York. No dia pós-parto. Annabeth estava deitada na cama, quieta, e o recém-nascido Peter, o bebê mais lindo que eu havia visto na vida, estava num berço ao lado da cadeira em que eu estava sentado.
- Percy. - Annabeth chamara.
   A olhei.
- O que foi, Annie?
- Parece preocupado. - Ela falou.
   Suspirei. Eu já pensava nisso há uns 2 meses. Que foi quando a ficha caiu: Eu iria ser pai.
- Eu não sei se consigo. - Respondi.
- O quê? - Ela perguntou, sem entender.
- Não sei se consigo fazer isso, Annie. Não sei se vou ser um bom pai. - Respondi, olhando para Peter, que dormia, calmamente, no berço.
- Como assim "não sabe"? - Percy, você é um cara incrível. Seus amigos te amam. Você é um ótimo filho, conselheiro e marido.
  Esfreguei os olhos.
- Eu sei, mas não sei se consigo ser um bom pai. - Falei, me levantando e colocando as mãos na cintura. - Não tive nenhuma base masculina, Annabeth. E, com certeza, não quero um pai como Gabe Cheiroso para o meu filho.
- Isso já te faz um bom pai. - Ela disse. Suspirei, nem dando bola para o que ela havia acabado de falar. - Percy, você tá mesmo preocupado com isso? Meu amor, eu também não tive nenhuma referência feminina. Convivi até os 7 anos com uma madrasta que me odiava e passei o resto da vida treinando no acampamento e matando uns monstros na rua. Também não tive um pai lá muito bom. Mas você tem mãe, Percy. E você sabe o significado de família.
  Me aproximei da cama dela.
- Você também é minha família. - Falei, tocando seu rosto.
- Eu sei. Também sou nova nisso. Vamos nos ajudar e nos tornar ótimos pais, né? - Ela disse.
  Balancei a cabeça concordando.

Flashback off -

E, alguns meses depois, Peter só dormia nos meus braços. E agora Annabeth estava grávida de novo e precisava de mim. A minha base com este mundo era, é e sempre será minha família. Eu ainda tinha muito o que viver e era um sortudo por ter chegado até ali sendo um semideus. Eu não iria morrer naquele lugar. Não iria. A forma da menina finalmente sumiu, pareceu ter percebido que eu havia encontrado o ponto da minha felicidade ou talvez eu só tenha imaginado coisas.
  Vi um ponto meio azulado no fundo do rio e nadei para pegar o martelo de Hefesto.



 

Percabeth: Cupcakes AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora