Pégasos.

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PERCY POV -

Passei alguns minutos tentando falar algo. Tentando, ao menos, entender alguma coisa daquilo tudo. Permaneci estático na porta do chalé de Poseidon encarando a garota que estava na minha frente, alegando ser filha do mesmo deus que eu.
- Oi? Você tá legal? Ei? Ainda está aí? - Miriam Carter abanou a mão na frente do meu rosto. Pisquei duas vezes.
- Fi-filha de Poseidon? Você deve estar brincando. - Consegui falar finalmente.
- Por que todo mundo encara isso como uma polêmica? - Ela questionou.
- Porque é uma polêmica. Como assim? Quantos anos você tem?
- Tenho 16 anos. E você? - Ela perguntou.
- Tenho 26.
- Nossa, 10 anos mais velho que eu. Nem parece!
    Balancei a cabeça, tentando pôr as ideias em ordem. Poseidon tinha quebrado o tratado de não ter filhos entre eles? Escondera uma filha esse tempo todo?
- Como você descobriu que era uma semideusa? - Perguntei.
- Há quase 4 anos atrás um tridente apareceu na minha cabeça. Meu melhor amigo me deu os parabéns por isso. Depois disso tudo ficou muito embaçado.
- Seu melhor amigo?
- É, depois descobri que ele era um... - bateram na porta do chalé.
- Percy? - Alguém chamou atrás da porta.
   Respirei fundo, tentando processar as ideias. Então, girei a maçaneta.
- Grover. - Falei.
- Que empolgação em me ver. - Grover comentou, irônico.
- ... Um sátiro. - Miriam terminou sua frase anterior.
- O nome politicamente correto é homem-bode. - Grover disse.
- Não é ao contrário? - Perguntei.
- Ah, é. - Ele concordou. - Ah, vejo que já conheceu sua irmã.
- Grover, você sabia disso o tempo todo e não me disse nada?
- Lamento, Percy. - Ela  chegou faz uns 2 meses. Tentamos escondê-la ao máximo do mundo exterior. Você só poderia saber quando viesse ao acampamento.
- Mas... - Tentei continuar a conversa, mas fui interrompido.
- Escuta, você precisa ver uma coisa. É rápido. Vamos! - Grover falou e me puxou pelo braço. Miriam seguiu atrás.
- O que é mais importante do que a nossa conversa? - Questionei. - Há muitas coisas que você precisa me explicar, homem-bode.
- Eu sei, Percy, mais tarde. Agora precisamos ir logo antes que você perca o show.
- Que show, Grover? - Miriam perguntou.
- Nem percebi que você estava aí, mulher sereia. Vocês verão.
    Grover nos arrastou até a arena onde uma pequena multidão de semideuses olhavam para cima. Quando vi o que vi, não acreditei:
O tal Jacob, filho de Jason e Piper, e a minha filha, Ally, voavam pelo céu, cada um com um Pégaso diferente. Voavam perfeitamente, com piruetas e movimentos um tanto radicais para crianças de 3-4 anos. Ally ria. Observei Annabeth no meio da multidão, próxima aos seus irmãos, Clarisse e Chris, Travis e Connor. No meio da arena as outras crianças: Peter, James e Mike e Claire; e também outros pégasos, que também pareciam observar os meninos voando.
De longe, dava pra ouvir gritos e risos daqueles dois. Se Ally não estivesse cavalgando o meu velho amigo Blackjack, eu já tinha a tirado de lá imediatamente. Annabeth parecia tensa, observava calada, de braços cruzados.
- Vamos lá, Mike! - James exclamou e correu para perto de um pégaso, que logo se abaixou.
- Impressionante um pégaso gostar de um descendente de Hermes logo de cara. - Grover comentou.
- Eles estão gostando da festa que as crianças estão fazendo com eles. - Falei, percebendo nos pensamentos dos cavalos alados.
   Clarisse se aproximou do pégaso mais selvagem do grupo e passou a mão em sua crina. Colocando sua filha, logo em seguida.
Claire se segurou no pescoço do pégaso e o mesmo levantou vôo devagar.
Agora eram 5 pégasos voando no céu. Apenas 2 - o de Ally e o de James - eram, no mínimo, imprudentes, os fazendo girar ângulos inimagináveis.
Um pégaso forte e castanho se aproximou de Peter e o acariciou com o focinho. Peter colocou a mão na sua fronte e se afastou um pouco. O pégaso girou e abaixou suas costas para Peter alcançar e subir. Peter permaneceu parado, um pouco depois Ally voou muito baixo, rindo. Ele sorriu também e subiu.
O pégaso logo percebeu que o garoto era meu filho, talvez pelo cheiro. E começou a seguir os pégasos de James e Ally. Peter apertou o pescoço do cavalo como se sua vida dependesse disso.
- Peter! - Ally exclamou, quando viu o irmão próximo.
  Eles voaram, mais veloz e então o cavalo de Peter deu a primeira pirueta. Ele conseguiu não cair. Mas sua cara não estava nenhum pouco feliz. Talvez estivesse assustado, porém não falou nada.
O pégaso continuou voando mais alto e mais alto e girou mais uma vez e de novo, e dessa vez Peter se soltou. A multidão gritou, quando percebeu que Peter caía. Meu coração disparou. Ally e James pararam de brincar. Corri e subi em um dos 6 pégasos que ainda sobraram no chão e voei em disparada. Peter estava muito distante. 12 metros do chão, 10, 5... Quando o pégaso chegou próximo a ele eu pulei sem pensar duas vezes. O agarrando e girando o meu corpo. O impacto da queda caiu todo sobre minhas costas e nós permanecemos ali no chão. Peter ainda se agarrava a mim com o rosto escondido no meu peito.
- Peter! - Annabeth se aproximou correndo e se abaixando junto a nós.
  Me sentei, ainda com ele em meus braços. Ele finalmente mostrou seu rosto e ele estava pálido e com um pouco de lágrimas nos olhos.
- Papai... Eu descobri que... tenho medo de voar alto. - Peter disse.
   Annabeth passou a mão em suas costas.
- Tudo bem, meu amor. - Annabeth disse, o tranquilizando.
- Eu sou um fraco, nunca ficarei forte como você.
- Peter, você é inteligente, nada muito bem e é muito ágil. Não se importe com isso agora. Eu também tenho medo de altura, sabia? - Falei.
- Mesmo? - Ele perguntou.
- Mesmo.
- PETER! - Ally corria, em desespero, para perto do irmão. - Você tá bem?
- Tô.
Ela se aproximou do pégaso que quase o matara e pisou em uma de suas patas.
- VOCÊ NÃO VIU QUE ELE TAVA COM MEDO?? - Ela gritou para o pégaso.
- Ally, já chega. - Annie a interrompeu.
Mas, minha filha gritava coisas para o pégaso e se debatia no colo da mãe.
- Não sei a quem sua irmã puxou toda essa revolta. - Comentei com Peter.
- Mas, que bagunça é essa? - Alguém falou, no meio da multidão. Nós olhamos. Minha melhor amiga havia chegado.
Hazel, com uma bolsa pendurada no ombro e Frank estava com o pequeno Thomas em seus braços.
- O Thomas chegou. - Peter falou, por fim, já recuperado do susto.
- Vamos conversar no refeitório. To com fome. - Frank chamou.
- Eu também! - Ally disse, finalmente parando de se debater. Eu sorri.



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