ANNABETH POV -
Três anos se passaram. Acordei com a claridade da janela batendo no meu rosto. Olhei para o relógio da cabeceira - marcavam 7:30 de um ensolarado sábado. Me virei para um Cabeça de Alga dormindo profundamente, com seus cabelos colando na testa. Passamos uma noite incrível, se é que vocês me entendem. Me levantei devagar para não acordá-lo e fui fazer minha higiene matinal, vesti uma roupa e desci até a cozinha. Estava um ótimo dia para sair, então resolvi preparar um café da manhã caprichado para os três amores da minha vida recuperarem suas energias assim que acordassem. Comecei a preparar alguns waffles e liguei a cafeteira, até que fui interrompida por algo (lê-se alguém) puxando meu short.
Olhei pra baixo e me deparei com pequenos olhos cinzas-tempestade me encarando. Era quase inacreditável o quanto ele se parecia com Percy, exceto por esse detalhe. Peter, agora com seus 4 anos, olhava pra mim de um jeito sonolento, ainda trajando o seu pijama azul de peixinhos.
- Bom dia, mamãe. - Ele disse. Era muito inteligente. Sua personalidade era muito parecida com a minha. Ele era um garoto bom em desenho, comportado, estudioso e quieto. Adorava ler (sim, com 4 anos ele já sabe ler melhor que Percy) e era determinado. Detalhe: ele tinha medo de aranhas, ao contrário de Ally (Alice). A única coisa que parecia amedrontá-lo. Claro que ele tinha puxado algumas características de Percy: ele era bem-humorado, gostava de esportes e amava água. Aprendeu a nadar com 2 anos de idade e era muito protetor com sua irmãzinha, assim como Percy era comigo. Gostava de vídeo game e às vezes era meio lerdo, como o pai.
- Oi, meu amor. Isso é hora do senhor está acordado? - Perguntei.
- Perdi o sono. To com fome. - Ah, mas uma coisa que ele puxara do Cabeça de Alga: Sempre estava com fome.
- Novidade. - respondi - Já escovou os dentes? - Ele acenou positivamente com a cabeça. - Então senta aí, que eu já vou te dar um waffle.
Ele fez o que eu disse, escalando a cadeira, até conseguir sentar direito. Peguei a calda de chocolate na geladeira e os pratos no armário.
- O que você quer tomar, Peter? - Perguntei, distraída com os talheres.
- Hum... Você pode fazer chocolatado azul? - Ele pediu. Parei o que estava fazendo por duas coisas: a primeira era que, às vezes, ele se atrapalhava com algumas palavras difíceis e a segunda era AZUL? Como assim? Ele nunca tinha pedido esse tipo de coisa. O Percy só comia doces azuis quando ia pra casa da Sally ou quando a própria fazia os doces aqui em casa pra os netos.
Olhei pra ele, que esfregava os olhos e puxava para si seu copo de coruja.
- Na verdade, se diz "achocolatado", Peter. - Corrigi. - E que história é essa de achocolatado azul?
- Eu não sei, só quero. Eu gosto de azul. - Peter falou, ignorando a correção.
- Mas as comidas e bebidas não são azuis, filho. Apenas os doces da vovó Sally. - Expliquei.
- Tem doce da vovó? - Ele perguntou.
- Não.
- Os waffles são azuis?
- Não, Peter.
- Então posso tomar chocolate azul, pra matar minha vontade?
Suspirei.
- Tá bom. - Me rendi. Dá pra acreditar? Filho de peixe, peixinho é.
Preparei seu achocolatado e usei o corante comestível que Sally usa nos doces que faz quando vem pra cá. Entreguei para ele e apoiei meu braço na sua cadeira. Peter bebeu 3 goles de uma vez só.
Sorri.
- Você está com um bigode azul agora.
Ele riu.
Depois disso terminei de preparar o café e de arrumar as coisas na mesa e me sentei com Peter para comer.
Ouvi alguns passos na sala. Peter também percebeu, pois virou-se para olhar quem chegava. Percy entrou na cozinha, já composto, usando bermuda cor creme, seu relógio esportivo, de costume, uma camisa branca e seu cabelo estava molhado. Meus deuses, ele ficava mais bonito com o cabelo assim, porque ele fazia isso, já que podia simplesmente secar o cabelo com seus poderes? Só podia ser pra me provocar. E ainda vem com aquele sorriso no rosto. O meu sorriso. O preferido.
- Bom dia! - Ele disse.
Peter deu um meio sorriso pra ele, mas não respondeu, pois estava com a boca suja de chocolate e cheia de waffle.
- Bom dia. - Respondi, sorrindo.
Percy bagunçou o cabelo do pequeno e depositou um beijo no topo da sua cabeça, assim como fez comigo. Bom, ele só beijou o topo da minha cabeça, porque, se bagunçasse meu cabelo, não viveria pra contar a história.
Sentou-se ao meu lado e começou a colocar suco no seu copo.
- Você passou no quarto da Ally? - perguntei.
- Passei. Ela não vai acordar tão cedo, eu acho. - Ele pegou um waffle e colocou no prato. - Bom... E ela baba enquanto dorme.
Ri com essa observação.
- Sua filha... - Comentei.
- Eu não babo. - Peter disse, com mais um bigode de achocolatado.
- Graças aos deuses você puxou a sua mãe. - Falei.
- O que é isso no seu rosto? - Percy perguntou ao nosso filho.
- O que? - Ele perguntou, sem entender.
- Achocolatado azul. - Respondi e o olhei com cara de "dá pra acreditar?". Ele apenas sorriu.
Peter percebeu que era disso que seu pai falava e limpou a boca com a língua.
- A gente vai sair hoje? - O pequeno perguntou.
- Claro, aonde quer ir? - Percy perguntou.
Peter deu de ombros.
- Podemos ir ao Central Park. Você falou que queria aprender baseball, lembra? - Perguntei.
- É mesmo! - Ele se empolgou, mas depois sua felicidade se esvaiu. Mas eu não tenho qui.. equi... Eu não tenho coisas pra jogar baseball e não tem quem me ensine, papai não sabe.
- Ei, mas eu sei! - Exclamei. - Seu pai já te ensina basquete. Preciso ensinar alguma coisa que não seja matemática, não é mesmo?
- Tive uma ideia. - Percy disse. A gente vai no shopping, compra os seus equipamentos de baseball e aí Ally e eu também poderemos curtir um pouco o dia com vocês. Mais tarde deixo vocês no Central Park e invento alguma coisa pra fazer com Ally enquanto vocês estão jogando, pode ser? Podemos almoçar lá no shopping, que tal?
Concordamos.
- Já acabei, mamãe! - Peter disse, animado. Ele escorregou da cadeira e começou a correr.
- Peter! - Exclamei. Após alguns segundos, ele colocou a cabeça para dentro da cozinha. - Aonde você vai?
- Tio Quíron me convocou para uma missão impossível! - Ele falou.
Tínhamos levado nossos filhos algumas vezes para o acampamento meio-sangue e eles sabiam sobre tudo: que éramos semideuses e que eles tinham descendência divina, conheciam seus avós deuses e sabiam manter segredo sobre todo nosso mundo mitológico.
- Que missão, Peter? - Percy perguntou.
- Acordar Ally! - E então ele saiu correndo pela casa.
Percy e eu nos entreolhamos e começamos a rir.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Percabeth: Cupcakes Azuis
Fanfic~ CONTINUAÇÃO DE PERCABETH: VIDA DE MEIO SANGUE CASADOS. ~ Uma vida de semideus solteiro é difícil. E, depois de casados, Percy e Annabeth perceberam que a vida continua repleta de monstros e deuses que querem matá-los. Será que poderia complicar ma...