Capítulo 5

6.7K 588 357
                                    

Estou trancada no quarto, quando John começa a bater desesperadamente na porta.

"Não vou a merda de jantar nenhum, John!" — falo.

"Tudo bem... Mas pelo menos abra a porta, Angel." — ouço.

Depois de mais algumas batidas, decido abrir a porta e corro novamente para a cama. Logo, John entra, se senta ao meu lado e diz:

— Angel, me desculpa pelo jeito que falei...

"Você pede desculpas demais, John." — respondo ríspida.

Ele abaixa a cabeça por uns minutos e quando me olha novamente, responde:

— Angelina, eu sou o seu marido. Acha que eu ia querer o seu mal? Não! Se eu falei de sua maquiagem, é pensando no seu bem. Não quero que achem nada da minha mulher por aí.

"Dane-se o que eles acham, John. Deveria se importar com o que eu acho!" — retruco.

"Dane-se Angelina? Você quer que a gente ande por aí e as pessoas fitem você com o olhar pensando em o quanto você está parecendo uma vagabunda? Eu prezo pela tua imagem, você deveria me agradecer!"

Levanto-me da cama e respondo abismada:

— Uma vagabunda por passar uma merda de um batom vermelho? Por passar horas se maquiando para agradar o marido? Tudo pra quê? Pra chegar agora e você me dizer que estou parecendo uma vagabunda.

John se levanta da cama também e grita:

— LARGA DE SER MIMADA, CARALHO! SE QUER ANDAR POR AÍ PARECENDO UMA PROSTITUTA E AINDA SER ELOGIADA, VÁ PARA UMA ESQUINA E ESPERE UM HOMEM QUALQUER PASSAR. TENHO CERTEZA QUE UM "GOSTOSA, QUANTO É A NOITE?" VOCÊ VAI OUVIR!

"NÃO ACREDITO QUE FALOU ISSO!"

"FALEI. FALEI SIM, ANGELINA! ÁS VEZES VOCÊ PRECISA OUVIR UMAS VERDADES."

"Ah é, John? Pois então saiba que até um homem qualquer que passasse na esquina, saberia me valorizar melhor que você." — digo.

Nesse momento, tudo parece parar. Posso ouvir as batidas dos nossos corações e nossas respirações descontroladas.

John me olha perplexo, parecendo não acreditar que falei isso. Para falar a verdade, nem eu acredito. 

Estou com muita raiva.

"Ok, Angelina." — responde depois de muito tempo, saindo do quarto em seguida.

Tranco a porta e me jogo na cama desabando. Choro como uma criança.

Eu odeio ferir as pessoas. Mesmo que eu seja a mais ferida da história, sou sempre a idiota que sofre por ter dito uma besteira para alguém.

Ouço os passos pesados de John e logo depois, escuto a porta bater, o que me diz que ele saiu.

Para onde ele vai essa hora?

Destranco a porta e vou até a sala.

Encontro um bilhete de John na mesa de centro, então leio:

Fique tranquila, não fui a procura de uma mulher qualquer, ao contrário de você, eu reconheço tudo o que você faz por mim.

Vou dormir na casa de meus pais.

"Ótimo. Somos casados e qualquer problema que temos, ele corre para os pais. Incrível!" — falo jogando o papel no chão.

Pego meu celular e ligo para a mãe de John. No terceiro toque, ela atende.

* Ligação on *

Alô?

Senhora Sullivan?

Oi. O que houve?

É que... John está indo para a sua casa e queria te pedir para me ligar quando ele chegar, pode ser? Só para eu conseguir dormir tranquila.

Mas ué... Vocês dormirão separados? O que houve, Angelina?

Deixa que ele te explica, tá bom? Espero sua ligação. Beijos!

Ah, ok... Beijos.

Chamada encerrada.

* Ligação of *

Com o celular ainda na mão, subo novamente para o quarto e retiro o vestido e a maquiagem.

"Ótimo aniversário de um mês..." — sussurro enquanto removo a maquiagem.

Coloco um pijama confortável e me deito na cama esperando pela ligação da senhora Sullivan.

Meia hora depois, meu celular toca.

* Ligação on *

Alô?

Angelina, estou ligando para avisar que John chegou.

Ok, obrigada. Ele está bem?

Não. Está chorando muito. O que você fez?

Não fiz nada. Pergunte a ele.

Ele não choraria por nada. Espero que se divirta aí, sozinha.

Senhora Sullivan... Eu não....

Chamada encerrada.

* Ligação of *

Bufo e jogo o celular longe de mim encarando o teto, até que adormeço.

Quem é você?Onde histórias criam vida. Descubra agora