Capítulo 13

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Com muita dificuldade, pego o celular do chão.

A tela está praticamente toda trincada, mas ainda funciona.

Em prantos, decido ligar para a Lauren que atende imediatamente.

* Ligação on *

Lauren?

Angelina, se for sobre a briga, eu...

Eu preciso conversar. Você pode me buscar?

Claro. Mas, você está chorando? O que houve?

Só vem rápido, por favor.

Chamada encerrada.

* Ligação of *

Depois de quase meia hora, Angelina buzina na frente de minha casa chamando minha atenção.

Com a ajuda de minha muleta, vou até a porta, tranco-a e vou ao encontro de Lauren que me ajuda a entrar no carro.

A vermelhidão em meu rosto e o inchaço de meus olhos entregam o quanto eu estava chorando, então Lauren logo pergunta:

— Angel, o que aconteceu?

— Só vamos para um lugar que possamos conversar, tá? Te conto tudo. - respondo cabisbaixa.

Lauren começa a dirigir e só para quando a gente chega em um parque calmo com pouquíssimas pessoas.

A gente se senta em um banquinho mais afastado e então jogo minha cabeça para trás respirando ar puro.

— O que aconteceu, Angel? - Lauren torna a perguntar.

Olho-a e finalmente desabafo:

— Tem algo errado com John, Lauren.

"Como assim?" — ela pergunta.

Depois de um longo suspiro, eu começo a explicar tudo que vem acontecendo e ao final de minhas palavras, lágrimas começam a rolar por meu rosto.

— Eu não sei o que fazer, Lauren. Ele muda de humor de uma hora para outra. Eu o amo, mas isso está me destruindo. É como estar casada com alguém que não conheço, sabe?

Lauren está de boca aberta. Acho que ela não imaginava um John assim.

"Você precisa acabar com esse casamento enquanto é cedo, Angelina." — Lauren diz me olhando séria.

"Eu não posso, Lauren. Eu não posso!" — falo esfregando minhas mãos em meu rosto.

"Por que? Ele está acabando com sua vida, Angelina. Te afastou da sua família, quer decidir que roupa você tem que usar, te desrespeita, te agride emocionalmente e fisicamente, agora quer afastar você de amigos que tem antes dele e você me diz que não pode terminar com ele? Eu não entendo." — diz gesticulando.

"É como se eu sentisse que eu preciso cuidar dele, Lauren... Eu não sei explicar o que sinto." — tento explicar me entregando ao choro novamente.

"Angel, calma. Me escuta! Antes de qualquer coisa, você precisa cuidar de si mesma. Para de ser tão ingênua, Angelina!" — ela fala segurando minhas mãos.

Abaixo a cabeça e aperto sua mão.

Vejo um grupo de amigos sentados no gramado do parque conversando entre eles. Eles parecem tão felizes.

"Só queria ser como eles..." — falo.

Lauren acompanha o meu olhar e responde:

— Eles escolheram ser felizes assim. Você pode ser como eles.

"Não posso... Na alegria e na tristeza, lembra? Eu prometi, Lauren. Preciso cumprir isso." — falo voltando meu olhar para baixo.

"amando-te, respeitando-te... Esqueceu o restante do juramento, Angelina. RESPEITANDO! JOHN NÃO TE RESPEITA!!!! SE ELE NÃO ESTÁ CUMPRINDO, PORQUE VOCÊ TEM? MANO, NÃO É POSSÍVEL QUE SEJA TÃO IDIOTA!"

Todos do parque nos olham com os gritos de Lauren.

"VOCÊ NÃO ENTENDE! NUNCA ENTENDEU!" — grito de volta pegando minha muleta e me levantando.

Lauren tenta me segurar, mas logo me solta quando eu peço.

Atravesso a rua e chamo um táxi voltando para casa.

Da janela, vejo Lauren com as mãos na cabeça olhando para baixo.

Só queria que ela me entendesse.

"Você está bem, moça?" — pergunta o taxista.

Enchugo as lágrimas e sussurro um "sim".

O motorista é um senhor já de cabelos brancos. Leio seu nome em um cartão de identificação colado no táxi.

Mauro Castilho.

Quando o táxi para em um sinal, o senhor me oferece um lenço, então o agradeço depois de enchugar minhas lágrimas.

"Não deveria chorar assim... Tá vendo essas rugas aqui, moça? São de tanto chorar. Você não vai querer tê-las, né?" — diz me oferecendo um sorriso reconfortante.

Uma risada escapa sem que eu perceba.

Suspiro e respondo:

— Acho que vou ter bastante rugas, então senhor Mauro...

"Acho que dá tempo de mudar esse destino, senhorita." — ele diz me olhando pelo retrovisor.

Sorrio e sussurro para mim mesma:

— Acho que é tarde demais para isso.

O carro para e o taxista me ajuda a descer.

"Quanto deu a corrida?" — pergunto tirando minha carteira.

"Me pague mudando seu destino, moça." — ele responde sorrindo enquanto entra no carro.

Tento impedi-lo, mas ele dá partida me deixando ali. Imóvel.

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