Capítulo 15

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Passamos praticamente o dia inteiro conversando. Eric me contou sobre sua vida e eu fiz o mesmo.

Fiquei feliz de reencontrá-lo e mal posso esperar para conhecer sua noiva. Ficamos de marcar de nos encontrar para que esse encontro aconteça.

Quando está prestes a escurecer, Eric me leva até em casa de carro e assim que estaciona em frente, vejo minha irmã sentada na pequena escada. A mesma parece me esperar por horas e quando vê o carro se aproximar se levanta limpando as mãos na calça.

Suspiro.

"Uau. Aquela é sua irmã... Laura?" — pergunta Eric ao avistar minha irmã.

Ele nunca aprendeu seu nome, apesar de me conhecer a tempos e ter convivido com minha família.

"Lauren. E sim, é ela." — respondo.

Eric comenta sobre o quanto ela está diferente, sobre ela ter mudado o cabelo e também sobre o tempo que não a vê, mas minha cabeça só consegue pensar no estresse que vou ter agora.

Vejo Lauren se aproximando e me despeço rapidamente de Eric:

— Eric, foi ótimo ver você, mas preciso ir. Tenho problemas a resolver, marcamos outro dia, ok?

Dou um beijo em sua bochecha e antes que o mesmo fale qualquer coisa, abro a porta do carro e saio do mesmo.

O carro dá partida e Lauren pergunta:

— Aquele era o Eric? Seu amigo de escola?

Ignoro sua fala e devolvo a pergunta:

— O que faz aqui?

Lauren bufa e revira os olhos dizendo:

— Angelina, eu sou tua irmã, ok? Não sua inimiga.

Sorrio ironica e digo:

— Ah, é? Engraçado, está me tratando como se fosse uma...

Novamente, Lauren revira os olhos e coloca a mão em seu rosto, como sempre faz quando está nervosa. Sempre dissera que isso a impede de ter um ataque de raiva.

"Dá licença, Lauren. Preciso entrar." — digo virando as costas.

Quando estou a uma distância minúscula da porta, ouço Lauren gritar:

— Consegui um horário com uma psicóloga amanhã... Eu queria que você fosse. Conversar sobre John. É no centro da cidade, rua 54, no edíficio Amorim.

Olho-a não acreditando e entro batendo a porta.

Vejo pelo olho mágico, Lauren suspirando de cabeça baixa e se afastando da casa lentamente, até que some ao virar a esquina.

"Então... Conseguiu se levantar sozinha mais cedo?" — pergunta John se aproximando fazendo com que eu me assuste e deixe a muleta cair ao chão.

"Calma, Angel..." — diz com a voz mansa.

Meu coração acelera e minhas pernas ficam trêmulas. É esse o efeito que John tem sobre mim agora e isso dói.

"Não faz nada comigo John, por favor." — peço de olhos fechados.

Sinto seu toque em meu cabelo e me encolho com medo.

"Eu não vou fazer nada com você, Angel. Não vou mais te machucar." — diz beijando minha testa.

Abro o olho sem entender, mas o medo não me deixa falar nada.

"Me desculpe... Eu me descontrolei." — diz pegando minha muleta do chão e me entregando.

Ainda assustada, pego a muleta lentamente de sua mão e o mesmo sorri.

"Vem, te preparei um lanche. Você deve estar com fome." — fala pegando em minha mão e me direcionando até a cozinha.

Droga, Angelina. Fala alguma coisa. Por que não consegue? Sua burra, idiota.

Sento-me na cadeira e devoro todo o sanduíche que John preparou. Estava com fome, não havia comido nada a tarde toda em que estive com Eric.

John tenta puxar assunto de diversas maneiras, mas por algum motivo, não consigo falar. É como se tudo estivesse entalado em minha garganta. De fato, estava.

Assim que acabo de comer, John me oferece sua mão e me leva até o quarto.

Faço minha higiene e me deito sem ainda dizer uma palavra a ele, então o mesmo diz:

— Eu entendo seu silêncio. Te fiz várias coisas e eu mereço isso, mas saiba que vou estar aqui quando quiser falar, tá?

Apenas viro para o lado e coloco meu celular embaixo de meu travesseiro.

Escuto o suspiro de John e depois de alguns minutos, a porta do banheiro bater e só quando ouço o chuveiro sendo ligado que, finalmente, consigo chorar.

As palavras parecem se transformar em lágrimas. É como se o meu coração tão triste dissesse "eu preciso desabafar", mas a minha voz respondesse "eu não consigo mais, estou exausta, lide com isso sozinho" e rapidamente, ele se cala, espera e chora. Encontrou, finalmente, um jeito de desabafar... Ou melhor, desabar.

Meu celular vibra fazendo com que eu o tire do travesseiro e olhe a mensagem recebida.

É de Lauren que diz:

Amanhã. Por favor. Faça isso por você.

Rua 54, no edifício Amorim. Centro da cidade.

Suspiro.

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