Capítulo 18

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"Angel? Você está pálida, Angel. Me responde!" — ouço minha irmã dizer, mas não consigo responder.

O mundo parece estar parado. Ouço e vejo as coisas bem de fundo, mas é como se eu não estivesse aqui.

Como se minha alma tivesse ido para um lugar onde pudesse se acalmar e analisar a situação.

John fez aquilo com Eric?

Por que?

Por que me seguiu até aqui?

Será que seguiu?

Ahhhhh, vou ficar louca com tantas perguntas sem respostas.

"Vem, eu vou te levar até o meu carro. Você não pode dirigir assim!" — diz minha irmã me levando ao seu carro.

Ela está assustada. A cada passo que dá, olha para todos os lados certificando-se de que John já foi embora.

Quando entramos no carro, a única coisa que consigo dizer é:

— Por que ele me seguiu, Lauren?

Lauren me olha assustada e responde:

— Eu não sei, Angel. Mas você irá para a minha casa. Com esse louco, você não dorme mais!

Ela coloca o cinto e dá partida no carro.

Não a contesto.

Não quero mesmo ir para a casa. Não quero olhar nos olhos de John nunca mais.

Tenho medo dele.

***

Viemos o caminho todo sem falar nenhuma palavra. Talvez por medo ou por não saber o que dizer, mas ninguém teve coragem de quebrar o silêncio.

Assim que chegamos na casa de minha irmã, ela me ofereceu água com açúcar. Como se isso fosse me acalmar...

Julinha desceu as escadas e assim que me viu, correu até a mim abraçando-me e dizendo:

— Tia! Saudades. Você quer ver as minhas bonecas novas?

Olhei-a com alegria e respondi:

— Oi Julinha. Daqui a pouco a tia vê, pode ser minha princesa?

Ela diz que sim e logo sai da sala deixando um aviso:

— Mãe, vou lá fora brincar com a Margareth!

Mostro-me curiosa em saber quem é Margareth e minha irmã percebendo, explica:

— É a boneca dela. Ela tem essa mania de nomear todas.

Sorrio fraco e digo:

— Nós também tinhamos essa mania, Lauren. Não a julgue.

Ela sorri e concorda.

Dou um gole em minha água com açúcar e lembro-me de quando eu éramos crianças e comento:

— Lembra quando pegamos a maquiagem da mamãe e maquiamos todas as barbies que tinhamos?

Lauren dá risada e responde:

— Meu Deus, eu lembro! Elas ficaram horríveis e mamãe brigou muito com a gente aquele dia, jurou nunca mais nos presentear com uma daquelas.

Sorrio lembrando-me do dia e brinco:

— E cumprindo com sua palavra, uma semana depois nos deu uma nova.

Minha irmã ri de minha ironia e comenta:

— Como aquele tempo era bom... Nossa única preocupação era brincar bastante e aproveitar todos os brinquedos que a gente tinha.

Concordo com a cabeça e observo a janela, logo, vejo o carro preto que John estava saindo.

Minha expressão muda, e quando estou prestes a falar com Lauren, Julia entra pela sala aos berros com sua boneca, agora sem a cabeça.

"O que aconteceu filha?!" — pergunta Lauren desesperada.

Julinha não consegue responder, apenas chora pela boneca perdida, então pego-a de sua mão e vejo um papelzinho enfiado no pescoço do brinquedo.

Chamo por Lauren e a mesma lê:

— Deveria tomar mais cuidado com a sua filha. Nunca se sabe se perderá um braço, uma perna, ou talvez... Uma cabeça.

Olhamos para a Julinha e engolimos em seco.

"Julinha, você viu quem era?" — pergunto.

Entre lágrimas, minha sobrinha responde:

— Era um palhaço.

Lauren não entende e questiona:

— Palhaço, filha? Mamãe explicou que palhaços não existem.

Julinha bate o pé e diz:

— Era um palhaço sim, mãe. Ele tinha seu rosto pintado e até um nariz vermelho.

"O que mais ele tinha, Julia?" — pergunto assustada.

"Uma faca." — ela responde.

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