Capítulo 35

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Sem munição.

A arma está sem munição.

"DROGA!" — grito.

John solta uma risada alta e ironiza a situação dizendo:

— Pobre Angelina... Ingênua demais. Acha que eu deixaria uma arma com munição assim? Pertinho de você? -ri e aponta o dedo na minha cara- Você é uma imbecil.

Cuspo em sua cara e o mesmo me acerta um chute em minha barriga fazendo-me cair ao chão sentindo uma dor horrível.

"Agora sim. Carregadíssima!" — diz carregando a arma.

Levanto-me rapidamente e o empurro fazendo a arma cair ao chão.

Corro até ela, mas meu cabelo é puxado com força por John que me chinga e diz:

— Não tão fácil, vagabunda!

Mordo sua mão e o mesmo solta um grunido de dor largando meu cabelo.

"Filha da puta!" — chinga.

Tento alcançar a arma, mas ele me joga em uma parede apertando meu pescoço.

"Eu disse que não tão fácil!" — repete.

Chuto sua intimidade e John me solta caindo ao chão com as mãos nela, logo eu grito:

— VOCÊ MERECE MUITO MAIS!

Finalmente, consigo alcançar a arma e aponto-a para ele que ainda agoniza ao chão.

"Vamos... -geme de dor- Faça logo. Atire, Angelina. Você tem a alma tão podre quanto a minha."

"Sim, John! Eu tenho. Tenho porque você a deixou assim." — digo chutando-o.

O mesmo grita e eu completo:

— Você me transformou em um monstro.

Antes que ele pudesse dizer qualquer palavra, puxo o gatilho e acerto uma bala em seu peito.

Jogo-me no chão e coloco a arma ao meu lado. Tudo parece estar em câmera lenta até que John diz:

— Eu te amava, Angelina... Eu te amava de verdade.

Choro e respondo:

— Não, John. Isso não é amor.

"Você irá sentir minha falta agora que está sozinha." — diz agonizando.

"Sozinha? Eu ainda tenho uma família que me ama!" — afirmo me levantando do chão.

"Seus pais vivem em conflito. E a sua irmã... Bom, não está mais entre nós. Assim como a pirralha de sua sobrinha." — ouço e me viro para ele.

"O QUE QUER DIZER COM ISSO?" — grito.

Ele fica em silêncio e eu piso em seu ferimento.

"Elas estão... Mortas. Elas morreram. Meus homens a mataram em frente a delegacia." — entrega antes de ficar inconsciente.

Não...

Não pode ser...

Grito por uma explicação enquanto soco seu peito, mas não adianta. Ele está morto.

John acabou com a minha vida.

Ele matou Eric e agora matou minha irmã e minha sobrinha.

John destruiu mesmo a minha vida.

Jogo-me no chão com a arma em minha mão e lembro-me do dia em que me casei com ele.

"Você tem certeza que quer fazer isso? Dá tempo de correr." — meu pai sussurrou.

"Eu não vou desistir, pai." — respondi de modo firme.

"BURRA!" — grito.

Lembro-me de minha sobrinha e de seus olhares carinhosos sobre mim.

Pobre Julia... Ela não merecia tal destino.

* Lembranças on *

Minha irmã perdeu uma filha ainda no parto antes de ter a Julia. E na vez da Julinha, enfrentou diversas complicações durante sua gestação. Por isso, ficamos aliviados quando minha mãe, correndo pelo enorme corredor do hospital, disse:

— Ela nasceu!

Todos desabamos a chorar e nos abraçamos.

O médico deixou um de cada vez visitar minha irmã e minha sobrinha.

Eu fui a primeira e assim que olhei o rostinho de Julia, paralisei na porta do quarto. Ela era linda, tinha um rosto angelical e naquele momento eu soube que traria muitas alegrias para a família. Seria ela quem uniria meus pais e todo o restante da família. Ela chegou para mudar o rumo das coisas.

"Eu prometo cuidar de você pra sempre, linda Julia!" — falei enquanto a acariciava.

* Lembranças of *

E a minha irmã... Ela tentou me alertar. Ela me aconselhou diversas vezes e pagou o preço por eu não ter a escutado. 

Ela sempre quis me proteger... 

Ela sempre cuidou de mim.

* Lembranças on *

"Eu avisei que não era para andar sem a ajuda de mamãe, Angelina." — disse Lauren enquanto limpava o meu ferimento.

Eu havia caído de bicicleta e ela estava jogando na minha cara que havia me alertado. Mamãe tinha tirado as rodinhas a pouco tempo e ordenou para que não andassemos sem o seu auxílio.

"Desculpa, Lauren. Eu não sabia que isso aconteceria." — desculpei-me chorando.

Ela limpou as minhas lágrimas e disse sorrindo:

— Calma, já passou. Você errou, mas espero que tenha aprendido e que a partir de agora me escute mais.

Abracei-a e brinquei:

— Você e sua mania de ser sempre super-hiper-mega protetora...

"Quem ama protege. Eu te amo muito, você é minha irmã e o que eu puder fazer para te manter bem sempre, eu farei!" — disse.

* Lembranças of *

Elas morreram por minha culpa...

Ouço sirenes de polícia chegando e só consigo pensar que não mereço viver. Não mereço porque por minha causa, pessoas boas e inocentes perderam a vida. Como encararia meus pais? Eles que tanto me avisaram... Como explicaria para a noiva de Eric que ele morreu por minha causa? Como continuaria minha vida sem as pessoas mais importantes pra mim?

Eu não conseguiria.

"PARADO!" — gritou um policial chutando a porta.

Levantei-me com a arma em mãos e disse:

— Não se preocupe, senhor policial. Ele está morto.

"Ele morreu?" — perguntou.

"Sim, ele morreu e agora que vocês chegaram, eu posso descansar também." — respondo.

Aponto a arma para a minha cabeça; penso em Lauren, Eric e em Julia.

"Senhorita, não faça..." — ouço e atiro.

Toda minha história passou pela minha cabeça em câmera lenta.

Por um minuto, me sinto feliz e aliviada.

Eu, finalmente, acabei com meu sofrimento e poderei me encontrar com as pessoas que eu amo.

Minha alma outrora aflita, agora descansará.

Fecho meus olhos e sinto me tocarem por alguns segundos antes de perder totalmente a consciência.

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