Sem munição.
A arma está sem munição.
"DROGA!" — grito.
John solta uma risada alta e ironiza a situação dizendo:
— Pobre Angelina... Ingênua demais. Acha que eu deixaria uma arma com munição assim? Pertinho de você? -ri e aponta o dedo na minha cara- Você é uma imbecil.
Cuspo em sua cara e o mesmo me acerta um chute em minha barriga fazendo-me cair ao chão sentindo uma dor horrível.
"Agora sim. Carregadíssima!" — diz carregando a arma.
Levanto-me rapidamente e o empurro fazendo a arma cair ao chão.
Corro até ela, mas meu cabelo é puxado com força por John que me chinga e diz:
— Não tão fácil, vagabunda!
Mordo sua mão e o mesmo solta um grunido de dor largando meu cabelo.
"Filha da puta!" — chinga.
Tento alcançar a arma, mas ele me joga em uma parede apertando meu pescoço.
"Eu disse que não tão fácil!" — repete.
Chuto sua intimidade e John me solta caindo ao chão com as mãos nela, logo eu grito:
— VOCÊ MERECE MUITO MAIS!
Finalmente, consigo alcançar a arma e aponto-a para ele que ainda agoniza ao chão.
"Vamos... -geme de dor- Faça logo. Atire, Angelina. Você tem a alma tão podre quanto a minha."
"Sim, John! Eu tenho. Tenho porque você a deixou assim." — digo chutando-o.
O mesmo grita e eu completo:
— Você me transformou em um monstro.
Antes que ele pudesse dizer qualquer palavra, puxo o gatilho e acerto uma bala em seu peito.
Jogo-me no chão e coloco a arma ao meu lado. Tudo parece estar em câmera lenta até que John diz:
— Eu te amava, Angelina... Eu te amava de verdade.
Choro e respondo:
— Não, John. Isso não é amor.
"Você irá sentir minha falta agora que está sozinha." — diz agonizando.
"Sozinha? Eu ainda tenho uma família que me ama!" — afirmo me levantando do chão.
"Seus pais vivem em conflito. E a sua irmã... Bom, não está mais entre nós. Assim como a pirralha de sua sobrinha." — ouço e me viro para ele.
"O QUE QUER DIZER COM ISSO?" — grito.
Ele fica em silêncio e eu piso em seu ferimento.
"Elas estão... Mortas. Elas morreram. Meus homens a mataram em frente a delegacia." — entrega antes de ficar inconsciente.
Não...
Não pode ser...
Grito por uma explicação enquanto soco seu peito, mas não adianta. Ele está morto.
John acabou com a minha vida.
Ele matou Eric e agora matou minha irmã e minha sobrinha.
John destruiu mesmo a minha vida.
Jogo-me no chão com a arma em minha mão e lembro-me do dia em que me casei com ele.
"Você tem certeza que quer fazer isso? Dá tempo de correr." — meu pai sussurrou.
"Eu não vou desistir, pai." — respondi de modo firme.
"BURRA!" — grito.
Lembro-me de minha sobrinha e de seus olhares carinhosos sobre mim.
Pobre Julia... Ela não merecia tal destino.
* Lembranças on *
Minha irmã perdeu uma filha ainda no parto antes de ter a Julia. E na vez da Julinha, enfrentou diversas complicações durante sua gestação. Por isso, ficamos aliviados quando minha mãe, correndo pelo enorme corredor do hospital, disse:
— Ela nasceu!
Todos desabamos a chorar e nos abraçamos.
O médico deixou um de cada vez visitar minha irmã e minha sobrinha.
Eu fui a primeira e assim que olhei o rostinho de Julia, paralisei na porta do quarto. Ela era linda, tinha um rosto angelical e naquele momento eu soube que traria muitas alegrias para a família. Seria ela quem uniria meus pais e todo o restante da família. Ela chegou para mudar o rumo das coisas.
"Eu prometo cuidar de você pra sempre, linda Julia!" — falei enquanto a acariciava.
* Lembranças of *
E a minha irmã... Ela tentou me alertar. Ela me aconselhou diversas vezes e pagou o preço por eu não ter a escutado.
Ela sempre quis me proteger...
Ela sempre cuidou de mim.
* Lembranças on *
"Eu avisei que não era para andar sem a ajuda de mamãe, Angelina." — disse Lauren enquanto limpava o meu ferimento.
Eu havia caído de bicicleta e ela estava jogando na minha cara que havia me alertado. Mamãe tinha tirado as rodinhas a pouco tempo e ordenou para que não andassemos sem o seu auxílio.
"Desculpa, Lauren. Eu não sabia que isso aconteceria." — desculpei-me chorando.
Ela limpou as minhas lágrimas e disse sorrindo:
— Calma, já passou. Você errou, mas espero que tenha aprendido e que a partir de agora me escute mais.
Abracei-a e brinquei:
— Você e sua mania de ser sempre super-hiper-mega protetora...
"Quem ama protege. Eu te amo muito, você é minha irmã e o que eu puder fazer para te manter bem sempre, eu farei!" — disse.
* Lembranças of *
Elas morreram por minha culpa...
Ouço sirenes de polícia chegando e só consigo pensar que não mereço viver. Não mereço porque por minha causa, pessoas boas e inocentes perderam a vida. Como encararia meus pais? Eles que tanto me avisaram... Como explicaria para a noiva de Eric que ele morreu por minha causa? Como continuaria minha vida sem as pessoas mais importantes pra mim?
Eu não conseguiria.
"PARADO!" — gritou um policial chutando a porta.
Levantei-me com a arma em mãos e disse:
— Não se preocupe, senhor policial. Ele está morto.
"Ele morreu?" — perguntou.
"Sim, ele morreu e agora que vocês chegaram, eu posso descansar também." — respondo.
Aponto a arma para a minha cabeça; penso em Lauren, Eric e em Julia.
"Senhorita, não faça..." — ouço e atiro.
Toda minha história passou pela minha cabeça em câmera lenta.
Por um minuto, me sinto feliz e aliviada.
Eu, finalmente, acabei com meu sofrimento e poderei me encontrar com as pessoas que eu amo.
Minha alma outrora aflita, agora descansará.
Fecho meus olhos e sinto me tocarem por alguns segundos antes de perder totalmente a consciência.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quem é você?
Mystery / ThrillerEle me chamava de princesa, mas o meu vestido precisou ser substituído por calças, mesmo em dias calorosos. Precisei abrir mão de minhas maquiagens também, pois o meu batom vermelho passava uma imagem ruim sobre a minha pessoa e as sombras que eu pa...