John me leva para fora do hospital em uma cadeira de rodas para facilitar o caminho, já que seria um pouco difícil andar com a perna engessada.
Assim que a luz do sol bate contra meu rosto, suspiro aliviada por finalmente sair daquele quarto de hospital. Não aguentava mais as vozes misturadas, os choros que eu escutava de famílias preocupadas e tristes. Não aguentava mais aquela comida com gosto de nada. A única coisa boa era a enfermeira que sempre entrava com um sorriso que me confortava como se fossemos amigas intimas, daquelas que fortalecem uma a outra, sabe?
Só quero o conforto da minha casa agora, poder comer a minha comida, deitar no meu sofá... Um paraíso comparado a tudo que vivi aqui no hospital.
Minha mãe e minha irmã não vieram me esperar com sorrisos nos rostos como eu esperava, mas tudo bem, né? Minha vida nunca ocorreu do jeito que eu esperava mesmo...
"Deixei o carro em casa. Vamos ter que ir de táxi, espero que não se importe princesa." — diz John fazendo com que eu aviste um taxista vindo até nós, provavelmente para me ajudar a entrar no carro.
Sussurro um "tudo bem" e com a ajuda dos dois, entro no carro e o taxista dá a partida.
As ruas estão movimentadas e está um trânsito infernal o que claramente emburrece o taxista que resmunga toda hora.
"Você está bem?" — pergunta-me John.
Assinto com a cabeça e o mesmo suspira. Talvez porque esperava mais do que isso.
***
Depois de meia hora, chegamos em casa e John me ajuda a entrar.
"Finalmente!" — falo em voz alta com um sorriso no rosto.
John me oferece uma muleta para me ajudar em minha locomoção e eu aceito já indo direto ao quarto.
Deito-me em minha cama e olhando para o teto branco me permito relaxar.
"Será que posso entrar?" — diz John.
Olho para a porta e vejo seu rosto parecendo implorar, então respondo:
— Sim, claro que pode.
Ele entra e se senta ao meu lado meio desajeitado.
"Qual é, John? Ainda somos marido e mulher. Só brigamos. Por favor, não comece a agir como um robô." — falo um pouco irritada com o seu jeito.
Ele sorri e se ajeita na cama, puxando minha cabeça para o seu colo.
Se tem uma coisa que eu não resisto é carinho no meu cabelo. Pode ser considerada uma fraqueza minha, ou sei lá o que, só sei que quando John começa a acariciar fio por fio do meu cabelo, fecho os olhos e deixo um sorriso escapar.
"Não tem sido fácil, né Angel?" — escuto ainda de olhos fechados.
"Não tenho te dado a melhor vida a dois..." — completa com a voz manhosa.
Abro meus olhos e me assusto ao ver uma lágrima rolar pelo rosto de John.
Não que isso seja ruim. Não mesmo. Mas é que ele nunca foi do tipo de chorar, sabe? Essa deve ser a segunda vez que vejo isso.
Sento-me na cama e olho para ele sem entender sua atitude.
"Eu não sei o que você acha da gente agora... Me dói imaginar isso." — diz de cabeça baixa.
"Você só tem que parar de ser tão bipolar, John. Às vezes eu não consigo entender você." — falo sincera.
"Eu sei, não exijo isso de você, pois nem eu me entendo." — diz tentando olhar em meus olhos.
Acho que mereço um troféu de mais trouxa do mundo, porque quando vejo John assim sinto vontade de abraça-lo, então apenas faço e o mesmo começa a chorar em meu ombro.
"Eu não sei o que fazer para te deixar bem, Angel." — sussurra entre soluços.
Eu só sei sussurrar "calma, está tudo bem" e acaricia-lo.
Não sei outro jeito de reagir.
***
OI MEUS LEITOREEEEES!!!!
Vou deixar um spoiller: que os jogos comecem hahahaha
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Quem é você?
Misterio / SuspensoEle me chamava de princesa, mas o meu vestido precisou ser substituído por calças, mesmo em dias calorosos. Precisei abrir mão de minhas maquiagens também, pois o meu batom vermelho passava uma imagem ruim sobre a minha pessoa e as sombras que eu pa...