2Almas 1Coração (5/Romance/fantasia)

Capítulo 5 - Floresta

Dorian...

5 horas e ela não para de voar, só fez pequenas pausas e estou começando a ficar com fome e frio. Ela para e agradeço. Me sento em um tronco e tiro algo para comer da bolsa. Estamos em outra floresta, bem longe de tudo que conheço, a temperatura está muito abaixo do que estou acostumado e parece que vai chover.

Pego um casaco de moletom e coloco por baixo da jaqueta, isso vai ajudar um pouco. Acabo de comer e encho minha garrafa de água no rio. Olho para ela, na outra margem, bem mais a vontade que eu, o anjo pega água no rio e ajeita algumas coisas.

Fecho os olhos e respiro fundo, tentando sentir o cheiro de canela, mas não o sinto, só lembro de seus olhos castanhos claros, de uma alma dourada, ela é um anjo forte sem dúvida, mas algo me prendeu naqueles olhos e não sei ao certo o que, parecia que ela havia me desmascarado e que sabe quem sou, levantei e sai o mais rápido que consegui, pela sua reação acho que não descobriu minha real forma, mas foi por pouco, muito pouco.

Ela se move, parece começar a partir de novo, mas um trovão a faz parar e dois segundos depois chuva. Me escondo debaixo de uma árvore, acho que ela fez o mesmo.

Finalmente parou, estou um pouco molhado, mas só um pouco. Vôo, mas não encontro ela. Aproximo-me do local onde estava e nada, nem sinal que um dia estava ali e se deixou sinal a chuva fez questão de apagar.

Resolvo andar e a poucos metros a encontro com um coelho no colo, ela alisa o bichinho e solta, ele corre em minha direção, saio do caminho e vejo o animal correr pela mata, ele daria um ótimo assado, pena que estou sem tempo.

Andamos por aquela floresta horas e a noite já caiu, ela ainda não parou e a chuva resolveu cair de volta, agora acompanhada de vento.

- Sua louca. – digo a vendo voar. – Esse anjo não bate bem da cabeça.

Ela voa perto da copas, a visão é ruim, não consigo nem ver um palmo à minha frente. Sinto uma batida forte, perco o equilíbrio e caio no chão rolando em um pequeno morro, meu corpo todo é atingido por pedras e raízes, fora o objeto não identificado que rola comigo morro a baixo.

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Agatha...

Depois de girar morro a baixo, com algo que me atingiu, sinto que meu corpo parou, respiro fundo e tiro a lama do rosto, afinal, caí dentro de um corregozinho. Estou toda suja, molhada e dolorida.

Tento ficar de pé, me apoiando em uma árvore, a lama pinga no chão e a chuva faz ela sair mais rápido de mim. Tento mexer minhas asas, mas uma pontada forte nela me faz rugir de dor, devo tê la machucado.

Olho para os lados e então o vejo, um jovem, homem de no máximo 25 anos, esticado no chão, cheio de lama, assim como eu, a chuva lava um pouco, dando para ver suas asas negras e vermelhas. Me aproximo e ele resmunga, está vivo.

Ele consegue se virar de barriga para cima, a chuva lava seu rosto e reconheço, é o jovem do hotel. Me aproximo mais, mas escorrego e caio em cima dele.

Ele abre os olhos rápido e me lança para o chão, segurando suas mãos nos meus braços.

- Me largue. – digo me debatendo e encontro seus olhos, ele me solta devagar e me afasto, mas não levanto.

- Você está toda cheia de lama. – ele diz rindo.

- Você também. – ele para de rir e se olha.

- Só um pouco, nada que a chuva não lave.

- O que aconteceu?

- Não sei, quando vi bati em algo... acho que foi você. – ele diz encontrando meus olhos.

- Isso não cheira coincidências.

- A opinião é sua, não vou discutir com isso. – ele tenta ficar de pé, mas grita de dor e se senta.

- O que foi?

- Meu pé. – ele diz segundo a perna.

- Deixa eu ver. – digo já com a mão em seu pé, ele grita.

- Parece quebrado.

- Sério? Eu não havia reparado. – ele revira os olhos, que cara chato, fico de pé.

- Onde vai? – ele diz quase gritando.

- Embora. – digo dando as costas, não preciso perder meu tempo com esse ser.

- É culpa sua meu pé estar quebrado, deveria me ajudar.

- Não ajudo demônios. – digo vendo sua fase de surpresa, até parece que eu não iria notar.

- Você é um anjo, tem o dever de ajudar.

- Ninguém vai ver se deixar você ai.

- Acredita mesmo nisso. – reviro os olhos.

- Por que não voa?

- Adoraria muito, se você não tivesse caído em cima de mim e machucado minha asa, eu voaria.

Volto a me aproximar, a chuva ainda esta forte e por mais que ele seja um demônio, eu parei de repente no meio da tempestade.

- Mas o que o senhor fazia voando em uma chuva dessas?

- A mesma coisa que você.

Demônios são seres irritantes na maioria das vezes. Eu realmente não deveria ajudar e algo me diz que o ser que estava me seguindo era ele, mas a curiosidade é maior e se ajudá-lo, posso ter certeza se realmente é ele me seguindo e suas reais intenções. E tem mais algo me faz querer ajudá-lo, isso é estranho, por que ele não foi nada educado até agora, pior é que sei que vou me arrepender.

- Tudo bem. – digo por fim e o ajudo a ficar de pé. – Mas se comporte, se não eu acabo o serviço. – ele ignora o que digo e passa seu braço sobre os meus ombros.

- Vai ter que me ajudar também.. machuquei a asa.

- Tudo bem. – ele diz e me ajuda a movimentá-lo. Temos que sair da chuva.