Capítulo 27.1 - Curando as feridas

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Dorian...

Acordei agarrado a Agatha e aquele cheiro de canela que só ela tem. Respirei fundo e levanto da cama com cuidado, não quero acordá-la. Seu rosto esta com hematomas, algumas manchas roxas, mas acredito que logo desaparece, parece dormir tranquila e seus lábios formam um pequeno sorriso.

Desvio meu olhar dela e resolvo comer alguma coisa, sinto meu estômago reclamar sobre falta de alimento.

Desço e faço um bom café, afinal estou com sono ainda, sento na cadeira a frente da mesa e começo a comer alguma coisa que encontrei em minha bolsa.

Agatha desce as escadas com cara de sono.

- Bom dia. – ela diz esfregando com a mão os olhos. Estava com a mesma roupa que dormirá. Uma camisa de malha limpa e calças, Agatha diz que sou teimoso, mas alguém levantou durante a noite e trocou de roupa.

- Bom dia. – Digo com um sorriso. Ela se aproxima e me beija de leve nos lábios roubando minha xícara de café.

- Ei. – digo em protesto.

- Esta muito bom. – ela diz e se senta na cadeira a minha frente. Pego outra xícara que esta na mesa e me sirvo novamente de café, considerei aquela perdida.

- Claro que esta.. fui eu quem preparou.

- Convencido, poderia ter colocado mais canela. – revirei os olhos, colocando a xícara de café a boca. – Brincadeira. – ela diz com um sorriso sapeca. – Agora me conte o que queria conversar comigo.

- Tenho uma proposta para fazer. – digo me ajeitando na cadeira e Agatha torce a boca. – Eu preciso do livro preto, ajudo a procurar e em troca você deixa que ele fique um tempo comigo.

- Eu sabia que você estava aprontando algo... por quanto tempo?

- 1 ano e 11 dias.

- Por que um número tão quebrado, não poderia ser 1 ano?

- Não... precisa ser 1 ano e 11 dias... gosto de números quebrados. – Essa data também seria um pouco antes de entregar o livro para mamãe, teria alguns dias de segurança, ela não desconfiaria também.

- Que garantias me dá que devolverá o livro?

- Tem a minha palavra, sou um príncipe de palavra e te dou mais uma garantia.. não farei mal algum aos céus, não atacarei contra os anjos, só se eles começarem.

Agatha coloca os cotovelos em cima da mesa e apóia a cabeça nas mãos. – O que você pretende fazer com o livro durante esse ano?

- Ser o governador do inferno. – Ela ri alto. – O que foi?

- Acha mesmo que sua mãe vai deixar você governar?

- Sim... ela deu a palavra.

- Não confiaria nela se fosse você.

- Por que diz isso? – cruzo os braços contra o peito.

- Simples. – ela leva a xícara de café a boca, toma alguns goles e deixá ela vazia sobre a mesa. – Ela é um demônio.

- Isso é preconceito de sua parte.

- Vou argumentar melhor... ela sempre faz algo para ganhar outra coisa em troca, ela não te deixará comandar o inferno, vai deixar você brincar por alguns meses e quando perceber estará com a espada cruzada contra o peito.

- Ela não faria isso. – digo arregalando os olhos, tentando me convencer que Agatha esta errada.

- Quer apostar?, dou 6 meses no máximo para ela te atacar... ainda mais se começar a defender o céus, como diz que vai fazer.

Desvio meus olhos dela e encaro a xícara de café a minha frente. Fiquei aborrecido, ela não esta toda errada.

- Prometo me cuidar. – digo votando a encarar seus olhos. – Temos um acordo?

- Vou pensar. – ela diz com um sorriso divertido e desfaz rápido me encarando. – Não quero ser a responsável por sua morte. – estende a mão sobre a mesa, fazendo sinal para pegar nela, Agatha consegue me desarmar com esse simples gesto, respiro fundo e seguro em sua mão. – Dorian. – ela olha dentro dos meus olhos. – Eu não me perdoaria se fosse eu a responsável por sua morte, é estranho, mas sinto um afeto muito grande por você.

- Agatha, eu não vou me machucar, sei me cuidar. – acaricio sua mão com meus dedos.

- Nathan disse que eu ensinei você a... – ela não conclui a frase, só me encara com aqueles olhos castanhos.

- O que ele disse? O que você ensinou a mim?

- Nada. – ela diz e solta minha mão. – Eu não ensinei nada, mas se você morrer a culpa será minha, eu o deixo fraco.

- Mentira. – digo de pé. – Você não me deixa fraco, nunca estive tão forte. – ela se levanta e me encara.

- Tem certeza?

- Esta dizendo que sou fraco, só por que eu não consigo..

- Bater em mim. – ela conclui a frase. – Nunca disse isso, você não bate em mim porque não quer, por que sabe que isso é errado, por que me...

- Por que, o que Agatha?

- Por nada. – Ela abaixa a cabeça e lágrimas caem. Dou a volta na mesa e a abraço forte. – Por que me salvou? - ela diz em meio ao choro.

- Por que você é importante para mim. – digo e forço ela a olhar para mim. – Não sei como você fez isso, mas se tornou muito importante para mim, se algo acontecer com você, eu nunca me perdoaria. – beijo de leve seu rosto, tentando secar com os beijos às lágrimas que caem. – Você até conseguiu fazer um demônio chorar. – digo sorrindo de lado.

- Você também é importante para mim.. por isso preciso pensar. - confirmo com a cabeça e a envolvo melhor em meus braços.   

2Almas 1Coração (5/Romance/fantasia)Onde histórias criam vida. Descubra agora