Capítulo 19 - Noite em Londres.

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Agatha...

Caminhamos até o hotel antes de começar a aproveitar a noite, Dorian parecia ansioso, cogitou até a ideia de não levarmos as armas junto, mas como eu não ando na terra desarmada, guardei elas na bolsa e coloquei uma adaga dentro de cada bota que usava, assim se caso precisa-se era rápido pegar. Já Dorian deixou a espada presa na bainha.

Resolvemos agir como humanos comuns que estão só aproveitando a noite e saímos do hotel caminhando lado a lado como duas pessoas que se conheciam, mas Dorian logo pegou em minha mão e não fiz esforço para afastá-lo, seu toque me fazia confirmar que ele ainda estava ao meu lado, ou ele estava com medo que eu fugi-se.

- Dorian, posso perguntar uma coisa? – digo o olhando de lado, ele confirma com a cabeça. – Por que quando você está com as asas escondidas eu as não vejo, mas quando está todo invisível eu vejo?

- Deve ser erro de fabricação. – ele brinca, fazendo eu sorrir para ele – Não sei explicar por que isso acontece, sempre foi assim e com esse detalhe consigo enganar anjos e demônios, pois me passo como humano, pois se eu quiser esconder as armas também consigo, como estou fazendo agora. – ele coloca a mão na cintura e a espada fica visível, não me surpreendo por que já sabia que estava ali, ele retira a mão e ela desaparece.

Caminhamos mais um pouco e ele para na frente de um restaurante, com aspecto rústico, no meio daquele ambiente moderno na rua, se destacava por sua exclusividade.

- Já veio a Londres? – ele pergunta.

- Sim faz anos, naquele tempo mulheres usavam grandes vestidos e não havia carros, eram carroças puxadas por belos cavalos, os homens eram legítimos cavalheiros e as mulheres eram chamadas de damas. Só o fato de poder encostar na mão de uma dama era o mesmo que dormir com ela hoje. Bem talvez não tanto, mas quase isso. – digo sorrindo de lado e Dorian ri e solta minha mão.

- Não vou encostar em você. – ele diz. Pisco várias vezes para compreender. – Você mesmo disse que só o fato de encostar em uma dama era como levar para a cama, estamos em público mileide, acho que isso não é uma coisa apropriada a fazer, mas se estivéssemos em um quarto, eu me encostaria em você mais do que tomar em sua mão.

- Dorian. – dou um tapa leve no seu ombro e começamos a rir. – Não estamos mais naquele século.

- Eu sei. Queria ver sua reação. Você realmente é velha.

- Falou o mais recém demônio. – digo cruzando os braços.

- Comparado a você eu sou um bebê. – Dorian coloca o dedo na boca e começa a chupá-lo, como se fosse um bico. Balanço a cabeça negativamente, mas rindo das palhaçadas de Dorian. Entro no restaurante, com um sorriso no rosto, ele vem logo atrás.

Escolhemos uma mesa mais afastada, no fundo, o ambiente era acolhedor e logo veio uma garrafa de vinho que Dorian havia pedido.

- Então senhor Dorian, vem muito a Londres? – digo colocando os cotovelos na mesa e apoiando a cabeça nas mãos, esperando ele acabar de bebericar seu vinho.

- Não muito, acho que faz uns três anos que não venho aqui. – ele diz entretido. - A última vez vai ficar para a história. – diz com os olhos longe, se lembrando de algo que aconteceu.

- Me conte? – fiquei curiosa. Ele arregala os olhos.

- Não é uma história muito animadora.

- Por que não?

- Digamos que acabou eu machucado e a moça morta.

- Como? – levo um susto.

- Um outro demônio resolveu se meter no meio de meus assuntos, mas vou logo avisando, eu não matei a moça, foi ele. – Dorian diz e pega sua taça para beber mais um pouco, faço o mesmo.

- Está muito bom. – digo analisando o gosto do vinho na minha boca.

- Ele é quase tão velho quanto você.

- Se não parar de fazer piadinhas comigo sobre minha idade, irá levar uma surra. - digo um pouco irritada.

- Adoraria apanhar de você. - ele pisca para mim.

- Pensando por esse lado, não vou bater em você.

- Por que?

- Por que sentiria prazer.

- Isso foi cruel. – ele diz tentando se manter sério. Mudo de assunto.

- Tenho cara de velha? – ele me analisa por alguns minutos.

- Não, parece mais nova do que eu, juventude pura. – ele levanta a taça. – um brinde a juventude de Agatha. – começo a rir e ele bebe do vinho, tentando não se afogar no meio do riso.

2Almas 1Coração (5/Romance/fantasia)Onde histórias criam vida. Descubra agora