Capítulo 21 - Melhor coisa a se fazer

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Agatha...

De tanto chorar acabo adormecendo, os lençóis tem o cheiro dele, o perfume amadeirado com o leve toque de canela e acordo chamando seu nome.

Dorian se foi, digo a mim mesmo, ele traiu a minha confiança, como pude achar que um demônio poderia ser de confiança?, sou uma tola e o pior de tudo, é que estava gostando realmente dele, estava não, ainda gosto, não é tão simples tirar alguém de sua vida, ou melhor de seu coração. Não Agatha, ele não esta em seu coração ou está?

O que não entendo é por que ele foi pegar este caderno só agora, ele tinha muitas outras oportunidades. Mas uma coisa ele não esperava, não iria conseguir abrir o caderno, ele tem um encantamento que só eu consigo abri-lo, a foto, no entanto, era maior que o caderno, assim era fácil de puxá-la para fora. Mas por que ele fez isso se eu iria revelar para ele as pistas e iríamos atrás do livro juntos, não faz sentido.

- Agatha acorde, você é burra ou o que? – digo em voz alta. Ele iria trair sua confiança mais cedo ou tarde, ele só queria o livro, a aproximação de vocês foi apenas um joguinho dele. Cai direitinho e achar que um dia ele iria se interessar por mim. - Grande coisa, vocês não poderiam ficar juntos mesmo.

Me viro na cama e encontro a camisa dele jogada no chão, deve ter a esqueci, ele estava com ela durante a noite, estico o braço para pega-la e a cheiro, aquele perfume, o perfume único de Dorian invade minhas narinas e sinto vontade de chorar.

- Por que estou assim?... ele é um demônio. – falo comigo mesmo. Dobro a camisa com cuidado e guardo dentro da bolsa, deveria jogá-la fora, mas sei que não vou conseguir fazer isso.

- Foco Agatha... vamos encontrar o livro, chega de chorar por Dorian. – digo de forma encorajadora. Mas a vontade mesmo era de voltar para o céu e tentar esquecer que isso tudo aconteceu algum dia.

Sabe de uma coisa, eu vou voltar, estou tempo demais aqui, preciso pensar com calma e analisar bem as pistas. Voltar para casa vai ajudar a esquecer Dorian e vai me deixar mais em paz. Por que duvido muito que ele não ira me seguir, assim voltando consigo despistá-lo melhor, não quero ver a sua cara tão cedo.

❧❧ ❧❧ ❧❧

Dorian...

Espero Agatha sair do hotel, mas não vejo ninguém ao redor que pareça suspeito. Estou do outro lado da rua, encostado em um poste, disfarçado de humano, roubei umas roupas, chapéu e óculos escuro, arrumei um cigarro e finjo que estou fumando, mas eu os detesto, só o cheiro me faz ter crise de tosse. Jogo aquela porcaria no chão e piso em cima para apagar, meu estômago já esta doendo de tanto tossir, que ideia idiota eu tive.

Ela esta saindo do Hotel, meu coração acelera, sinto vontade de correr e abraçá-la, dizer que não fui eu, que não tinha nada a ver com o sumiço do caderno, mas ela não vai acreditar em mim.

Sigo-a de muito longe, sentindo um aperto no peito a cada passo ou melhor, a cada bater de asas, quando percebo que ela esta indo para o céu.

Corro para alcançá-la, ela não pode abandonar a missão, ela não pode me deixar. A entrada para o céu é como as outras, estão espalhadas pelas florestas, já as entradas para o inferno estão nos cemitérios.

- Agatha. – digo ofegante agarrando seu pulso. Ela me olha triste. – Não vai.

- Dorian. – ela olha minha mão e repousa sua outra mão sobre a minha. Empurra-me para um canto mais discreto da floresta, ali as árvores são altas e é quase impossível de ver o céu azul.

- Não vai. – digo novamente a olhando nos olhos.

- Eu preciso ir. – ela diz desviando seu olhar. – Preciso colocar meu coração em ordem.

- Me desculpe, mas não fui eu, eu juro. – digo segurando seu rosto, forçado ela olhar para mim.

- Dorian. – vejo uma lagrima escorrer em seu rosto. – Gostaria de acreditar em você, mas eu não consigo.

- Eu sei que anjos podem ver mais que humanos, você não vê que não estou mentindo, por que eu faria isso?

- Você quer o livro preto, você estava só me usando.

- Não... eu nunca usaria você, não posso negar que não pensei nisso, mas isso era antes de te conhecer, quando te vi, eu senti algo diferente.

- Chega de mentiras Dorian... tenho que ir. – ela se afasta de mim, mas sou rápido e seguro seu pulso, a jogo contra a árvore e a beijo com vontade, ela bate em meus ombros em protesto, mas aos poucos seus socos cessão e ela se entrega ao beijo, aperta firme minha nuca e a puxo mais para perto.

- Você não deveria ter feito isso. – ela diz afastando nossas bocas, mas sua voz sai trêmula e baixa.

- Vou provar para você que não fui eu. – digo e dou um selinho, ela me empurra para longe olhando uma última vez nos meus olhos, vejo que esta chorando, passa o braço para secar as lágrimas e sai sem dizer mais nada.

Me apoio na árvore colocando a mão sobre o rosto, passo ela pelos cabelos e grito de raiva, que até os pássaros nas copas das árvores se assustam e saem voando de forma desesperadora. - Quando eu pegar aquele desgraçado.

Fecho os olhos e lembro de seu último olhar, o que vi foi mais que um simples choro, foi como se tivesse a machucado, ferido sua alma, ela me olhava com pena e dor, tristeza e amor, como se eu fosse o pior ser do mundo, mas que ela ainda tinha esperanças, tinha algo que ainda a dizia que eu não tinha culpa do que aconteceu, mas Agatha não queria acreditar, ela não podia acreditar que eu era inocente.  

2Almas 1Coração (5/Romance/fantasia)Onde histórias criam vida. Descubra agora