Capítulo 39 - Mudança de planos

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Agatha...

Era só o que me faltava, a quatro dias dizia que me amava, agora envia Defunto para dizer que a majestade vai promover um baile para ele encontrar uma rainha, há mas eu o pego e vou cortar fora aquele negócio que ele carrega entre as pernas. Ainda tem a ousadia de escrever te amo no final da carta.

Viro para o lado na cama e choro mais um pouco, estou com raiva dele, raiva de tudo, maldita hora que ajudei aquele demônio, sabia que iria me arrepender, entreguei meu coração a ele e é assim que ele me trata. Como um brinquedinho que usou e agora não quer mais, daí simplesmente joga fora. Demônios são todos iguais e pensar que eu achei que Dorian fosse diferente.

Recebi a carta e voei para a terra na mesma hora, precisava de paz e sossego e mesmo tendo meu quarto lá, não queria chorar por um demônio nele.

Defunto me seguiu e não saiu do meu lado, parecia um cão de guarda, por fim desisti de mandá-lo embora.

- Dorian ainda vai me procurar, ele vai ter o que merece. – digo com raiva e soco o travesseiro com força, as lágrimas no meu rosto não param de cair, como se conseguisse arrancar todo o amor que sinto por ele, mas sei que por mais que às lágrimas caiam, meu amor por ele não cairá.

❧❧ ❧❧ ❧❧

Dorian...

Sigo rápido para o local, mas paro de repente e analiso a situação, se a majestade sabe quem é Agatha, deve estar só esperando ela descer do céu, mas por que não a atacou ainda? Talvez ela queria o livro primeiro, preciso falar com Agatha, mas é bom eu verificar se ela não esta sendo vigiada antes de me aproximar.

Olho em volta e escuto murmúrios, dois demônios estão de tocaia olhando para a cabana, não penso duas vezes e os dois caem mortos no chão, procuro mais um pouco e esta tudo limpo, era só eles mesmo, provavelmente estavam esperando ordens para atacar.

Abro a porta com cuidado e Agatha esta deitada na cama, parece dormir. Me aproximo e Defunto me olha de canto, parece dizer: o que você aprontou dessa vez?, ele vira a cara quando o ignoro, eu não fiz nada ou fiz?

Chegou ao lado do meu anjo, dorme com a respiração acelerada e o rosto esta vermelho, parecendo que chorou, fico triste e a abraço. Ela acorda e me joga com força contra a parede, apontando sua espada contra uma região delicada.

- O que faz aqui? Por que não esta com a sua futura rainha? – ela diz com deboche e nojo na voz.

- Do que está falando? – fico confuso.

- Vai se fazer de inocente e negar tudo que escreveu.

- Claro que não, eu disse que mamãe queria me arrumar uma esposa, mas quem eu quero é você. – procurei seus olhos e disse sério, ela gargalha alto.

- Está com problemas de memória Dorian.

- Como? – estou muito confuso. – Juro que não fiz nada. – ela solta o ar com força.

- Terei que ler o que me escreveu?

- Gostaria. – cruzo os braços e Agatha abaixa a espada para ler.

- "Queria Agatha". – ela lê. – "Estou lhe escrevendo para informar pessoalmente que vou me casar com um demônio dentro de poucas horas, desculpe ser direto com essas palavras, mas como sei que não podemos ter nenhum tipo de relação, eu resolvi tomar essa decisão, saiba que ainda te amo. P. Dorian".

- O que? – eu grito e arranco a carta de sua mão. – Eu nunca escrevi isso.. eu escrevi que mamãe esta promovendo um baile para tentar achar uma rainha para mim, coisa que não vai acontecer, por que eu te amo e não se preocupe eu não vou me casar com ninguém além de você. Ainda escrevi que estava com saudades e mais umas coisas.

- Mas a letra na carta é sua... olhe.. é igual. – ela aponta para o papel, eu o amasso e jogo com força no chão.

- Agora mesmo que vou matar mamãe. – digo com raiva. – Aquela coisa, como ela ousa fazer isso. – passo a mão nos cabelos, Agatha olha para mim com raiva.

- O que você tem a dizer sobre sua defesa? – ela diz cruzando os braços, depois de colocar a espada na bainha.

- Que eu te amo. – ela torce a boca. – Agatha pelo amor. – Jogo as mãos para cima. – Acredita mesmo que estou com outra depois de tudo que passamos, depois de tudo que fizemos juntos, eu nunca mentiria para você, eu pedi que confiasse em mim. – digo em súplica. – É tão difícil assim.

Ela desfaz os braços cruzados e olha para o chão, me aproximo e seguro seu queixo.

- Agatha. – faço ela olhar nos meus olhos. – Acha mesmo que se eu estivesse me casando agora estaria aqui com você, nessa cabana no fim do mundo, com as mesmas roupas que estava na festa chata, sem nenhum tipo de suprimento ou armas, apenas a espada. Defunto saio do inferno hoje mais cedo, logo que mamãe me contou, eu não queria que você ouvisse a história por mas línguas e distorcida, então enviei a carta para que você não ficasse assim.

Ela abre a boca para falar, mas fecha sem dizer nada, parece que a barreira de proteção que criou para me atacar esta caindo, ela sabe que digo a verdade, por que eu mentiria para ela?. Então seus olhos param em meu pescoço.

- O que é isso? – ela dá um passo para trás.

- Longa história. Se você prometer não surtar eu conto.

- Me traiu com alguma vagabunda foi?

- Claro que não, se acalma que eu conto tudo, mas não demora para se acalmar, por que não tempos muito tempo. – ela olha confusa para mim. Acabo de descobrir que Agatha é um anjo muito mais ciumento do que eu pensava.

- Por que não temos muito tempo?

- Mamãe descobriu sobre você, contratou um demônio para me seduzir, coisa que foi inútil, daí ela me mordeu, achando que eu iria gostar, que nada, eu fiquei puto da cara, como ia explicar isso a você. – aponto para o meu pescoço. – A inteligência tentou pegar o livro e se queimou. – dou uma risada ao lembrar.

- Qualquer um sabe que isso acontece. – ela diz entediada, mas acho que gostou de saber que o demônio se machucou.

- Fiz ela confessar e me contou que mamãe estava por trás, que descobriu sobre nós e quer nossas cabeças, disse que vai nos torturar.

Ela me olha assustada.

- Sai correndo depois de matá-la, há e só para constar, tinha dois demônios te vigiando lá fora, não se preocupa, matei também. – ela arregala os olhos. – Que foi?, eu que não ia deixá-los vivos. – dou de ombros.

- Pois bem Agatha. – a encaro. – mudança de planos. – retiro o livro, pego sua mão e coloco sobre ela.

- O que você...

- Fique com ele e o guarde em um lugar seguro, vou te levar até a entrada do céu em segurança, não venha para a terra em hipótese nenhuma, lá eles não vão te encontrar e fico mais tranqüilo.

- Enquanto a você?

- Não se preocupe comigo. – digo a encarando sério.

- Não me preocupar. – ela joga as mãos para o alto. – Acha mesmo que vou voltar para o céu com o livro, sabendo que você pode ser morto.

- A morte às vezes é a melhor opção. – digo desviando de seus olhos.

- Não vou perder você, se te pegarem eu vou junto.

-Agatha. – seguro com as mãos firmes em seus braços. – Ele não vão me matar, a morte não é nada, comparado com o que eles vão fazer... ficaria feliz em morrer sabendo que você esta salva. – Agatha começa a chorar.

-Você acha mesmo que estarei segura no céu?

- Como? – agora estou confuso.

- Se eles descobrirem que eu tenho um caso com você, eu também não estarei em uma boa situação, eles vão tirar meu poder e vou cair, isso seria a mais leve das punições, se não fosse o fato de limparem toda a minha memória, eu nunca vou lembrar que um dia te conheci. – ela diz colocando a mão sobre o rosto e a abraço. Fico abraçado com ela até cessar suas lágrimas e ela dormir.

2Almas 1Coração (5/Romance/fantasia)Onde histórias criam vida. Descubra agora