Capítulo 18 - Catedral

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Agatha...

Acordo nos braços de Dorian, ele esta dormindo esticado na cama e minha cabeça repousa sobre seu peito nu, consigo sentir sua respiração calma, passo a mão sobre seu peito, arranhando de leve com as minhas unhas, brinco de fazer círculos e sentir sua pele contra meus dedos.

O beijo da noite anterior vem a tona e paro de acariciar meu príncipe, não, ele não é meu e nunca será, sinto ainda seus lábios sobre minha boca e pele, seu toque urgente e preciso, a sensação de estar a vida toda esperando esse único beijo e agora a tristeza em ouvir sua voz dizendo que não iria fazer mais tal coisa. Por que não segui em frente?, por medo, não é tão simples assim, sou um anjo, ele um demônio, mesmo que eu queira, sei que não ficaremos juntos. Estava me negando todo esse tempo o que eu realmente sentia por Dorian, suspiro profundamente, acho que o amo.

Me movimento e olho seu belo rosto, como eu me deixei cair nas graças de um demônio, mas o mais triste é saber que talvez ele nunca possa me amar, que ele nunca me ame de verdade. Se realmente me amar algum dia, será o primeiro demônio que terá realmente um coração.

- Bom dia. – Dorian diz vendo que eu estou o observando dormir.

- Bom dia. – digo sorrindo fraco.

- O que foi? – desvio o rosto com sua pergunta e começo a levantar, não quero me justificar. Ele segura minha mão, fazendo eu voltar. – Está brava comigo?

- Não, estava só pensando. – digo sem olhar em seus olhos.

- Pensando no que? – ele segura meu queixo, fazendo eu olhar em seus olhos.

- Em nós. – digo fraco, ele me envolve em seus braços.

- Eu não deveria. – ele diz.

- Se arrepende? – digo me soltando de seus braços.

- Só em ver seu rosto de tristeza ao acordar, sim eu me arrependo. – ele desvia o olhar. – Por mais que tenha gostado.

Sinto que meu rosto esquenta e saio da cama antes mesmo dele dizer mais alguma coisa. Me tranco no banheiro e sinto as lágrimas escorrerem, não por ele disser que esta arrependido, mas sim, por saber que se preocupa comigo, um demônio se preocupa comigo, mas não é um demônio qualquer, é o príncipe do inferno.

Depois de um tempo, jogo água no meu rosto e saio do banheiro, o quarto está vazio, ele saio, foi embora?. Fico triste e recolho minhas coisas, desço e vou até o restaurante do hotel.

Paro na porta e o vejo, sentado, já tomando seu café, pego algo para comer e sendo na mesa ao lado da sua, ficando de costas, igual da primeira vez. Ele se vira.

- Agatha. – ele diz serio.

- Diga.- me viro para olhá-lo.

- Fiz algo tão ruim assim, que até não quer sentar comigo para tomar café da manhã?

- Não... eu achei que... – ele se levanta e troca de mesa.

- Achou que? – ele pergunta levando a xícara de café a boca, sorrio.

- Que você não queria falar comigo. - Bem não era exatamente isso, acho que senti vergonha de mim mesmo e não queria ter que encarar seus olhos.

- Que absurdo, só achei que queria ficar um tempo sozinha, assim como eu. – ele devolve a xícara na mesa e pega minha mão, não diz nada, só me olha da forma mais profunda que existe e acaricia de leve minha mão. Parece querer dizer algo, mas as palavras não saem de sua boca, também queria dizer muitas coisas, mas às vezes o silêncio fala mais que as próprias palavras.

❧❧ ❧❧ ❧❧

Dorian...

Caminho ao lado de Agatha, mas não estou a tocando ou coisa do tipo, estamos andando como duas pessoas que se conhecem, mas não são muito íntimas. Ela para e analiso o lugar.

- É aqui. – digo apontando para a grande igreja a nossa frente.

- Sim.. Catedral de Notre-Dame. – ela diz contente.

- Tá tirando uma com a minha cara? – digo a olhando. – Como o livro foi parar ai dentro?

- Não faço a menor ideia, só sei que o encontraram aí... A catedral é muito antiga, começou a ser construída por volta do ano 1163, mas já havia outras construções religiosas no local.

- Que coisa mais velha, como isso ainda esta de pé?

- Os humanos costumam restaurar, então isso ajuda a preservar. – dou alguns passos.

- Alguém deve ter colocado o livro ali?

- Talvez, mas isso não importa, vamos entrar, tenho que olhar o local.

- Vamos uma vírgula, você vai. – digo apontando para Agatha. – Eu que não vou entrar ai, quer me matar. – digo cruzando os braços, ela arregala os olhos.

- Desculpe. – diz se aproximando.- Eu não.. – coloco o dedo em sua boca, fazendo ela se calar.

- Não precisa dizer nada, entre lá e veja se acha algo, eu procuro aqui fora. – ela confirma e entra na catedral

Começo a voar ao redor e encaro aqueles bichos feios no topo das torres, parecem com os cães do inferno, só que esses são mais bonitinhos. Olho bem ao redor, jardim e detalhes da construção, mesmo sem poder tocar, sinto a energia do lugar, um pé lá dentro e puff, já era Dorian.

Sento no banco a frente da catedral, lembro do rosto de Agatha me analisando ao acordar, ela parecia perdida nos pensamentos e a vontade de tocar seus lábios era algo que precisei enfrentar, ela correu para o banheiro e sai para tomar café.

Estou confuso em relação ao que sinto por ela, nunca senti algo tão forte, como sinto quando estamos juntos e quando estou longe sinto um vazio no peito.

❧❧ ❧❧ ❧❧

Agatha...

Estou a horas aqui e nada, bem, para não dizer que nada encontrei, achei escondido no local onde o livro vermelho estava um desenho, parece ter sido feito a lápis e a pessoa não era tão talentosa, mas dava para ver o que ele havia desenhado, uma montanha tão grande, que até neve havia sobre seu topo, a impressão que dava era que ia tocar o céu.

Coloco o papel na bolsa e saio, esta escuro, será que passou tanto tempo assim?. A barriga ronca, estou com fome, mas me esqueço disso quando vejo Dorian, caminhar como um verdadeiro príncipe a minha direção.

- Encontrou algo?

- Talvez e você?

- Nada. – ele nega com a cabeça. – O que encontrou?

- Já conto, primeiro quero comer. – digo passando a mão sobre a barriga, Dorian ri.

- Madame. – ele estende o braço, que aceito e começamos a andar.

- Onde vamos meu príncipe? – ele me olha e sorri de lado.

- Estamos em Londres, aonde desejas ir?

- Aonde tem comida boa. – digo e rimos.

- Eu já até sei o que iremos fazer. – ele me joga um sorriso safado, aposto que está planejando algo interessante. Deixo ele me conduzir.

- Favor tirar uma noite de folga. – ele conclui.

- Vamos. – digo e rimos mais um pouco.

2Almas 1Coração (5/Romance/fantasia)Onde histórias criam vida. Descubra agora