Capítulo 4

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Chego à escola e Charlie está me esperando no portão de entrada.

— Me conta tudo! — ela vem direto para cima de mim toda entusiasmada.

— Calma, amiga! Vou contar.

— Conta, conta, conta... — ela diz quase que em desespero enquanto vamos pelo corredor.

— Ele me beijou. — digo.

Com o entusiasmo dela comecei a surtar junto e demos uns gritinhos de alegria. Quando olho pra frente, dou de cara com o boy magia, mas não era Raian, era o professor Rodrigo e ele parece me repreender com o olhar. Charlie olha pra mim e ri em um volume menor.
Vamos pra sala e ao chegarmos, a nossa secretária, Liliane, entra e diz:

— Jhulyane Marinho, compareça a sala da direção, agora.

Olho pra Charlie e ela faz uma cara de "não faço a mínima ideia do que está acontecendo". Saio e vou até lá. No corredor, encontro Raian. Ele me abraça e me lança um beijo no pescoço. Não digo nada, nem ele. Apenas seguimos para nossos destinos. Por um segundo me pergunto se o que aconteceu ontem tem a ver com isso.

Chego à diretoria e a Senhora Velma diz:

— Jhuly, esta sexta-feira teremos a primeira reunião do Conselho Estudantil e você deve estar presente. Você será dispensada da aula e virá direto para cá. É só isso! — finaliza. Com certeza não precisava dessa cerimônia toda.

— Sim, senhora! Com licença!

Saio, quando de repente, já do lado de fora, sinto uma mão segurar meu braço.

— Senhorita Marinho — gelo na hora. Essa voz eu poderia reconhecer em qualquer lugar.

— Sim, professor Rodrigo! — respondo fingindo não estar nervosa.

— Preciso ter uma conversa com você! — diz ele olhando diretamente nos meus olhos.

— Cla.. Claro! Pode ser depois da aula? — pergunto. 

— Está certo! — ele responde — Estarei na sala dos professores.

Assenti e voltei para a aula.
Ao tocar o sinal e a professora se retirar da sala, Charlie me pergunta o que houve e explico. Falo inclusive do professor.

— Olhaaaa, quem não pegava nem gripe, tá pegando todo mundo. — brinca

— Boba! — rimos juntas.

Raian se aproxima.

— Oi, meninas!

— Oi! — respondemos juntas.

— Jhu, podemos ir juntos pra casa hoje? — ele pergunta.

— Não vai dá. — respondo — Tenho alguns compromissos depois da escola. Desculpe!

— Sem problemas! — ele responde — Haverão muitas oportunidades.

Ele se despede e sai. Charlie já começa a problematizar.

— Já vi que esse professorzinho vai ser um  empecilho nos seus romances. — retruca. 

— Só porque ele me chamou para uma conversa? — Questiono. — Essa gente inventa cada coisa.

— Mas por mim tudo bem, aliás, ele é um professor muito gostoso mesmo.

Rimos disso e voltamos para a aula.

*****

Quando finalmente acabam todos os tempos de aula, me despeço de Charlie e vou direto para a sala dos professores e lá estávamos nós: sozinhos. O lado sujo dos meus pensamentos chegou a cogitar se era então algo calculado.

— Sente-se, por favor! — ele diz e o faço. — Bom, você, ao que me informaram, é uma das melhores alunas desse colégio.

— Bem, é o que dizem. — respondo.

— Olhei seu histórico e o que dizem é verdade. Gostaria, então, de lhe propor um acordo. — anuncia.

— E qual seria? — pergunto curiosa. 

— Você me ajuda com as turmas de reforço e em compensação, você ganha um título a mais no seu livro do ano, no caso, de monitora de disciplina. Na verdade, é algo que todos os professores estão realizando, escolhi você pelo motivo já citado.

Eu realmente não me importava com os títulos pois já tinha muitos, mas só o fato de estar ao lado do meu admirado Prof., já fazia eu me sentir recompensada.

— Tudo bem, e como funciona? 

— Funcionará às segundas e sextas-feiras, às 15h. — explica.

— Só existe um problema. — aponto.

— E qual seria?

— Resido longe do colégio e essa logística de ida e volta me atrapalharia bastante, comprometeria meus outros afazeres.

— Nesse caso, caso aceite, posso lhe buscar e diminuir esse inconveniente. Ainda de posse da sua documentação, vejo que posso fazer um percurso por essa área onde você mora, já que sempre tenho assuntos para resolver por ali, e trazer você, se seus pais permitirem. — propõe e me parece tentador.

— Está bem! — digo — Sem mais. —  Até amanhã, querido professor! — Falo sinuosa, ao que não me responde, apenas me observa.

Levanto e saio me sentindo a "poderosa". Finalmente terei esse homem mais perto.
Chego em casa, descanso e mais tarde coloco as atividades em dia. Mais do que nunca quero ser destaque na turma.

Estou ansiosa pra que chegue amanhã!

Meu querido professorOnde histórias criam vida. Descubra agora