Capítulo 26

7K 352 14
                                    

Depois do fracasso do dia de ontem, decido investir um pouco em mim. Não permitirei que dois babacas gozem da minha cara. Me programo para que em minha própria companhia, eu desça até a praia e tome um solzinho. Não tenho muitas opções de biquíni, mas acabo optando por este:

 Não tenho muitas opções de biquíni, mas acabo optando por este:

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Coloco uma saída de banho, óculos escuros, pego uma bolsa de praia e coloco o protetor solar, celular, algum dinheiro e estou pronta. Desço e antes de chegar até a porta, a campainha toca. Atendo:

— Você esqueceu isso. — era Rodrigo. Ele me entrega um molho de chaves, que não me recordo em que momento o larguei.

Apesar da surpresa em vê-lo em minha porta, continuo completamente irritada, não só pelo que me fez passar, mas por estar sendo safado com outra mulher também. 

— Obrigada! — pego as chaves de sua mão e lhe dou uma cortada — Agora, se você me da licença, eu estou de saída. — percebo que me analisa dos pés a cabeça.

— Por que está vestida desse jeito? — ele pergunta. 

— É porque estou indo a uma ópera.

— Eu sei que vai à praia, mas precisa ir exposta desse jeito? — ele pergunta. 

— Ah, me desculpe, vou ali colocar um moletom e ir... O que que há, hein? Vai cuidar da sua vida, esquece que eu existo.

— Se você quer assim... — ele diz e se retira.

Eu queria chorar, mas não me permitiria mais tal abuso. Continuei meus planos de descer até a praia, a única que havia por ali. Ao chegar, alugo uma cadeira de praia e um guarda-sol, passo protetor e fico de frente para as ondas, tentando me desligar de tudo. A praia é pequena e não é difícil encontrar conhecidos por ali, mas simplesmente ignoro qualquer pessoa que esteja por lá.

De repente, uma sombra se projeta sobre mim. Levanto os olhos e não podia ser. Me levanto da cadeira e começo a soltar as pragas.

— Escuta aqui, será que você não tem um pingo de vergonha na cara? Me deixa em paz, por Deus, ou faço um escândalo. — Me dirijo a Rodrigo que mais uma vez me pega de surpresa.

— Faça, vou dizer que nem te conheço. — ele debocha da minha situação.

Sento novamente na cadeira e cruzo meus braços sobre os seios. Ele se agacha e tenta me convencer de algo.

— Jhuly, eu sei como a situação de ontem te machucou, mas eu preciso conversar com você.

— No retorno das aulas, agora, deixa eu aproveitar as minhas férias.

— Prometo que é a última vez que te peço. Considere, por favor. — ele pede.

Penso por alguns instantes e...

— Pode falar. — digo.

— Vem comigo, por favor.

— Para onde? — pergunto.

— Só vem.

A essa altura, já estava tudo perdido mesmo. Me levanto e sigo ele. Caminhamos em silêncio até um cais que fica logo ali. Ele me conduz até uma das lanchas que ficam ali disponíveis para aluguel, acerta algo com algum rapaz e em pouco tempo, estamos zarpando.

— Não podia perder a oportunidade de falar com você e estar do seu lado em uma oportunidade tão rara como essa. — ele diz.

— Não tente me comprar com a sua lábia. Diga o que deseja.

— Acho que preciso ser franco com você. Desde o momento que te vi, te desejei como um louco. Tentei me manter distante, mas isso ia ficando mais difícil a cada dia. Então, tive a brilhante ideia de te trazer para a monitoria, mesmo sabendo que sozinho eu daria conta. Fui me envolvendo mais e percebendo que além de linda, você tem um potencial imenso para cativar e conquistar o que deseja. Ao ver você se dedicando a novos projetos, criei a consciência de que talvez eu fosse te atrapalhar e foi nesse espaço de tempo que a Patrícia apareceu e eu fui arrumando um jeito para que eu não interferisse na sua vida. — desabafa.

— Você está de sacanagem com a minha cara? Olha para mim! Você não quis interferir na minha vida me deixando mal, para baixo, fazendo eu me sentir rejeitada e as piores coisas? Sua atitude foi covarde e para mim, isso não justifica. Qual a dificuldade de ter sentado e conversado comigo? — a discussão vem braba.

— Eu não podia olhar nos seus olhos e dizer que não dava mais, eu simplesmente não conseguiria. — diz.

— Rodrigo, por que é tão difícil para você termos algo juntos? — pergunto de uma vez.

— Jhuly, você ainda é muito nova e não pode se prender a um cara como eu, que já viveu muitas coisas. 

— E só agora que você percebeu que eu sou muito nova? — minha indignação é imensa.

— Não. Eu sempre te disse que era muito perigoso, por conta da sua idade, do colégio, da minha relação com você, de professor e aluna. Isso é muito mais sério do que você pode imaginar. Juro que não pedi para que fosse assim, mas não consegui e não consigo ficar longe de você. Com a Patrícia, qualquer suspeita sobre nós seria infundada. Fiz isso pensando em você também.

Meus olhos transbordam de lágrimas, realmente eu sou muito azarada.

— Odeio te ver assim, me sinto horrível. — ele diz e tenta me acalmar nos seus braços.

— Então, toda essa conversa é para dizer que você não pode fazer nada e que vamos continuar assim? — pergunto.

— Isso não é o que eu quero. — ele diz olhando em meus olhos.

— Pois trate de arrumar essa bagunça se ainda quiser me ver, eu não sou seu brinquedo, muito menos me prestaria a ser sua amante. Apenas me procure se um dia você não tiver compromisso e se houver a possibilidade de ter uma relação séria comigo. Até lá, fique distante de mim. Eu entendo a sua preocupação, que é sempre em torno de você mesmo, mas se é assim, não vai haver mais nada, nem mesmo escondido.

A lancha encosta novamente no cais, já havia passado uma hora desde que saímos. Junto minhas coisas, olho para ele pela última vez e saio em silêncio. Pego o primeiro táxi que avisto e vou para casa. Foi sem dúvida a conversa mais dura que já tivemos, mas tinha que ser desse jeito.

Meu querido professorOnde histórias criam vida. Descubra agora