Capítulo 18

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A semana foi corrida, mas passou voando! Trabalhos, provas e os ensaios. O cansaço me toma, mas me sinto bem. Hoje é sexta-feira. Já começam os preparativos para o início do campeonato intercolegial, nossa primeira disputa é justamente contra o colégio da Cléo, que feliz em poder vê-la. Por sorte, os ensaios ocorrem pela parte da manhã, no horário que corresponde as práticas de educação física, deixando minhas tardes vagas.

Hoje, eu teria um compromisso com Rodrigo, mas não sei se ainda me solicitaria já que a "estagiária e futura professora" está sendo tão eficiente. No entanto, resolvi me arrumar, caso ele aparecesse. É, mores, a hora passa e ele não vem. Fico irritada, afinal, disse que faltaria um único dia e ele não me dispensou das tarefas das próximas aulas. Saio fritando nesse sol de 15h00 em direção a escola.

Chego e olho para o estacionamento: sim! O carro dele está lá. Penso na melhor abordagem e decido agir naturalmente, pois só estava cumprindo com o meu papel. Chego lá e a porta está fechada e isso me fez explodir internamente. Bato à porta tão forte que levantaria até um morto. Quem abre é ela!

— Pois não!? — ela pergunta, parecendo uma serviçal.

— Quero falar com Rodrigo! — sou curta e grossa.

— Você é aluna?

— Sim, sou!

— Então você deveria perguntar por seu professor e não por Rodrigo, se é que me entende! — ela dá a patada.

— Mas que petulância, você vai chamar ou não? — pergunto ríspida.

— Irei chamá-lo, mas duvido que ele te atenda. Ele não gosta de ser interrompido — ela responde e entra, cretina, safada.

Em poucos segundos, ele aparece e surpreso.

— Jhuly... — ele pronuncia espantado.

— Nervoso, professor? — peito mesmo.

— Eu não sabia que viria, eu...

— "Eu te tirei você do seu cargo e coloquei essa periguete com a qual eu tenho um caso". Era isso que você ia falar? — digo após o ter interrompido.

— Jhully, por Deus, as coisas não são como você estão pensando. — diz.

— Não são como estou pensando, são como estou vendo. Mas não se preocupe, tenho que ir, tenho um compromisso agora. — digo me retirando.

— Eu sei.

— Sabe? — pergunto.

— Sei, Jhuly. É por isso que fiz o que fiz, mas vá, depois nos falamos e esclarecemos tudo, tá bom? — ele propõe. 

—Tá bom. — fico tentando entender, pois eu não tinha compromisso nenhum. Vou tomar um pouco de água enquanto vejo as mensagens de grupo no celular e vejo que tem uma reunião de última hora com o time e as meninas, por sorte estou aqui. Mas como ele sabia? Será que ele investigou toda minha vida e até meus compromissos? Não sei, ele é muito imprevisível. Mas logo descobrirei.

Chego no ginásio e os treinadores das meninas e dos meninos nos reúnem.

— Atenção, meninas e rapazes! Dentro de duas semanas, teremos um embate dos times entre a nossa escola e a nossa maior rival, e todos nós somos conscientes de que a rivalidade é de muitos anos. Então, vamos dar o nosso melhor e mostrar a eles quem somos. E somos imbatíveis, entendido?

— Sim. Respondemos em uníssono.

Discutimos por boas horas e tudo parece acertado. Charlie e eu vamos para a saído e Rodrigo está lá, a minha espera. Charlie me olha, se despede de mim e nos deixa a sós.

— Podemos conversar agora? — ele me pergunta. 

— Estou muito cansada. — respondo. 

— Então, posso te ligar? — ele volta a perguntar. 

— Tá, claro. — respondo sem lhe dar muita atenção.

— Deixe eu lhe dar uma carona. — ele se oferece e nessa hora eu solto uma risada.

— Agora você deu para taxista? — lá ele — Sua freguesa anterior te dispensou? — ironizo.

— Não faz assim, Jhuly eu estou tentando.

— Faz assim, a gente se fala mais tarde por ligação. — me viro para ir embora.

Ele pega pelo braço como já estava acostumado.

— Jhuly, o que você acha de sairmos, ao invés de eu simplesmente te ligar? — ele propõe. 

— Não sei, Rodrigo. — não era fácil dizer não, pois apesar da minha raiva, eu tinha um sentimento imenso por ele.

— Por favor, me dá essa chance. — ele insiste.

— Tudo bem, mas hoje não. 

— Amanhã, pode ser?

— Pode. — respondo.

Vendo que o movimento de pessoas se desfez do ginásio, ele me puxou para um abraço e depositou um beijo na minha testa.

— Eu estava com saudade disso, de sentir você perto. — ele diz.

— Eu também estava. — digo — Agora, preciso ir, estou muito cansada.

— Tudo bem! Até amanhã então, minha linda!

— Até amanhã!

Saio e caminho até minha casa. Tomo um banho, descanso e durmo. Pego no sono depois de muito pensar no gato do Fragoso. É impossível esconder que eu estou amando esse homem.

Meu querido professorOnde histórias criam vida. Descubra agora