Capítulo 35

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O dia amanhece. Confesso que é prazeroso acordar cedo aqui. Não é como se estivéssemos no meio do mato, apenas afastadas do centro e da confusão da cidade. Valentina se põe de pé e se arruma como se fosse para escola. Invento uma desculpa para a titia, digo que vou andar pela região para espairecer e ver o que aparece de novo.

Valentina faz que sai na frente e em poucos minutos a alcanço.

— E aí, onde vamos? — pergunto.

— Na dona Irene, ela irá cuidar do seu cabelo, não que ele esteja ruim, mas as raízes já estão de um bom tamanho. — ela diz — E vamos logo, pois essas coisas de salão demoram. Ah, e para a mamãe você fala que já estava pensando em fazer isso, mas estava muito sem tempo e agora surgiu a oportunidade.

— Pensou em tudo, hein? Está certo! — e vamos.

Chegamos em um salão próximo dali, nada muito elegante, mas era bastante acolhedor. Fomos bem recepcionadas. A profissional pergunta quem será atendida e logo em seguida me direciona para uma das cadeiras na frente do espelho. Enquanto prepara um carrinho com seus materiais, Valentina parece dizer algo para ela, provavelmente dizendo o que pensa em fazer no meu cabelo e eu simplesmente confio.

O processo inicia e ele realmente é demorado, mas a entrega é incrível.

O processo inicia e ele realmente é demorado, mas a entrega é incrível

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— Dos deuses, Jhuly, dos deuses! — Valentina vibra.

Adorei o resultado. Meu cabelo já estava sem brilho, com alguns dedos da raiz escura e esse retoque deu aquele tempero que faltava, estou ainda mais loira. Pago e agradeço a responsável que cuidou de mim e vamos até um quiosque lanchar e definir o próximo passo.

— O próximo passo, Jhu, vai depender do seu bolso. — ela diz.

— Como assim?

— Também adoro suas roupas, mas elas são muito "eu tenho 17 anos".

— Mas eu tenho 17 anos. — digo confusa.

— Essa é a questão, Jhu! Você parece vulnerável, muito mocinha, e com isso, caras salafrários como o Renato sempre vão aparecer.

— É Rodrigo. — corrijo.

— Isso, Rodrigo, foi o que eu disse, mas voltando ao que interessa, você precisa usar esse belo corpo ao seu favor. Você deve focar na elegância e na sensualidade e eu posso te dá algumas dicas.

— Você tem razão. Bom, tenho algum dinheiro aqui, onde podemos ir? — pergunto.

— Bem, por perto não tem shopping, mas tem umas boutiques que eu garanto que tem o que você precisa, mas não faremos isso hoje, já está tarde. Amanhã é um novo dia, vamos para a casa. E fomos. Fingimos termos nos encontrado pelo caminho e chegamos juntas.

— Jhu, você está diferente, está mais bonita, não é Valentina? — Tia Meire me aborda ao entrarmos pela porta.

— Eu disse a mesma coisa para ela, mãe, a senhora acredita? — atriz que a globo está perdendo.

— Obrigada, tia! Já queria ter feito isso há algum tempo e hoje tive a oportunidade. — respondo.

— Perfeito, então as duas vão se aprontar para o almoço.

Assim fizemos, almoçamos e fomos descansar, já combinando o mesmo esquema para amanhã. De repente, estou pensando nele, meu coração se aperta e travo uma luta interna para não derramar uma lágrima.

— Pensando nele? — Valentina pergunta.

— É, infelizmente.

— Vai passar. — ela apenas diz, massageia a minha mão e se retira do quarto como se entendesse que eu precisava de um tempinho.

Mil dúvidas, mil mágoas e mil pedaços de coração.

 
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Os dias se passaram e a semana de mudanças foram gostosas ao lado da minha prima. Sinto que mesmo minimamente, eu amadureci, o que foi necessário, pois mudar o cabelo, as roupas ou endereço, não ia fazer o problema desaparecer, mas pude tirar bastante proveito dos últimos dias. Valentina é muito madura, apesar de aprontar algumas, para sua idade. Espero de coração que isso me ajude nos meus reais problemas, pois era a hora de voltar para casa.

— Eu vou sentir muito sua falta, mas venho te ver sempre que puder e espero que vá me ver também, minha casa sempre será sua casa. — digo enquanto abraço-a.

— É claro que vou, já estou com saudades.  — ela diz e se despede com seu sorriso travesso.

— Precisamos ir, filha. — diz minha tia, que me levará para casa.

Dou mais um abraço em Valentina e vou embora. Pegamos estrada e em 3 horas estamos em casa.

— Muito obrigada, tia Lucy, pela hospitalidade, pelo carinho e por tanto amor que sua família me proporcionou!

— Você sabe que é muito querida por nós e que pode ir pra casa sempre que quiser. — ela retribui minhas palavras.

— Não gostaria de ficar conosco e ir só amanhã? Essa viagem é um pouco chata. — digo.

— Preciso ir para cuidar do seu tio e da sua prima, mas qualquer dia desses estamos todos por aqui. Mande um beijo a seus pais e diga que foi um prazer.

Abraço-a e vou para casa, meus pais ficam muito felizes por me ver.

— Minha princesa, quanta saudade! — diz meu pai e me abraça. Me lembro do infeliz que me chamava assim, mas deixo isso passar, pois é tão bom ver meus pais outra vez.

— Vem cá, da um abraço na mamãe também. Você está muito linda, minha filha, quando foi que você se tornou essa mulher que eu não percebi?

— Obrigada, mãe! Estava morrendo de saudades de vocês. Onde está a Eloíse?

— Lá em cima. — ela responde.

— Vou lá da um abraço nela e tomar um banho em seguida. — vou até as escadas.

— Filha! — minha mãe me chama.

— Sim.

— Está melhor?

— Estou, mãe, muito obrigada por isso! — digo e ela apenas sorri com uma sensação de alívio.

Subo e encontro ela brincando e deposito um grande abraço, senti muita saudade. Tomo meu banho, ligo para Charlie do telefone residencial, pois ainda não quero usar meu celular. Peço para vir me ver e sem muita demora ela chega.

— NÃO! Quem é você, uma usurpadora? Você tá linda! — Charlie é realmente minha fã número 1.

— Obrigada, amiga! Que bom que surpreendi.

— Não vai ser só a mim que você vai surpreender. Lá na escola, um certo professor estúpido vai ter um infarto fulminante ao ver o que perdeu.

— Não me importa, não há mais o que remediar, ele gaste sua energia com suas quengas e seu filho.

— Isso mesmo, amiga.

Ficamos conversando por longas horas. Ela aproveita e me passa todos os exercícios aplicados nos últimos dias. Depois que Charlie vai embora, me planejo para aula como se fosse o primeiro dia. Mais uma vez, vou seguir conforme a música, mas mostrarei que não ficarei chorando pelos cantos. Me aguarde, professorzinho, e que sua mulherzinha não se meta a besta comigo.

Meu querido professorOnde histórias criam vida. Descubra agora