Capítulo 47

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Após olhar fixamente para o prato de comida que havia feito, esperando alguma coisa acontecer, decido ir a tal festa com a turma. Confirmo com Mayla e combino de nos encontrarmos as 21h no local que havia escolhido. Tomo um banho, coloco um vestido tubinho preto, na altura dos joelhos, uma sandália de salto e uma maquiagem que só é exagerada no batom. Peço um uber e me dirijo ao local. Encontro alguns rostos conhecidos da sala de aula, troco uma ou outra palavra com algumas pessoas e entro para ver se encontro a May. De repente, sinto a energia boa da festa, algo que não sentia há algum tempo, então, me junto ao grupo de colegas e começo a dançar. Poucos minutos depois, eu já estava super a vontade naquele meio. Um dos meninos da turma chega até mim.

— Oi, linda! — ele diz.

— Jonas... — a primeira coisa que sai de minha boca quando me dirijo a ele.

— Já sabe meu nome? — pergunta com um sorriso lindo no rosto.

— E você não sabe o meu? — devolvo, super descontraída.

— Claro que sei, e tem mais, gostei muito de você, posso te mostrar uma coisa? — pergunta.

— Claro! — para que eu consenti?

Fui invadida com um beijo, não feroz, mas bom o suficiente para que eu continuasse. Ouvi o grito dos colegas que, na realidade, não sei se era avacalhando ou apoiando. Quando finalmente paramos, me dei conta do que havia feito. Era o primeiro a beijar depois de Rodrigo, mas até onde eu sei, não estava fazendo nada de errado. Apesar dos últimos acontecimentos, tínhamos terminado antes da minha partida. Por isso, foco no momento que estou vivendo agora. Começo a dançar com Jonas e sem perceber, já estava virando um e outro copo, por influência dele. No meio de tudo isso, peço licença e vou em direção a um banheiro. Sinto que extrapolei na bebida, mas estava plenamente consciente e sabia que não estava vendo coisas. Finalmente encontro Mayla, só que aos beijos com um cara bem mais velho. Não demoro muito a perceber que esse cara é o nosso professor. Fico chocada, como se eu tivesse alguma moral. Saio dali e volto para o grupinho onde eu estava. Fico por mais uns minutos e meu instinto de senhora responsável fala mais alto. Peço meu bom e velho uber e retorno para casa.

*

Pela manhã, na universidade, chego e vou logo tirar satisfação com Mayla, claro que de brincadeira.

— Quer dizer que a bonitinha convida para ir na festa, mas ela mesma não vai!? — digo cruzando os braços para frente e fazendo uma cara de sarcástica.

— Jhuly, cê foi? Ai, mana, eu fui, mas eu estava tão ocupada que não vi você. — ela responde

— Ocupada? — digo fechando os olhos.

— Sim, amiga, ocupada. — responde com a maior cara de palhaça.

— E por acaso essa ocupação se chama Cálculo I? — pergunto, dessa vez a cara de palhaça é minha.

— O que? O que você...

— Amiga, melhore seus disfarces. — digo sorrindo — Eu vi tudo, mas fica tranquila que não contarei.

— Nossa, Jhulyane, quase me mata do coração.

— Pode confiar em mim, só tenha cuidado na próxima vez, bebê.

— Tá bom, mas já que você sabe, quero te contar tudo.

— Tudo bem, mais tarde batemos um bom papo. — digo.

Do nada, sinto um beijo no pescoço e recebo um doce bom dia.

— Bom dia! Como vai, minha linda? — era Jonas.

— Muito bem e você? — pergunto com um sorrisinho.

— Bem também. Depois nos falamos.

— Claro. — digo e se retira.

— E você pensa que eu não estou sabendo de você também, hein? — Mayla me fuzila com uma risada eufórica.

— As notícias por aqui correm. — rimos e vamos para a sala.

Ao começar a aula, não pude deixar de notar as investidas da May e os olhares que ele direcionava a ela. A vontade é de rir, mas não posso. Será que eu parecia estúpida assim na minha antiga escola? Estou outra vez nesse assunto, preciso focar a mente na explicação, cálculo é difícil para um caramba.

4 meses depois...

Ok, algumas coisas mudaram por aqui. Meu laço de amizade com Mayla cresceu tanto que agora somos quase inseparáveis. Abri meu coração pra ela e contei tudo o que me aconteceu anteriormente e ela acolheu as minhas dores, me sinto sortuda por tê-la.

Pude finalmente criar coragem e encarar minha mãe, que confessou, chorou e pediu desculpas por toda armação, usou todos os argumentos para garantir que o fez pelo meu bem e, apesar de tanta mágoa, perdoei, é minha mãe e eu a amo, mas sei que jamais esquecerei o que ela fez. Apesar disso, não procurei Rodrigo, e também não recebi mais mensagens, por isso, não achava justo atrapalhar a sua vida, seja qual for o caminho que escolheu, só desejo que esteja bem, como estou tentando ficar.

Estou namorando Jonas. Além de ser lindo, ele não economizou nas investidas. Não percebi quando começamos a namorar, foi algo muito da parte dele, mas me permiti viver isso. Sempre que podemos, nos pegamos, mas nada se compara as experiências que já tive. Apesar de quase nos engolirmos nos beijos, de muitas mãos bobas e até gestos super obscenos, nunca fui para a cama com ele. Gosto da sua companhia, mas não sinto o que eu senti certa vez. Não sei se eu me bloqueio inconscientemente, ou se simplesmente não há química o suficiente, mas eu empurro com a barriga, afinal, é uma companhia muito agradável e sinto que me faz muito bem.

Em uma manhã de segunda-feira, tomo meu bom banho e me arrumo. Coloco uma pantalona preta e um cropped que faz conjunto, minha sandália de salto preferida, pego minha bolsa e estou quase plena. Solto os cabelos, novamente com meus fios pretos, e a morena está pronta. Ao chegar na faculdade, percebo que esqueci o celular e começo a revirar a bolsa. Paro em um dos corredores enquanto faço isso, eis que ouço uma voz se dirigir a mim:

Continua...

Meu querido professorOnde histórias criam vida. Descubra agora