Capítulo 1 - Fim de férias, início das aulas.

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Nem acredito que as férias acabaram. A velha rotina de acordar cedo todos os dias e encarar os mesmos professores, mesmos alunos e a enxurrada de exercícios e trabalhos não me agrada em nada. Ainda bem que ainda é sábado e posso me programar para o início desse "maravilhoso" ano letivo.

*****

O sábado passou voando e quando percebi, já era o final da tarde de domingo.

— Tudo pronto pra amanhã? — minha mãe pergunta animada.

— Tudo — tento fingir mesma empolgação — Charlie passou por aqui?

— Não, minha filha — ela responde.

Subo as escadas e vou para o quarto de Eloise. Não tendo nada melhor pra fazer, me junto a ela e brinco até a hora do jantar.
Quando tal hora chega, pego-a no colo e desço para nos reunirmos à nossos pais. Jantamos e logo fomos nos deitar, afinal, segunda-feira é sempre um dia agitado.

***

Na manhã seguinte, acordo cedo, tento tirar toda preguiça do meu corpo e vou tomar um banho. Visto meu uniforme, faço um rabo de cavalo meio frouxo, passo um delineador, um batom nude e desço.

— Bom dia, família! — cumprimento a todos.

— Bom dia, filha! — meus pais respondem quase que em um coro.

— Você parece mais animada — diz meu pai.

— É, talvez esteja. Estou morrendo de saudade da minha amiga Charlie e acho que no final de tudo, sentirei falta do ensino médio — reconheço.

— Então vamos para não chegar atrasada. Lhe dou uma carona — minha mãe me apressa.

Dou um beijo em meu pai e vou em direção à garagem.

Chegando na escola, logo encontro minha adorada best.

— CHARLIIIEEE! — a chamo (grito) e ela vem correndo me abraçar.

— Jhuuuu... Que saudade! — diz ela me abarcando com força.

— Também estava com saudades. Me conta sobre suas férias. — indago enquanto caminhamos.

— Incríveis! Viagens, praias, boys... tudo de bom que se possa imaginar. E as suas? Me conta aí, vai. Aposto que foram...

— Entediantes. — interrompo-a.

— Ah, Jhuly! Você tem que procurar se divertir, ou daqui a pouco você se converte. — diz ela em tom de piada.

Empurro-a de leve e vamos rindo procurar nossa nova sala.
Não foi muito difícil de achar. Ao chegarmos, notamos que não haviam alunos novos, apenas os mesmos do segundo ano, que por sinal, não me dava muito bem.
A diretora entra na sala e nos dá as boas vindas e, logo em seguida, entra nossa professora de sociologia. Apesar de ser uma aula nada atraente, nossa professora, Soraia, é um amorzinho.
Após a sua aula, é intervalo. Charlie e eu vamos dar umas voltas pelos corredores quando de repente vemos um espetáculo de homem chegando. Fico perplexa ao ver tamanha beleza e fico cristalizada no mesmo local. Ele passa direto para sala dos professores sem parecer notar a nossa presença.

— Acorda mulher! — diz Charlie estalando os dedos na frente dos meus olhos.

— An? Oi? — respondo meio perdida.

— Quem diria, senhorita Marinho está nas nuvens. Pensei que esse dia nunca chegaria — diz ela em meio a risadas.

— Não seja boba. Só fiquei olhando porque nunca o vi antes — tento disfarçar.

— Sei — ela ironiza — mas bem que ele poderia nos dar aula, hein!? — rimos juntas e voltamos para aula.

A aula seguinte foi de Química e não foi tão ruim como ano passado. Se comparar funções orgânicas, que é o que estamos vendo, com estequiometria, que vimos ano passado, a aula está boa demais.
Logo toca o sinal para troca de professores. Fico mais uma vez chocada quando um certo professor entra na sala. Isso mesmo, o belo homem que encontramos há pouco. Logo sou cutucada por Charlie.

— Parece que alguém vai se sair cuspindo a matéria — ela brinca.

— Para com isso, palhaça — rio.

— O que tem de mau? Ele é um gato mesmo, eu arriscaria — completa.

— Já viu o tanto de garotas que estão suspirando por ele? — as atiradas da sala já estavam de olho. — Com outras meninas mais maduras na turma, certamente ele não olharia para mim em primeiro caso. Além disso, ele é professor dessa instituição, já pensou no tamanho do escândalo?

— Huuuuum, então está interessada—  ela ri.

— Não! Nada a ver — digo e rio junto, meio nervosa, por sinal.

— Silêncio! — pede o professor e começa a se apresentar. — Sou Rodrigo, o novo professor de história. Nos encontraremos todas as segundas-feiras em sala, no último horário, mas sempre estarei pela instituição e em outras turmas caso queiram tirar dúvidas. Iniciemos a aula.

— Curto e grosso — alguém diz.

— Eu disse SILÊNCIO! — ele repete.

Mesmo parecendo um pouco arrogante, não há como deixar de notar seus atributos. Olhos claros, talvez verdes, não conseguia encara-lo pra ver a cor exata. É forte e tem músculos bem definidos. Tem os cabelos lisos e claros e uma barba bem top, como diria Charlie. Há quem diga que é um pedaço de mau caminho.
A aula passa voando. O sinal toca e devo admitir que não vejo a hora de vê-lo outra vez.

Meu querido professorOnde histórias criam vida. Descubra agora