Capítulo 10

9.2K 537 55
                                    

Terça-feira.  Acordo cedo e bem esperta. Tomo um banho, me arrumo rapidamente e desço. Cumprimento meus pais e convenço minha mãe a me levar um pouco mais cedo pra escola.

Dentro do carro, na viagem, pego um batom e um delineador e retoco a maquiagem.

— Posso saber o porquê de você estar super animada? — minha mãe pergunta. 

— An... é que estou muito interessada em um novo projeto da escola. — respondo.

— Sei. Não seria por algum garoto? — ela insinua.

— Não, mãe, claro que não. — respondo-a e ela dá um pequeno riso.

Chego na escola e já vou procurando meu caro professor com os olhos. Encontro Charlie.

— Bom dia, Jhu!

— Bom dia, Charlie!

— Me conta. — ela pede com ansiedade.

— Contar o que? — me faço de desentendida, mas sei muito bem que ela se refere a Rodrigo.

— Como assim "o que"? Vamos nos poupar, querida, estou falando de você e do professor gatão. Rolou alguma coisa?

Eu estava morrendo de vontade de contar, afinal, ela era minha melhor amiga. Sempre contei tudo pra ela, a qual sempre foi fiel. Resolvi deixar no ar.

— Amiga, não posso falar nada agora, mas em algum momento oportuno, eu te conto. — digo.

— Ah, quer dizer que há algo. — ela diz sorridente. — Tudo bem que você não possa me contar ainda, mas o importante é que você esteja feliz.

— Sim, eu estou.

Vamos para a sala de aula. Ao passar pelo corredor vejo o meu amado saindo da sala dos professores. Antes de se quer pensar em algo, sou surpreendida por Raian, o qual me lança um selinho dizendo "Bom dia, minha princesa!". Quando olho para Rodrigo, vejo a fúria em seus olhos. Ele sai rumo a seu destino em passos longos e ligeiros.

— Fudeu! — diz Charlie partindo em direção a sala.

— Por que fez isso? — pergunto ríspida. 

— An? Não estou te entendo. — Raian responde. — Eu pensei que...

— Olha só, Raian, talvez a culpa seja minha por não esclarecer as coisas, mas nós não temos uma relação. Nossa aproximação foi massa, gostei de verdade, mas não teremos nada mais que amizade. Não queria te machucar, espero que me entenda e que fique bem.

— Tudo bem. — consigo perceber sua frustração, mas era necessário.

Antes que rolasse torta de climão, segurei em um de seus braço e fomos caminhando até a sala, reafirmando ali a nossa amizade.
Agora tinha um problema maior para me preocupar. O meu professor iria me comer viva e na verdade isso é até sedutor se for pensar no lado mais safado da coisa. Mas, afinal, Rodrigo não firmou nenhum compromisso comigo, teria ele direito de sentir raiva? Bem, espero que não prejudique o pouquinho de proximidade que conseguimos, seria duro perder o pouco progresso que conquistei.

Chego na sala, assisto a primeira aula, quando a professora me pede para buscar a relação dos alunos na sala dos professores. Nervos à flor da pele! Vou lá, temendo e ao mesmo tempo querendo encontrar com o professor.
Chego e ele está lá. Pergunto à Liliane sobre a relação dos alunos e ela vai verificar. Quando ela se levanta para pegá-la em uma salinha, Rodrigo me prensa contra a parede e diz rapidamente:

"Vou te esperar na esquina do Colégio depois do intervalo. Leve seu material, pois você não voltará." — em seguida ele me solta.

O que? Ele tá louco? Eu nunca matei aula. Em sã consciência, eu jamais iria, mas foi aí que residiu o problema. No ápice da perdição, pensei que não faria mal perder um mísero dia de aula, afinal, estou sempre em dia com tudo. E outra, se ele quer me ver, quer dizer que está tudo certo.
Liliane me entrega a relação e volto para a sala.

Chega a hora do intervalo e já fico nervosa. Minto para Charlie que não estou me sentindo bem e também minto na coordenação para eu poder sair sem parecer uma fugitiva. O alarme soa, anunciando o fim do intervalo. Pego meus pertences e parto. Ao chegar na esquina, vi um carro que eu conhecia tão bem, que eu não tinha dúvida que era dele, então, me aproximo.

Ele abaixa o vidro e diz: — Entra!

Sem pensar, obedeço.

— Posso saber onde vamos?

Ele não responde nada, apenas acelera.

— Então estou sendo sequestrada!? — Ele continua gélido e não me responde.

Passado uns 3 minutos, volto a retrucar:

— Olha aqui, eu não estou gostando disso! — digo assustada e mesmo assim, ele me ignora.

Resolvo não dizer mais nada. Depois de mais ou menos 20 minutos, chegamos em algum lugar. Ele sai do carro e faço o mesmo. Estamos na frente de um enorme prédio. Que diabos viemos fazer aqui?

Meu querido professorOnde histórias criam vida. Descubra agora