Capítulo 43

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— Você está tão linda, filha!

— Quem é a princesinha do papai?

Meus pais estavam mais eufóricos do que eu. Hoje é minha formatura, esperei muito por isso, sobretudo porque eu tinha uma surpresa para todos. Eu havia dito aos meus pais que tinha um parceiro, mas não disse quem. Será que eles iam me matar com testemunhas? Acho difícil, por isso resolvi que só revelaria que Rodrigo é, não apenas meu parceiro de baile, mas da vida real, na festa. Maquiada e arrumada, partimos em direção ao baile. Empenhei muito trabalho na minha produção, posto que seria o último evento do qual eu participaria como aluna.
Sobre o meu vestido?

Ao chegarmos na festa, chamo muita atenção

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Ao chegarmos na festa, chamo muita atenção. Todos estão com roupa de gala, dos alunos até os funcionários. Tudo está harmonioso, o salão, a música, toda organização. Me dirijo com meus pais até a nossa mesa, onde sobra uma cadeira.

— Que horas seu parceiro vai chegar? — mamãe pergunta.

— Não demorará. — sorrio sutilmente — Com licença, vou cumprimentar meus colegas.

Levanto-me e vou em direção à um grupo de amigos, todos eles muito bem apresentáveis. Charlie está de morrer, que orgulho.

— Eu já disse que você está linda? — digo à Charlie pela milésima vez.

— E eu já disse que você está divina? — ela responde a cada vez que pergunto e rimos.

Em meio a brincadeiras e lembranças daquela turma, me deparo com um homem de porte extremamente elegante, que está a atrair todos os olhares, cruzando o salão e vindo em direção a mim.

— Uau! Nossa! É ele?! — escuto suspiros por todos os cantos, mas não ligava. Eu sabia que aquele momento era meu e que ninguém me tiraria isso. Finalmente, Rodrigo chega ao meu encontro.

— Eu gostaria de ser o primeiro a dizer que você é a mulher mais linda dessa festa, mas já deve estar cansada de ouvir isso. — ele diz e posso afirmar que meus olhos brilharam, junto com o leve arrepio que senti percorrer pelo meu corpo quando ele me cumprimenta com um beijo na mão.

— Posso ouvir de mil bocas, mas nunca me canso se vem de você. E, sem dúvidas, és o homem mais lindo dessa festa! — retribuo, ao que responde:

— Seu homem!

A essa altura, sinto que todos estão nos olhando, inclusive meus pais. Sinto um pouco de medo, mas eu estou muito feliz por estar com a pessoa mais especial de minha vida. Como de praxe, toca aquela música lenta e é o momento perfeito pra ficar agarradinha com ele. A luz abaixa, e é nesse clima de romance que curtimos o momento. Trocamos doces palavras. As quero levar pra vida toda. Foram 3 minutos que passaram como 3 segundos. Sabia que era chegado o momento de me unir aos meus pais, então levo Rodrigo até nossa mesa para estar junto de nós, afinal, ele era meu convidado.

Percebo o olhar frustrado de meus pais, sobretudo de minha mãe. Creio que não vão fazer escândalo por conta da ocasião, mas posso perceber que não estão nada felizes.
O sorriso deles volta por um breve minuto, durante a entrega de certificados, em que cada aluno foi homenageado e lembrado pelos seus legados.

Após a cerimônia de certificação, meus pais se retiraram da festa, percebo que não há mais ânimo neles, e então vão para casa. Se despedem de mim e recomendam cuidado. Aproveitei ao máximo a pista de dança, os amigos e meu amor. Posso dizer que, apesar de olhares de reprovação, foi uma das noites mais felizes da minha vida. Pouco mais de meia noite, Rodrigo me deixa em casa e capoto de tanto cansaço, mas valeu a pena cada segundo.

-- 8:00 AM --

Levanto-me, vou direto para o banheiro fazer minha higiene pessoal. Visto um vestido solto e florido, prendo o cabelo e desço para o café. Ao fim da escada, percebo que meus pais estão sérios e, provavelmente, a minha espera. Chego e não dou bom dia, pois sei que não é o momento.

— Jhulyane, nós não estamos acreditando nisso. — minha mãe diz me olhando enquanto meu pai se mantém de cabeça baixa. — Eu pensei que essa história já havia acabado.

— Mãe, — digo me posicionando — isso não acabou e nem vai acabar. Eu amo aquele homem e ele me ama.

— Já tivemos essa conversa, você sabe que ele não quer nada, você...  — interrompo sua gritaria.

— Mãe, eu já me decidi e você não pode fazer nada.

— Não posso? Espere pra ver.

Saio irritada dali e vou em direção a porta. A última coisa que escuto é "aonde você pensa que v...", vindo da minha mãe. Meu pai, eu não sei, parece triste e ao mesmo tempo confuso. Ele parece entender os meus sentimentos, mas como bom marido está do lado da mamãe. Enfim, deixei claro que não vou desistir dele e é isso mesmo. Saio desnorteada, o melhor a se fazer é ir ver o Rodrigo. Pego o caminho de sua residência e em alguns minutos já via o seu apartamento.

Embora chateada, me sinto bem de estar chegando até ele, já estava no elevador quando o frio na barriga me atinge. Chego, toco a campainha mais ninguém vem. Pode ser que ele ainda esteja dormindo, afinal ficamos até tarde na festa. Lembro que há uma cópia da chave de baixo do vaso que fica no lado direito da porta. É pesado para caramba, mas consigo. Se ele mesmo de disse sobre a chave, não seria invasão de propriedade, ou seria? Caminho até seu quarto e abro a porta lentamente.
Ali está ele, na cama, mas não sozinho. Não é possível, meu Deus, que a cena se repita, que looping maldito é esse? Antes que eu pudesse dizer algo, uma, duas, três lágrimas descem instantaneamente sem minha permissão enquanto observo o cenário. Roupas dele pelo chão e roupas femininas, ainda da festa... eu reconheço essas roupas, eu as vi bailando pelo salão inteiro. Eram dela.

— Tiffany! — não sei se gritei ou apenas aumentei o tom de voz.

A piranha acorda e puxa o lençol para seu corpo e diz como se estivesse em seu habitat aquático que é seu lugar:

— Jhulyane, o que pensa que está fazendo aqui? Como entrou sua delinquente?

Eu quis pular nela e bater essa coisa que chama de cara, até que Rodrigo se acorda, olha para o seu estado e olha para minha cara de trouxa.

— Jhuly, eu...

— Você o que? Vai dizer que pode explicar mais uma das mil situações que ocorrem com você e você não tem culpa? — digo, não sei se com ódio ou desprezo.

— Ah, Jhu, não achou que ele ia pegar só uma das alunas, né? Não seja egoísta, queria tudo isso só para você? — a indigesta se atreve a pôr mais lenha na fogueira.

— Cala boca e vai se vestir. — Rodrigo diz para Tiffany e depois se dirige pra mim — Jhuly, eu não sei o que aconteceu, eu... — interrompo-o.

— Não sabe, não é? Mas para mim está claro, você estava muito bem intencionado, me deixou em casa e foi aproveitar o resto da noite. Pois eu quero que os dois se explodam.

Saio dali sem dar tempo a ele. Como fui estúpida, indo contra meus pais, batendo o pé por um canalha. Sem rumo, pego um táxi para que ele não me alcance, isso se vier atrás de mim. Depois de pensar um pouco, vou pra casa de Charlie. É claro que vou despejar tudo pra ela e se ela quiser dar na minha cara, eu aceito. Como pude ser tão idiota?

Meu querido professorOnde histórias criam vida. Descubra agora