Capítulo 8

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Segunda-feira.
Hoje seria um dia tão entediante se não fossem os últimos acontecimentos. Por certo, eu estaria radiante em saber que iria vê-lo, mas as situações de dois dias atrás me fizeram engolir a seco pelo simples fato de não saber como seria dali para a frente. Então, tomo meu banho, visto minha roupa mais casual (tênis, calça e camiseta) e prendo o cabelo em um coque despojado.
Feito isso, desço para tomar café e minha mãe me leva para aula.
Chego na escola e encontro com Charlie no pátio conversando com outras garotas, mas ao me ver, ela vem em disparada e fico até com medo de ser atropelada.

— Calma, sua lesa! — começo a rir dela. — Respira e me conta tudo.

—Jhu, foi perfeito!

— Perfeito do tipo "minha nossa, foi muito bom" ou perfeito do tipo "que loucura, foi muuuito bom"? — pergunto. 

— Não, você não está entendendo. Perfeito do tipo "uuooooouuu, foi maravilhoso".

— E eu posso saber o motivo, senhorita Alfaia?

— Claro que sim, e é isso que eu quero te contar, mas em um lugar reservado, por favor, né? — ela responde.

— Tudo bem então, dona mistério.

Vamos rindo em direção a sala de aula, quando de repente sinto mãos me puxarem pela cintura.
Era Raian. Tinha esquecido desse pequeno problema, ou melhor, vamos chamar de detalhe.

— Bom dia, minha princesa!

— Bom dia, Raian!

— Senti sua falta. — ele diz acariciando meu rosto — Queria saber se podemos sair hoje.

— Raian, precisamos conversar, mas hoje não há como, tenho alguns compromissos.

— Tudo bem, linda! Sou paciente. — ele me da um selinho e sai junto com seus amigos. Isso ainda me trará consequências.

Vou pra sala e fico no aguardo dos professores. A primeira aula passa e toca o sinal, anunciando o intervalo. Prefiro ficar dentro da sala e Charlie senta do meu lado pra continuar a conversa.

— Retomando, me conta tudo, maluca! — falo entusiasmada. Pra mim, tudo sobre sua vida é muito interessante. Apesar da mesma idade, Charlie já vivenciou muito mais coisas que eu.

— Bom, — ela se ajeita na cadeira e diz — primeiro fomos ao cinema e foi muito romântico. Ele, o filme, tudo. Ele comprou pipoca e refrigerante, mais isso é o de menos. Depois fomos para o apartamento dele. Ele mora sozinho e , sabe como sou, labiosa. Então, conversa vai e conversa vem, transamos.

Fico chocada e digo:

— Charlotte do céu! — chamo atenção de algumas pessoas pelo meu espanto, mas disfarço e volto a falar — Charlie, você conheceu ele ontem, praticamente. 

— Eu sei, Jhuly, mas ele é tão especial e não me arrependo, pois foi a transa mais fervorosa e ao mesmo tempo mais apaixonante. Fizemos bom uso do pecado. — ela fala como se estivesse revivendo o momento, pois grande era seu entusiasmo.

— Charlie, me fala pelo menos que você se preservou.

— Claro, — ela responde — não sou tão burra assim.

— Não disse que você é burra. Eu só me preocupei com você. Saiba que o que você fizer, eu apoiarei, mas muito cuidado amiga. Não quero que nada de ruim te aconteça e também sou muito nova para ser tia.

— Eu sei, Jhuuu! Eu te amo!

— Eu também te amo, maluca!

Ficamos rindo e ela continuou a me contar os detalhes.
O sinal tocou e começou a próxima aula. Estava aflita para que chegasse o último horário, pois apesar de minha angústia, queria entender como a relação com o professor estava.

Finalmente a aula acabou, eu já estava quase mudando os ponteiros do relógio.
Eis que o professor entra. Ah, e que beleza de homem! Não pude deixar de fazer esse comentário nos meus pensamentos.
Ele fica a aula toda sério e nem se quer olha pra mim, apenas explica a sua matéria.
Ouço as meninas morrerem de amores por ele, algo que terei que me acostumar, mas pelo menos tive dele algo que muita delas não terão, que foi seu beijo, e no mais íntimo dos meus pensamentos, eu queria mais.
Pensei fazer algo pra chamar sua atenção, mas talvez fosse patético, já basta o que fiz no parque, então, resolvi ficar na minha e esperar o fim da aula.
Quando o sinal tocou, guardei bem lentamente meu material para dar tempo de todos saírem e ver se ele me solicitaria, mas não aconteceu. Ele sai da sala sem falar nada e meu coração também sai, só que despedaço.

Vou pra casa triste. Almoço e vou pro meu quarto. Não faço a mínima ideia se ele o senhor dupla personalidade irá precisar de mim ainda, mas, por via das dúvidas, me arrumarei e esperarei. Se não vier, azar o dele... ou o meu... sei lá.

Meu querido professorOnde histórias criam vida. Descubra agora