Capítulo 40

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Os dias corriam e finalmente as coisas pareciam clarear. Eu estava bem na escola, no time e no amor. Rodrigo e eu estávamos mantendo nosso namoro, ainda discreto, mas tudo parecia correr bem. Faltando cerca de 4 meses para o ano finalizar, eu mal via a hora de poder assumir meu relacionamento e isso me deixava ansiosa. Hoje, foi mais um dia daqueles comuns na escola. Aulas exaustivas, baterias de exercícios e todas aquelas coisas chatas. Depois de alguns beijinhos, no fim da aula, Rodrigo me leva para casa e me deixa na esquina de sempre.

Ao chegar em frente à minha residência, vejo um táxi. Será que chegou visita? Quando me aproximo da porta, uma mulher sai da minha casa. Eu disse uma mulher? Era a cara de mamão. Que droga ela estava fazendo ali? Patrícia, ao me ver, lança um daqueles sorrisos falsos e ardilosos e, ao entrar, dou de cara com o olhar de reprovação dos meus pais.

— Aconteceu alguma coisa? — pergunto temendo algo. Meu susto praticamente me entrega.

— Jhulyane, me diz que não é verdade o que essa senhora acaba de nos dizer. — minha mãe diz com chateação evidente.

— O que? O que tá acontecendo? Me digam! — agora ferrou.

— É isso que tá acontecendo. — minha mãe me entrega fotos em que eu e Rodrigo aparecemos nos beijando e abraçando. — Me explica o que isso significa.

— Mãe... eu... — olho para meu pai e ele não diz nada, apenas fica presenciando a situação — Eu o amo, e ele me ama também.

— Jhulyane, pelo amor de Deus, ele não ama você, ele só quer se divertir, a esposa dele acabou de sair daqui, vou denunciá-lo agora mesmo. — ela diz.

— NÃO! Nem pense em fazer isso! — digo já chorando.

— Jhulyane, o que ele fez foi crime, você é menor de idade. Ele persuadiu você.

— Claro que não, mãe, eu consenti.

— Você o que? — ela pergunta incrédula.

— Eu consenti! E se você fizer algo contra ele, eu juro que... que... eu faço algo em que você irá se arrepender.

— Você está me ameaçando, Jhulyane? — pergunta com fúria — Você pode espernear, fazer o que quiser, mas agora mesmo eu vou tomar as medidas cabíveis. Agora vai já para o seu quarto.

— Então o faça, mas não se arrependa depois. — corro para o meu quarto e me tranco ali, para chorar em paz.

Agora sim está tudo perdido, essa mulher é doente, é louca. Preciso avisar Rodrigo. Pego meu celular e ligo para ele, que atende ao terceiro toque.

— Rodrigo? — digo chorosa

— O que houve, amor?

Conto-lhe tudo o que aconteceu e ele tenta me acalmar de todas as formas.

— Vai ficar tudo bem, princesa, não quero que sofra mais por minha causa. Fica tranquila que eu vou dar um jeito em tudo, se acalma.

Depois de muitas tentativas de tentar me controlar, me despeço dele e com ódio nos olhos, me lembro da causadora disso tudo. A minha vingança vai ser memorável, ela pode ter certeza. Passo o resto do dia sem comer e sem abrir a porta para meus pais. Eu já estava saturada de tudo que vinha enfrentando nos últimos meses.

(...)

Meu relógio biológico me desperta às 5h da manhã. Me ponho de pé e me arrumo. Saio de casa antes de meus pais levantarem, para não encontrar com eles. Fico vagando pelo parque e encontro uma lanchonete já aberta. Vou comer algo, pois não como nada desde ontem.
Após um café com dois pães, um suco e um bolinho, caminho até a escola. Ao chegar, vejo a diretora andando de um lado para o outro e, ao me ver, me conduz imediatamente à direção:

— Senhorita Marinho, está tudo bem?

— Sim, senhora diretora, por que não estaria?

— Sua mãe me relatou o fatídico e lamentável incidente com você e o professor de história e já tomamos todas as providências.

— Ela o que? — pergunto assustada com o que pode ter acontecido.

— Não há com o que se preocupar, ele já foi expulso dessa instituição.

— Não pode ser. — meus olhos ficam marejados — Diretora, não aconteceu nada, minha mãe está vendo coisas que não existem, eu lhe garanto que nunca houve nada.

— Não precisa sentir receio, já resolvemos isso, você pode ficar tranquila.

Saio dali correndo, sem acreditar. Vou para a sala que Rodrigo deveria estar dando aula e encontro outra pessoa em seu lugar.

— Desgraçada! — grito e parto pra cima. Não poderia ser pior, ter que perder o Rodrigo pra ter que olhar pra essa cara de fuinha. Patrícia era a substituta.

Dou-lhe um tapa no meio da cara e tento acertá-la de qualquer jeito, mas as mãos de alguém me seguram e sou interrompida. Era um dos funcionários da escola, que apareceu devido o enxame da turma. Dali, fui direto para detenção, quis dizer, para direção.

— Ela veio do nada me batendo, eu nem se quer tive reação, estou até agora sem entender. — a bruxa relata para a diretora.

— Professora Patrícia, sinto muito por isso ter acontecido, logo com Jhulyane, que era um exemplo de aluna, até então. Meus sinceros pedidos de desculpas, você pode ir para casa por hoje, nos responsabilizamos por qualquer coisa. Sei também que está abalada devido sua perda e quero o melhor para você — a diretora diz a ela, mais uma trouxa enganada pela mocoronga. Quer dizer que ela falou que perdeu o bebê? Passo mal, bicho!

— Não precisa, continuarei a dar aula. Com licença. — ela, ao sair, joga um beijo sem que ninguém veja. Maldita!

— Senhorita Marinho, sei que você está passando por uma situação conturbada, mas isso não lhe dá o direito de sair agredindo as pessoas. Você terá 3 dias para se acalmar e retornar suas atividades normais. Você está liberada. — em outras palavras, fui suspensa.

Sem dizer nada, saio da sala com ódio, tremendo igual um pinscher, e com lágrimas brotando dos olhos.

— O que aconteceu amiga? — Charlie me encontra e pergunta preocupada. A essa hora, toda a escola já sabia dos dois episódios.

— Juro que te conto cada detalhe, mas preciso ir agora.

Ela assente e me abraça. Saio dali e pego um táxi. Dou o endereço ao rapaz e paro de frente ao prédio em que Rodrigo mora. Ele é a única pessoa que eu quero e preciso agora e, definitivamente, voltar para a casa não é uma opção.

Meu querido professorOnde histórias criam vida. Descubra agora