NOITE FORA DA REALIDADE

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   Já faz dez anos desde que aquilo aconteceu, dez anos de dor e pesadelos, dez anos desde que vi meu pai ser assassinado na minha frente e dez anos que anseio por vingança. Me vingarei de Jeff the Killer a qualquer custo. Esse é o único motivo pelo qual vivo, a imagem dele sendo assassinado por mim está nos melhores sonhos.

   Hoje tenho dezesseis anos e minha vida é tediosa. Quanto a minha mãe, ela deve voltar pela manhã, bêbada, como sempre. Passei o dia no sofá assistindo filmes de terror e comendo, já é tarde da noite. Mesmo com os filmes eu só consigo pensar em Jeff e no meu pai, já que hoje é o aniversário de morte dele.

  — Meia noite em ponto. — digo em um suspiro. — Vou dar uma saída.  — pego meu casaco e vou em direção à porta.

   Você deve estar confuso e se perguntando como consigo ter coragem para sair tão tarde, é que essa é a única hora em que me sinto em paz.

  Saio pela porta e sinto uma sensação incrível, sinto que algo está prestes a acontecer e, nossa, como eu amo essa sensação.


.............

   Já tem um tempo que eu saí. A noite está linda e fria, do jeitinho que eu gosto. Aproveitei bastante esse tempo pra pensar em tudo.

  — Já faz trinta minutos que eu estou andando e nada aconteceu. — sussurro pra mim mesma e suspiro. — Melhor eu ir embora logo.

   Ao me virar para voltar para casa, sinto um arrepio na nuca que me faz parar instantaneamente. Eu sinto lá no fundo, sinto nas minhas entranhas a sensação de perigo em nível máximo.

  — Que bela noite, não? — ouço uma voz estranhamente familiar e me viro imediatamente para encarar seu dono. — É perigoso para uma garotinha como você sair sozinha a noite, sabe? A essa hora podem ter estupradores e até assassinos. — o filho da puta faz uma pausa. — Quem sabe os dois? — seu sorriso se alarga.

   Eu só posso estar sonhando! Jeff the Killer bem na minha frente?! Acho que ganhei na loteria da vida!

  — Você me parece estranhamente familiar, garota. Nos conhecemos de algum lugar? Você não seria uma das minhas vítimas que acabou escapando, certo? — ele faz uma expressão pensativa que logo se transforma em puro deboche. — Espera, minhas vítimas nunca fogem porque eu as mato antes mesmo de tentarem. — gargalha. Não deixo de sorrir com o seu comentário.

  — Como andam as coisa, Jeffrey Woods? — ele para de rir e me encara, ainda sorrindo.

  — Vejo que sabe o meu nome.

  — Você é bem famoso, Sr. Jeffrey. — o encaro seriamente. — E eu jamais poderia esquecer o nome do desgraçado que matou o meu pai bem na minha frente. — sua expressão agora demonstra ter se lembrado.

  — Então foi isso? Sinto muito por não ter terminado o serviço e matado você também, mas faço questão de acabar logo com isso, não gosto de deixar um serviço pela metade.

   Seu olhar é ameaçador, no entanto meus olhos continuam expressando frieza, até eu não me aguentar mais e começar a rir.

  — Faça o que quiser, não morrerei antes de matar você e fazer com que sinta seu próprio veneno. — continuo sorrindo.

  — Isso está me parecendo um jogo e eu adoro jogos. Acho que vai ser bem divertindo, senhorita. — ele ri e me encara nos olhos. Eu amaldiçoo o dia que esse maldito nasceu. — Quer um tempo pra correr? — Pergunta com sua voz mais rouca que o normal, com certeza deve estar sentindo prazer com isso.

  — Anseio por isso há anos, não seria doida de correr agora. Por favor, só ande logo com isso.

  — Como quiser, senhorita.

   Ele se aproxima de mim e rapidamente fica por trás, me agarrando e pressionando fortemente um pano branco com um cheiro forte contra o meu nariz. Perco a força que me restava nos músculos e tudo escurece.

   Antes que eu possa cair no chão sinto Jeff me segurar.

  — O jogo começou, princesa. — ele sussurra no meu ouvido e eu perco a consciência.



Musica: Afraid — The Neghbourhood

Meu Psicopata-Jeff The KillerOnde histórias criam vida. Descubra agora