Stupid Liar

Capítulo 1

  -Isa ...-Clara sempre me grita de onde ela estiver,  no começo sentia meu rosto arder de vergonha por chamar atenção das pessoas a minha volta, mas no momento isso nem me incomodava mais.
  -Já disse que não precisa me gritar assim, não sou surda sabia?-ela me olha revirando os olhos e passa o braço em volta do meu. -O que foi dessa vez? -sorrio para ela e dou um empurrãozinho em seu ombro.

  -Nada...só queria te dizer que fomos convidadas para ir em uma festa neste fim de semana.

  -Sabe que estou em semana de prova não é? -digo e a vejo respirar fundo e levantar as mãos para o céu, dramatizando. -Já disse que seu curso está errado não é? Devia fazer teatro, e não psicologia.

  -Sabe...juro que todos os dias me pergunto como raios viramos amigas...você não faz nada além de estudar.

  -Também assisto filmes...saio para comer fora...vou em festas...

  -Está no terceiro ano de administração e só foi a umas 3 festas.
  -Não gosto deste tipo de festa aqui do campus.

  -Não gosta de qualquer tipo de festa.

  -Qual é a graça de ver os caras bêbados, "pegando" -faço aspas e ela para me encarar como se eu fosse um bicho de sete cabeças - todas as garotas que estiverem bêbadas o suficiente para beijar idiotas que se acham os gostosos do pedaço.

  -Garota, você falou igual a minha avó. Juro...precisa sair mais vezes e ficar sem compromisso.

  -Não vejo vantagem em sair por aí beijando só por beijar...já pensou nas doenças que se pode pegar? -Olho horrorizada para ela, imaginando minha boca em caras que eu nem imaginava quem pudessem ter beijado e quando a imagem de alguém vomitando passa por minha cabeça, sinto até enjôo.

  -Desisto...fica em casa...estudando...sozinha...-ela puxa meu braço e finge estar apenas desinteressada, levanto uma sobrancelha pois sei que quando ela começa com isso, está agindo como a psicóloga que quer se tornar...jogando comigo para que eu acabe fazendo o que ela quer. -Sua vida está sendo desperdiçada, o que acha que a Isabel do futuro vai dizer desta medrosa de hoje?-ela me olha de lado e depois pisca pra mim e sorri. -Tenho aula sobre Freud agora, adoro ele...-ela sorri e se afasta, mandando beijo de longe.

  -Sua mente devia ser estudada, sabia não é? -digo e ela joga a cabeça para trás, sorrindo e se afasta. -O jantar é seu hoje...não se esqueça.

  -Não esqueço...já até comprei macarrão instantâneo.

  -De novo? -digo, mas ela se apressa e sai quase correndo.

  Ajeito a mochila em meu ombro e sigo para a aula de matemática aplicada. Pego o livro da aula e dou uma conferida nas anotações. Aceno para alguns colegas de sala e sigo para meu lugar, me sento e algumas anotações chamam minha atenção, solto minha mochila e a deixo escorregar até o chão, então pego uma caneta, um lápis e me concentro no que eu havia anotado. Aquela era minha zona de conforto, onde eu me sentia calma e segura.

  -Boa tarde jovens! -O professor de matemática aplicada entra na sala e deixa a pasta na mesa. -Hoje temos uma novidade interessante aqui na universidade...um aluno que está vindo de outro país...é um intercâmbio de alguns meses, está no outro prédio, estudando nossa língua, então espero que sejam receptivos e possam ajudá-lo com alguma dificuldade.

  -Está pedindo que façamos serviço de babá para ele? -ouço Gustavo dizer, mas nem me dou o trabalho de olhar para ele, pois sei que ele é um tremendo babaca que adora aparecer e zoar com os outros. É um filhinho de papai, metido e fresco, se sente porque acha que é o homem mais lindo do mundo com seus 1,80, olhos azuis e cabelos loiro escuro, faz academia e se preocupa mais com a aparência do que com as notas.