63- Nunca duvides disso... <3

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Por isso, é hoje, ela vai voltar a ser minha.

Comecei a caminhar em direcção ao dormitório, sim caminhar e não correr, como se vê nos filmes. Nos filmes as pessoas simplesmente correm para os braços uma da outra e fingem que nada aconteceu. Os atores já têm o texto todo decorado, e quando os ouvimos a dizê-lo acabamos por ficar emocionados… E porquê? Porque os escritores do filme, ou livro, usam as mais doces e encorajadoras palavras para juntar as duas pessoas que se amam mutuamente. É fantástico como os escritores têm tanta imaginação e sabem como expressar os sentimentos da personagem na perfeição e eu só agora percebi isso. Só agora me apercebi que não é fácil encontrar as palavras certas, nem a coragem. Enquanto caminho, penso e repenso naquilo que lhe posso dizer, naquilo que a fará voltar para os meus braços.

De certo modo, ela é que fez a asneira, mas eu também fiz uma asneira muito grande, ou melhor muitas… E ainda por cima acabei de beijar a Joana mesmo à frente dela, depois de ela me ter sorrido, só por egoísmo, eu queria que ela sofresse, mas não se deve desejar aos outros aquilo que não queremos para nós. Eu sei que fiz mal, e muito provavelmente, quem não vai querer alguém vai ser ela, ela não vai querer voltar para mim. Mas, porra, eu não posso pensar assim, eu tenho de ir ter com ela e dizer-lhe que estou farto de ser o badboy que tenho sido e que quero voltar para ela. É simples, ou devia ser…

Assim que avisto o dormitório dela o meu corpo parece ter reagir, o meu coração começa a bater mais depressa, a minha respiração torna-se acelerada e as minhas mãos começam a soar. Mas que raio, nunca pensei estar tão nervoso em toda a minha vida. Mais uma prova de que a Amo. Sim eu Amo e acho que nunca lhe disse esta palavra da maneira que havia de ser dita. Só quando a vi beijar outro é que me apercebi que a amava realmente, só quando estava a beijar outras é que soube que ela iria estar sempre no meu pensamento. É agora, vou bater à porta e ela vai abri-la. O pior dos cenários é se ela está lavada em lágrimas e me odeia tanto que não me deixa falar com ela. Isso seria péssimo. Estas duas semanas têm sido péssimas sem ela por perto, bem pelo menos tão perto como eu sabia que queria, as estava demasiado magoado par ao admitir. Bato à porta mais do que uma vez mas ela parece não ouvir, por isso decido entrar. Assim que abro a porta ouço soluços, imensos soluços. Sei imediatamente que alguém está a chorar e esse alguém só pode ser a Mariana. Os soluços parecem ser demasiado desesperados para o meu gosto, demasiado dolorosos. Um grunhido é ouvido pelo dormitório e sei logo que vem da casa de banho. Mas, que é que ela está a fazer? Porque é que ela está a gemer de dor? O choro intensifica-se e não consigo ouvir mais isto, tenho que fazer com que ela para de chorar.

Caminho em direcção à casa de banho e vejo que a porta está fechada, só espero que não esteja trancada. Baixo o olhar e respiro fundo para tentar ganhar coragem. Isto é demais, até para mim que já sofri tanto, quando era mais novo. Finalmente, ainda com o olhar baixo, abro a porta. Shit, que merd* é esta? Porque raio é que está sangue no chão? Mais precisamente uma poça de sangue que parece ser interminável e que é seguida de um rasto de pequenas pingas espalhadas no chão em direcção à banheira. Olho, de repente para a banheira e os meus olhos ficam completamente abertos com aquilo que está perante de mim, para já não falar da minha boca que se abriu num perfeito “o”. Ela está a auto mutilar-se com uma lâmina, ela está a dar cabo daquelas pernas, que para mim são perfeitas. Está a deixar marcas que nunca mais irão desaparecer da sua pele, está a marcar-se para a vida. Meu Deus, isto é pior do que pensava, ela está tão obcecada, tão concentrada com o que está a fazer que nem dá pela minha presença.

Ricardo: P-para, Mariana para com i-isso!- gritei, porra ela tem de me ouvir, mas em vez disso, ela faz de conta que não ouve e corta a pele profundamente.- Eu não querias, mas já que me estás a obrigar, não há nada a fazer!- disse e tirei-lhe a lâmina da mão.

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