Pedro: Somos sim, está tudo bem com o Bernardo?- pergunta e vejo a cara do doutor a mudar e é aí que eu quero voltar a chorar, mas não consigo, tenho os meus olhos completamente secos e não acho que neste momento consigo lidar com esta situação sem chorar.
XXXX: Bem, o menino Bernardo, está neste momento estável. Alguns vidros perfuraram a sua pele, mas felizmente não atingiram nenhum órgão. Quando ele aqui chegou, estava inconsciente por isso só à cerca de uma hora e meia atrás quando acordou é que nós soubemos que ele tinha ficado paralisado da cinta para baixo, perdendo toda a mobilidade nas pernas e nos pés.- o médico fez uma pausa e quando ia a abrir a boca para dizer mais alguma coisa eu interrompo-o.
Andreia: Espere, espere, isso quer dizer que ele nunca mais vai puder voltar a andar?
XXXX: Nunca, não digo, mas vai ser preciso um milagre para que volte a andar. Se ele mostrar indícios de que é possível, nós iremos pô-lo a fazer fisioterapia, mas neste momento, nada é certo, resta-nos esperar. – informou-nos e fez uma pausa para pudermos pensar naquilo. Eu estava sentada num dos bancos, com a Lígia a fazer-me festinhas no cabelo, a Vitória e a Mariana foram buscar cafés para todos, porque alguns estavam de ressaca, o Miguel e o Pedro estavam em pé a ouvir o médico e o Ricardo estava sentado no chão com os cotovelos encostados às pernas flectidas e com a cabeça nas mãos. Acho que se estava a conter para não chorar com toda aquela situação, afinal eles eram como irmãos um para o outro e conheciam-se desde pequenos, por isso não me admira que ele esteja como eu, preocupado.- Dentro de 5 minutos vem aí uma enfermeira, para vos conduzir até ao quarto dele, mas só pode ir uma ou duas pessoas ao mesmo tempo.
Todos assentimos e discutimos quem iria primeiro. Ficou decidido que o Ricardo e o Miguel iam primeiro, a seguir ia o Pedro e a Lígia, a Mariana e a Vitória e só depois eu, porque me tinha de acalmar. Eu não podia parecer fraca ao lado dele, mas mais importante não podia chorar à frente dele, estando ele nesta situação. Eu queria puder falar com ele, fazê-lo sorrir e abraçá-lo, fazê-lo sentir que estava tudo bem e que ele iria andar outra vez, apesar de nada ser certo. Com o tempo a passar, cada vez fico mais nervosa, mas eu quero puder ficar com ele o resto do dia, para ter a certeza que ele fica bem. A Mariana e a Vitória entraram à uns cinco minutos e neste momento são quase 6 da manhã e eu tenho estado este tempo todo a pensar em tudo, mesmo tudo o que me aconteceu desde que conheci o Bernardo. Lembro-me da primeira vez que ele me piscou o olho e eu logo a seguir “fugi” dele por ter medo de me apaixonar tão rapidamente por um rapaz tão lindo, com uns olhos verde esmeralda perfeitos. Lembro-me, também de o “comer” com olhos no dia em que nós nos encontrámos no campo para eu lhe explicar o porquê de ter fugido dele. Nesse dia ele estava simplesmente perfeito, as gotas de suor percorriam o seu corpo, tonificando os seus músculos e ele tinha uma bandana a segurar-lhe o cabelo deixando as suas as suas bochechas rosadas sobressair. Lembro-me também do dia fantástico que tivemos na praia, dele a cantar para mim e o nosso pequeno beijo. Nessa noite dormi com a minha cabeça no seu peito nu, com o seu braço a rodear a minha cintura, foi uma noite muito importante para mim, pois já à muito tempo que não estava nos braços de alguém que me fizesse sentir tão segura e talvez amada… Acordei na manhã seguinte bastante cedo e fiquei a apreciar o seu belo rosto enquanto dormia enquanto pensava se ele gostava de mim, por me segurar nos seus braços com tanta força e mais uma vez entrei em pânico, pois um rapaz destes podia ter qualquer uma, num simples piscar de olhos e na altura pensei só em mim e naquilo que podia sofrer se me apaixonasse por ele. Dei-lhe um beijo no peito e decidi afastar-me um pouco, por isso é que estive tão distante nessa manhã. O nosso melhor momento foi quando nos beijámos durante o jogo “Verdade ou Consequência”, pois tinha passado imenso tempo a pensar em como seria voltar a beijá-lo. Não consegui aguentar não pôr a minha mão na sua cara, para esconder o beijo, eu queria que aquele fosse só nosso e de mais ninguém. Não precisavam de ver os nossos lábios a adaptarem-se um ao outro e só depois a moverem-se em sintonia. Queria mais naquele momento, mas infelizmente fomos interrompidos. O pior momento foi quando ouvi aquilo que tanto receava ouvir. As palavras que saíram da boca da amiguinha da Joana provocaram-me ciúmes. Mas afinal do que é que eu estava à espera? Que ninguém lhe tivesse tocado antes, que ele nunca tivesse beijado outra rapariga ou até mesmo que não tivesse tido relações sexuais com outras? Pois, ele já fez tudo isto e eu não tenho o direito de sentir ciúmes de algo que não é meu. Afastei-me deles e dei cabo da relva para tentar soltar um pouco da minha raiva até que ele veio ter comigo e disse que sentia feliz à minha beira e que não me via só como uma amiga. Beijámo-nos e pela primeira vez a nossas línguas entrelaçaram-se. Desde aí que temos estado a divertirmo-nos sem rótulos e era bom, mas neste momento enquanto estou aqui sentada, sei que não é suficiente. Ele podia ter morrido sem saber que eu estou apaixonada por ele e eu não quero isso. Quando entrar naquele quarto, a primeira coisa que vou fazer é dizer-lhe o que sinto, não me interessa que ele não sinta o mesmo que eu, simplesmente quero que ele saiba. O meu coração bate com a chegada das raparigas à sala de espera, pois é agora que eu me vou declarar. Elas vêm ter comigo para se despedirem.
Vitória: Bem, nós vamos embora. Estamos ambas bastante cansadas e eu e a Mariana ainda temos de falar…
Andreia: Eu vou dizer-lhe o que sinto, meninas. Não posso continuar com isto guardado para mim.- disse, não prestando atenção a que a Vitória dizia.
Mariana: Nós ficamos muito contentes por ti, aproveita agora que ele está melhor e mais bem disposto. Vá, até logo e boa sorte!- acenei um adeus e segui para o quarto. Quanto mais perto, mais o meu corpo se contorce com o nervosismo. Bato à porta.
Andreia: Posso?
Bernardo: Claro, estava a ver que não via a minha princesinha hoje.- brinca dando-me um sorriso fraco e eu tento sorrir mas falho redondamente.- Que se passa, eu estou aqui, vivo, não precisas de chorar. Vem cá!- rapidamente corri até ele e abracei-o, sem o querer largar, mas ele gemeu de dor. Não tinha reparado nas suas ligaduras, que escondia os seus cortes.
Andreia: Desculpa…- disse afastando-me um pouco, depositei um beijo na sua testa, mesmo à beira do corte que tinha por cima da sobrancelha e sentei-me.
Bernardo: Não faz mal…
Andreia: Bernardo, eu tenho de te contar uma coisa, mas por favor não me interrompas.- pedi, olhando para os seus olhos carinhosamente. Estes transmitiam dor misturada com um pouco de felicidade. Talvez por eu estar ali, não sei.- O que eu te quero dizer é que… que eu estou completamente apaixonada por ti e que não imaginas o que senti quando me ligaram a dizer que estavas no hospital. O meu coração caiu aos meus pés, o meu estômago contorceu-se e os meus pulmões apertaram não me deixando respirar. Só a possibilidade de te perder, matava-me por dentro…- suspirei e limpei uma das lágrimas que escorria no meu rosto e voltei a olhar para os seus olhos verdes que tanto me encantam.- E-eu, instantaneamente senti que… que não te podia deixar partir sem te dizer o q-que realmente sinto… Eu cada vez mais sinto a necessidade de te beijar, abraçar, de voltar a sentir o calor do teu corpo no meu, tal como aconteceu na praia. Eu cada vez mais penso em como seria se não te tivesse conhecido, e sabes que mais? Eu não seria nada do que sou, eu iria continuar a viver a minha vida sem me aproximar de um rapaz, com medo que ele me deixasse assim que eu me apaixonasse por ele. Preciso de ti, mais do que preciso do ar para respirar, preciso de ti para me sentir livre e feliz, para ultrapassar todos obstáculos… E-eu amo os nossos momentos felizes e tudo aquilo por que passamos. E-eu AMO-TE e o meu coração pertence-te.- suspiro, acabando o meu discurso e vejo que os olhos do dono de meu coração estão vermelhos e que pequenas lágrimas escorrem pelo seu rosto.

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Is this Love?
Fiksi PenggemarEsta história passa-se no Verão. Um verão inesquecível para todas. Lígia, Mariana, Andreia e Vitória são melhores amigas à já algum tempo. Juntas, são super divertidas e muito malucas. São completamente passadas da cabeça, mas serão sempre de confia...