73- I'm only human

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*POV Lígia On*

Vocês sabem aquela sensação de ter um buraco sítio do vosso coração, não? Bem se não eu digo-vos como me sinto. Sinto que toda a minha compaixão, bondade e consideração por qualquer pessoa se foi num simples piscar de olhos. Sinto que uma pessoa, simplesmente chegou à minha beira e espetou a sua mão no meu peito, agarrou no meu coração, torceu-o de uma maneira tão dolorosa que nem tenho palavras para o explicar e arrancou-mo lentamente, até que tudo estivesse numa completa confusão e o único sentimento que ficou foi o de vingança e desprezo.

Foi assim que me senti quando o Pedro, depois do nosso beijo, simplesmente me deixou ali no meio do meu dormitório a vê-lo a sair pela porta fora, depois de dizer que não podia, que já não me amava e que me... me d-desprezava. Isto não se faz. O que ele me fez, não se faz, nem um rapaz a uma rapariga, nem uma rapariga a um rapaz. Tu não podes dar esperanças, não podes beijar da maneira que ele me beijou e dizer que não pode. Como assim despreza-me? Como assim já não me ama? Raiva começa a florescer dentro de mim e a falta de ar começa a atormentar-me.

Estou tão cansada que não me aguento em pé e acabo por me deitar na cama, enquanto que a minha raiva atua sobre a minha almofada, esmagando-a até estar quase desfeita e aos poucos transforma-se em tristeza, trasforma-se num vazio tão grande para mim que não é possível aguentar e rapidamente começo a chorar, cada pedaço de compaixão a abandonar o meu corpo a cada gota de água que eu liberto. Respeito por mim, por todos os que rodeiam também parece abandonar o meu corpo e neste momento não sei como me vou conseguir erguer e fazer-me de forte porque, honestamente, para mim isso não é possível...

****

Vitória: Temos de acordá-la para irmos jantar e depois ir para casa...

Mariana: Não sei, ela parece tão cansada...

Andreia: Está bem, mas depois do que lhe aconteceu ela tem de comer alguma coisa...- todas acentem e quando vão para me acordar eu já estou com os olhos abertos e com estes em lágrimas por me relembrar do que se passou. Já alguma vez choraram tanto que pareceu que a qualquer momento a próxima lágrima seria de sangue e não de água!?- Então, princesa... O que se passou para estares assim?

Eu nada respondo e todas facilmente me rodeiam, abraçando-me enquanto me desfaço em soluços... Não quero parecer fraca ao lado delas, mas está tudo a acontecer tão depressa que eu já não sei o que é ter força, já não sinto o meu corpo e em termos de emoções estou dormente... Quero bater em mim própria e livrar-me da estranha sensação que é ter o corpo a formigar e avançar com a minha vida, quero tornar-me noutra pessoa, uma pessoa com as barreiras mais altas e mais fortes, para que ninguém as volte a derrubar.

Mariana: Vais dizer-nos o que se passou? Estás à mais de 20 minutos nesta choradeira interminável e estás a deixar-nos preocupadas...- Ela reclama e faz com que eu chore ainda mais, numa maneira tão desesperada que sinto a minha voz falhar a cada soluço que dou e a minha garganta não podia estar mais ferida.- Por favor Lígia! Diz-nos o que se passa, estás a matar-nos, por favor!- ela implora também começando a chorar e eu sinto-me mal tão mal, por pô-la a chorar que desato numa gritaria. Bati no fundo completamente, estou entrar numa depressão que parece não ter fim e nunca desejei tanto uma coisa na vida. Quero parar de chorar... 

A raiva volta a atarcar-me, mas desta vez não sinto raiva do P... daquele estúpido, mas sim de mim. A vontade que tenho de partir, esmagar ou bater em alguma coisa é tão grande que me sinto obrigada a descarregar toda a minha força em algo e acabo a rasgar o lençol. Pareço uma possuída enquanto choro e corro pelo quarto, revirando e mandando ao chão tudo o que de frágil me aparece à frente, tudo o que tão facilmente se pode partir em mil bocados e ficar como eu estou agora... Dividida em milhões de pedaços.

Is this Love?Onde histórias criam vida. Descubra agora