66- Wow, eu senti isso....

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*POV Andreia On*

Estou tão farta de hospitais, a sério. Não aguento mais. Depois disto espero nunca mais ter de cá voltar. Não sei como é que as pessoas aguentam este cheiro horrível a medicamentos, esta sensação no ar que toda a gente vai morrer, os médicos a correr de um lado para o outro, o nervosismo de não saber se quem mais gostamos vai ficar bem ou não, o facto de parecer que os médicos fazem de tudo para nos porem mais nervosos e as paredes brancas. Não é suposto uma pessoa pensar positivo? Acho que sim, acho que todos temos de pensar que, mais cedo ou mais tarde, tudo vai ficar bem. Mas, estas cadeiras desconfortáveis e a porra das paredes ainda nos põem mais deprimidos. Estamos no verão. Podiam, ao menos por umas flores ou assim para enfeitar. Dar cor a este inferno…

Eu sempre quis ser pediatra e vou-me candidatar à Universidade de Coimbra para seguir o meu sonho. Agora só resta rezar para que o meu último ano escolar corra bem e para que consiga entrar. Se tiver entrado, muito bem, se não eu tenho um plano de reserva. Vou para uma companhia de dança fora de Portugal, vou ter de me afastar de todos os meus amigos e não queria mesmo fazer isso, a minha sorte é que a Mariana já ia para lá de qualquer das maneiras. Eu admiro a maneira como dança e fiquei maravilhada quando ela foi convidada para a companhia. Nós dançamos principalmente ballet, reggae, contemporânea e ballet. A companhia oferece-nos alojamento e a única coisa com que nos temos de preocupar é estar em forma e nunca, mas nunca nos magoarmos. Dessa maneira, seriamos logo postas de fora e os nosso lugares seriam dados a outras raparigas com o mesmo desejo que nós.

Com tudo isto, já me esqueci que a poucos metros de distância está o Bernardo, provavelmente a dormir, provavelmente não, e que eu combinei com a Lígia que assim que aqui voltássemos que eu ia falar com ele. A verdade, é que não faço a mínima ideia do que lhe hei-de dizer, mas ideias não me faltam. Desta vez não vou deixar o meu coração falar, porque sei que assim que o vir ele vai começar a bater mais depressa e a primeira coisa que vou querer fazer é abraçá-lo, apesar de estar bastante magoada com ele. Já o meu cérebro diz-me que quando o vir tenho que lhe espetar um estalo naquela cara perfeita, por me fazer sofrer e também me diz que se ele não me quer é porque não me merece, mas a verdade é que já há muito tempo que não me apaixono assim, se é que alguma vez me apaixonei desta maneira.

Contudo, não posso pensar nisto agora, tenho a minha melhor amiga, melhor, a minha irmã, doente, e neste momento, não sei como está e mais uma vez nenhum médico nos diz nada. Torna-se irritante ver o homem de bata a aproximar-se e quando pensamos que é para nós, não é para outra família qualquer que está na mesma situação que nós.

Andreia: Eu ainda não sei o que se passou para ela ter desmaiado, alguém me pode explicar?

Lígia: Bem, e-ela voltou a c-cortar-se e desta vez não foi pouco. Eu disse-lhe logo que queria que ela viesse ao hospital mas sabes como ela é… Ela disse que estava tudo bem e que tinha fome, depois começámos a gozar uma com a outra e eu comecei a correr atrás dela na brincadeira, e-e… e-ela simplesmente, d-desmaiou. A culpa é toda minha… Ela estava a correr por minha culpa, a gastar energias despois de ter perdido muito sangue e-e eu n-não pensei que aquilo fosse acontecer, ela estava tão bem!- explicou com imensas lágrimas a caírem-lhe pelos olhos. Dava pena vê-la assim, a culpa não é dela, não é de ninguém… O Pedro, que se tinha juntado a nós ficou parado a olhar para ela até que decidiu afastar-se. Afinal, não o culpo, ele quer distância e não me acredito que vê-la a chorar seja bom para ele, mas também ao vê-la neste estado podia tentar reconfortá-la, que imbecil. Logo quando ela precisa mais dele é quando ele se afasta e se virmos bem eu também sou uma imbecil por ter feito o mesmo com o Bernardo.

Vitória: Ohh fofa, a culpa não é tua, tu não podias adivinhar, afinal ela disse-te que estava bem, não foi?- ela acenou positivamente e a Vitória prosseguiu.- Então, pronto, não havia nada que pudesses fazer, se ela está assim foi porque o destino quis, não te culpes. Ela vai ficar bem… Aliás, é só olhares para ela.

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