Inefável - Quando não existem palavras para descrever um sentimento. (Completo)

Capítulo 9

A vida é tão escura quando todos os dias são uma luta

Por que ir para fora e ver o mundo em chamas

Não deixe que a sua mentalidade se torne o que você controla

Fale agora mesmo e faça a escolha de crescer

In Between

Beartooth

Assim que chego ao prédio onde fica meu dormitório, solto a respiração que estava prendendo. Sempre que perco o controle é como se eu estivesse sufocando, o ar não entra em meus pulmões até eu quase sufocar. Meu cérebro automaticamente me leva a fazer isso, é como um restart que me ajuda a controlar minhas emoções. Um tipo de fuga que me traz a razão de volta. Algo que fazia um tempo que não acontecia.

Entro no prédio com as emoções mais controladas e assim que chego em frente ao meu quarto e vou pegar a chave em minha bolsa, a porta se abre e o assistente residente responsável pelo nosso setor sai de lá de dentro.

Levo um baita susto. Depois que Kate se mudou ninguém, além de mim, entrava no quarto. Ele passa por mim, me cumprimenta e eu fico sem entender nada do que está acontecendo.

— Valary, está é sua nova colega de quarto, Amy. — não tinha reparado na garota parada no meio do quarto. — Ela estava só aguardando uma vaga para os dormitórios, e como a Kate decidiu se mudar, ela foi chamada.

A garota em minha frente me olha com enormes olhos verdes ansiosos. — Só o que me faltava!

Não abro a boca para responder e ignoro a presença dos dois. Coloco minha bolsa sobre meus desenhos, irritada pelo fato de ter companhia de novo. Minha cabeça está rodando diante de tudo o que acabei de passar, e agora isso. Tudo estava tão silencioso, sem ninguém além de mim aqui. A solidão há tempos é minha melhor companhia.

Viro-me em sua direção e vejo seu olhar interrogativo diante da minha falta de cortesia. Óbvio que minha mais nova colega de quarto é uma jovem que está saindo das fraldas e que adora socializar.

— Só não mexa nas minhas coisas, ok? — advirto, ignorando completamente os dois parados na porta.

— Estou tão animada com a faculdade, mega ansiosa para começar as aulas, espero que possamos ser amigas... — A olho por sobre o ombro, cortando seu discurso e a fulmino com o olhar.

— Não vai rolar. Só fica na sua que eu fico na minha. — sua animação murcha diante das minhas cordiais boas vindas.

Sinto-me um pouco mal por tratá-la assim. Vejo muito do que eu já fui um dia, na garota a minha frente. Mas isso está tão distante da minha realidade.

O assistente, que eu não me lembro o nome, volta a falar com ela, acho que tentando quebrar o gelo e com dó da garota por eu ser uma completa idiota. Pego meus fones de ouvido e volto a trabalhar em meus desenhos.

Passo tanto tempo dispersa, em meio ao amontoado de papéis cheios de traços e cores, que quando olho no relógio me assusto com a hora.

Fiquei mais de cinco horas sentada, apenas desenhando e perdida em meu solitário mundo.

Minha barriga ronca e minhas necessidades básicas humanas me obrigam a me levantar.

Pego uma roupa no armário, já que privacidade já era, e vou para o banheiro. Olho em volta do quarto e nem sinal da garota nova. Amy. Acho que esse é seu nome.