Epílogo

5.2K 567 196
                                    




Quatro anos depois.


Valary Haner

— Matt! — chamo seu nome pela milésima vez. Depois são as mulheres que demoram para se arrumar.

— Já estou indo, amor. — sua voz ressoa pelas escadas, enquanto o aguardo sentada na sala.

As coisas tem se tornado difíceis no último mês. Conforme os meses foram se passando e a gravidez avançando, Matt acabou se tornando um grude que, se pudesse, não me deixaria fazer nada além de comer e dormir. Nunca imaginei que passaria tanto tempo da minha vida sentada na frente da televisão assistindo as Kardashians, como tenho passado.

O dia em que me toquei que minha menstruação estava atrasada, meio que dei uma surtada — na verdade eu surtei legal. Matt me encontrou sentada no vaso sanitário do banheiro, estática sem acreditar no que aqueles dois risquinhos significavam. —, definitivamente não estava nos nossos planos uma gravidez com apenas três anos de casados. Eu estava no controle, era muito cuidadosa com os horários de tomar a pílula, mas foi algo que estava no nosso destino, não foi planejado, muito menos aguardado, apenas aconteceu.

A incerteza sobre se eu conseguiria ser uma boa mãe e cuidar de uma criança que dependeria de mim para tudo, me bateu com força. Matt foi meu porto seguro, como sempre.

Estou trabalhando em casa desde que meu curso acabou, acabei engrenando no mundo da pintura de corpo e alma. Pintar quadros, além de uma paixão, se tornou minha fonte de renda. Minha última exposição foi um grande sucesso e semana passada tive a honra de ter um quadro meu exposto no museu da UCLA, em meio a tantas obras de artes de outros ex-alunos que passaram por lá.

Há seis anos, jamais imaginaria que estaria onde estou hoje. Casada, com um barrigão esperando nosso primeiro bebê e o mais importante: feliz de uma forma que jamais imaginei ser, depois de tudo que aconteceu.

A vida me deu um grande presente quando colocou a Califórnia no meu caminho.

Perder minha família vai sempre ser algo difícil, perder Amy também, mas algo que aprendi é que, mesmo que perder tudo possa nos levar ao fundo do poço, depende apenas de nós mesmo, procurar ajuda e um meio para nos reerguer novamente.

Matt e eu aprendemos isso juntos, o que nos uniu ainda mais.

— Amor onde você colocou a gravata? — Matt grita.

Não sei como ele não consegue achar nada dentro de casa, no estúdio ele é tão organizado.

— Pendurada na segunda porta do guarda roupa. — sorrio do jeito atrapalhado do meu marido.

Matt tem feito muito sucesso com seu estúdio de tatuagem, junto com Brian e os meninos. Somos uma grande família, bem barulhenta também. Ter Michele no grupo me trouxe um pouco de paz em meio a tanta testosterona. Quando estão todos juntos, meio que sinto vontade de usar tampões de ouvido em alguns momentos. Mas eu aprendi os amar. Cada um deles.

Harry sempre está por perto também, fiquei muito surpresa quando Matt o apresentou como um velho amigo. Ele se tornou parte da família mesmo não estando muito presente.

Hank está quase finalizando a universidade e aparece algumas vezes, quando seus horários permitem, mas nos falamos constantemente pelo telefone. Ele está ansioso para o nascimento do bebê.

Escuto seus passos descendo e começo a me levantar, quando sua cabeça desponta pela porta, Matt vem correndo em minha direção.

— Devagar, deixa que eu te ajudo. — reviro os olhos diante de seu cuidado.

Inefável - Quando não existem palavras para descrever um sentimento. (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora