Capítulo 12

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Desde que você se foi, meu destino se tornou desconhecido

Quantos anos para caminhar nesse caminho sozinho?

Muito para se ver essa noite

Então por que você fecharia seus olhos?

Por que não posso fechar os meus?

Save Me

Avenged Sevenfold




Os dias se passaram como um borrão. Todos a minha volta pareciam mais ameaças do que apenas pessoas.

Passei a viver no automático.

E o melhor de tudo, Amy havia se afastado o máximo que podia de mim. Não houve nenhuma tentativa de me abordar sobre o que houve naquela noite.

Eu estava apenas sobrevivendo, novamente, em um mundo paralelo e torcendo que tudo apenas acabasse logo. A faculdade? Minha vida? Eu só queria sumir para longe de tudo.

Por incrível que pareça, não tive mais pesadelos desde a noite que Matt dormiu comigo. E eu agradeço por ele não ter tentado tocar no assunto nas poucas vezes que cruzamos no campus. Ele está até evitando visitar sua irmã por minha causa.

Fico mal por isso, mas é melhor que ele se afaste.

Em uma tarde que eu cheguei em nosso dormitório e ele estava sentado junto com Amy em sua cama, eu apenas me virei e sai perambulando por aí, até ter certeza de que ele não estaria mais lá quando eu voltasse.

Quando finalmente decidi voltar, não havia mais sinal dele. Amy me lançou um olhar de desculpa que eu apenas ignorei. Não tenho por que culpá-la por seu irmão a estar visitando, suas desculpas não fariam eu me sentir melhor com isso.

Na verdade nada faria.

Os dias estavam ensolarados, mas minha alma nunca esteve tão cinzenta como agora.

Depois de dias perdida em minha mente, em uma tarde após a aula, quando cheguei ao dormitório me deparei com uma grande surpresa.

Tia Mary e tio Paul, estavam sentados em minha cama, conversando com Amy e Matt. Brian, o irmão silencioso deles, estava em um canto apenas observando a interação a sua volta.

Ele foi o primeiro a olhar para mim, e a dor que vi em seus olhos era a mesma que eu via no reflexo do espelho todos os dias. Foi aterrorizador perceber que ele escondia algo em sua alma, com a mesma intensidade e tormento que eu carregava na minha.

Nossos olhos se distanciam e eu queria apenas me virar como sempre e ignorar as pessoas a minha volta. Mas eu jamais faria isso com meus tios.

— O que vocês estão fazendo aqui? — não quis parecer irritada com eles, mas foi exatamente assim que soou. Vi nos olhos de minha tia, que eu a havia magoado com o meu tom e minha pergunta.

Parabéns, Valary, eles vieram de tão longe para te ver e é assim que você os recebe.

— Que bom te ver também, querida. — meu tio quebra o gelo. Ele sempre soube lidar melhor com minhas gélidas interações.

— Desculpe. — me sinto um lixo por ser assim com eles. — É muito bom ver vocês aqui. — fiquei tantos dias sem falar com ninguém que minha própria voz soa estranha aos meus ouvidos.

— Peguei uns dias de folga e decidimos vir te fazer uma visita. — minha sobrancelha se ergue diante de sua desculpa. Tio Paul desvia os olhos por um instante e sei que ele está mentindo. Mas não falo nada, não quero ser mais grossa do que já fui.

Inefável - Quando não existem palavras para descrever um sentimento. (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora