Capítulo 10

4.3K 667 82
                                    


E cada palavra é apenas um sussurro ao vento

Eu oro a Deus por anjos que ele nunca enviará

Segure sua respiração

E reze para que o mundo termine

At War

Letters From The Fire



— Não! — o grito preso em minha garganta se liberta.

Sinto mãos delicadas em meus braços e uma voz suave bem longe, me dizendo que tudo vai ficar bem, que é só um pesadelo.

Abro os olhos rapidamente e percebo que estou em meu quarto e Amy está presenciando apenas uma das coisas que ela vai ter que lidar ao viver comigo, pela primeira vez.

Amy está me consolando e tentando me acalmar. Mesmo já estando acordada, as reminiscências que os pesadelos me trazem, são desesperadoras. É quase como se eu revivesse todo o acidente.

Meus olhos estão molhados novamente e meu rosto está banhado por lágrimas.

Eu estou chorando novamente, não quis me questionar mais a fundo o porquê desta avalanche de emoções aparecer depois de tantos anos enterrada nos confins mais profundos da minha alma mais cedo, mas agora, no meio da madrugada, depois de reviver emoções tão dolorosas, mesmo que em sonhos, eu passo as mãos por meu rosto e minhas mãos molhadas me colocam em estado de choque.

Há quanto tempo eu não chorava? Não chorei nem no enterro dos meus pais e minha irmã. Não derramo uma lágrima desde que acordei no hospital.

Afasto-me de seu toque, sua tentativa de me consolar só me machuca mais. E quanto mais eu tento me acalmar e parar as malditas lágrimas, mais e mais delas vem à tona.

— Como? Por que logo agora? — o desespero em minha voz, coloca pânico no rosto de Amy, mas eu simplesmente não consigo evitar.

O ar em minha volta parece ter sido sugado para longe, eu não consigo respirar. Minhas mãos apertam meu pescoço com força tentando trazer minha mente de volta à realidade, mas não tenho forças para controlar meu desespero.

Sempre tive noção dos ataques de pânico que eu tive. Eu já passei por isso inúmeras vezes, mas dessa vez simplesmente não consigo me concentrar e voltar.

Solto meu pescoço e tento achar algo para me concentrar, mas meus olhos não se fixam em nada. Tudo a minha volta parece um borrão, não consigo sugar ar para meus pulmões, sinto como se a minha vida estivesse se esvaindo bem em frente aos meus olhos e eu não posso fazer nada para parar.

Caio ajoelhada no chão e tudo a minha volta está rodando, meu peito dói pela falta de ar e tudo vai escurecendo gradativamente.

Em meio ao meu terror escuto uma voz de anjo chamando por um nome.

— Matthew. — e tudo escurece.

*

Sinto mãos fortes me segurando firmemente, e aquela voz que tem me encantado nas últimas semanas me puxa de volta para realidade, me tirando de todo o horror ao qual estou.

Perdida entre a realidade e a fantasia, vejo luzes fortes se aproximando, sinto a mão do meu pai segurando na minha, e a força do impacto me carregando para escuridão e terror.

Abro meus olhos e puxo o ar com força. Meus pulmões doem por todo o esforço a que foi submetido. Assim que minha visão entra em foco, deparo-me com olhos extremamente preocupados.

— Ei, você está segura agora. — braços fortes me rodeiam e me sinto em casa como há muito tempo não sentia.

Há quanto tempo não me sinto assim? Há quanto tempo eu não permito que alguém me abrace assim?

E nos braços de um quase desconhecido no meio da madrugada eu me quebro, me parto deixando toda a dor que guardei apenas para mim por tanto tempo, transbordar em formas de lágrimas e sussurros.

Fico perdida em minha dor por tanto tempo, que é como se eu estivesse revivendo-a como há cinco anos.

Depois de um tempo longo demais me despedaçando em seus braços, o cansaço me vence e eu durmo, me sentindo segura como há tempos eu não me sentia.


Heyyyy pessoas!!!

 Capítulo curtinho, mas amanhã posto mais.

Espero que estejam curtindo ;-)

Não deixem de comentar, dar uma estrelinha e compartilhar...


Inefável - Quando não existem palavras para descrever um sentimento. (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora