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As grandes portas rangeram ao se abrir, revelando o sala — ou melhor, salão — do trono. Um grande candelabro de vidro ocupava quase todo o teto, iluminando todos os pontos escuros do ambiente, o chão era feito de algum tipo de mármore preto, tão polido que parecia um espelho a refletir tudo sobre ele. Agradesci aos deuses pela barra de meu vestido ser comprida ao ponto de tocar o chão. Quinze guardas nos esperavam lá dentro, espalhados em posições estratégicas e, em um trono ornamentado, feito de madeira, estava sentado um belo jovem — o rei.

— Vossa Majestade — disse Aaron com indiferença ao entrar e fazer uma reverência, que eu imitei desastrosamente.

O rei assentiu com a cabeça e seu olhar parou sobre mim por um instante antes, de voltar para o seu irmão com afeto, carinho e... algo a mais que pensei ter sido culpa.

Sinto muito Aaron — ele sussurrou, como se para que as paredes, que têm ouvidos, não escutassem o pedido de desculpas de um rei, mas ele parecia verdadeiramente arrependido de algo.

O maxilar de Aaron se cerrou tão forte, que quase pude ouvir o som de seus dentes rangerem. Ele ficou perfeitamente ereto, cruzou as mãos atrás das costas, estampando uma expressão de tédio e assentiu levemente.

Até mesmo o Ar estava tenso a minha volta.

— Não se preocupe quanto a isso — Aaron respondeu de queixo erguido. — Todos seguimos as leis — havia algo diferente em seu tom, como que se ele quisesse alfinetar o irmão. — Está é Calyn, a jovem beijada. — Falou acenando com a cabeça em minha direção com cara de poucos amigos.

Quase me encolhi quando o rei Saelor se levantou de seu imenso trono, desceu os poucos degraus que o elevavam e caminhou em minha direção com toda a sua magnificência com seu imenso e farfalhante manto real, parando a minha frente. Me fitando com aqueles brilhantes olhos azuis.

— É uma imensa honra tê-la em minha casa, Calyn. — Ele soltou um sorriso sincero que fez seus olhos cintilaram ainda mais. Enriquecendo todos os pontos de seu rosto perfeitamente cuidado.

Esperava encontrar qualquer cicatriz em sua pele perfeitamente polida, mas não havia nada além de pele macia, e feições doces.

Nem parecia o mesmo homem em que mantinhas as leis que levavam meninos esfomeados, que roubavam comida, serem açoitados.

Ele parecia até mesmo encantado com minha presença. Seu sorriso era daqueles que teriam feito minhas irmãs desmaiarem.

Pude ver por minha visão periférica Aaron revirar os olhos ao meu lado. Como se não quisesse está perto do irmão, — ou de nós dois — por mais nenhum minuto sequer.

Oras, o que tem de errado com esses dois?

— A honra é minha, Majestade — respondo baixo.

— Me chame apenas de Saelor...

— Bom, tenho coisas a fazer. Mande-me chamar se precisarem de mim. — Aaron fez uma reverência rápida e saiu sem esperar por uma permissão. Seu caminhar era rápido, astuto, esbanjava elegância e força.

— Aaron não anda tendo bons dias ultimamente, e parte dessa culpa é minha. Não pense mal dele — Saelor diz, como se precisasse se explicar pelo irmão, após ver que eu o observava partir.

《■》

Saelor falou por algum tempo sobre as principais regras do Palácio. Algo como, não sair do quarto após o entardecer, chamar guardas apenas em caso de extrema importância, todos os criados que estariam a meu dispor e algumas ocasiões das quais eu deveria participar. — Mas o que eu realmente queria saber, ele não havia falado. Enquanto estava ocupado demais descrevendo regras das quais eu nem sequer lembraria mais tarde, pude ver que todos os guardas me observavam, sem ao menos piscar. Como se eu fosse uma ameaça eminente, esperando o momento certo para agir. Estariam todos com medo de mim? O fato é que ser observada com tanta... intensidade, me deixava angustiada, até mesmo com medo. Não com medo de que eles agissem contra mim, mas — medo de todo aquele poder que eu sentinhar correndo em minhas veias.

Sétima Filha - Beijada Onde histórias criam vida. Descubra agora