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A noite - com seu silêncio majestoso, sua escuridão amedrontadora e seu mistério absoluto; eu sempre quis ser como a noite. Uma amante a aqueles que a esperam chegar, um loba faminta para aqueles que fogem de sua caligem. Ser mais do que realmente somos é um desejo que muitos a séculos têm; nunca está bom o bastante, nunca somos oque somos, sempre queremos mais. - Seja sensualidade para atrair um homem, riqueza para atrair mais riqueza, ou poder para enfim mostrar quem queremos aos nosso pés seguindo nossas ordens. A humanidade têm uma rachadura, ela sempre esteve lá, e, ao menos que sejamos mais espertos um dia para sonda-la, remendando milênios de falhas lesivas, ela continuará lá, amplificando tudo de horrendo que somos, que ainda podemos ser.

A minha ignorância sempre esteve em minha vida, não por simplesmente estar lá, mas por quê eu a mantinha a meu lado. Nunca quis acreditar em algo maior do que somos, tudo que estava diante de mim, para toca e ver, eram reais; jamais dons, jamais magia, jamais lendas, jamais monstros; eles não eram reais, nunca foram para mim. - Mas, o destino ousou me enfrentar, os Deuses ousaram sobrepujar minha pouca fé. Uma benção? Uma maldição? Não importa, não mais. Uma máscara cobre meu rosto, mostrando a noite, aquilo que desejo que os outros vejam, somente para poder mascarar o caos, medo, receio e tudo que ainda mantém minha essência humana dentro de mim.

Jamais me olharei diante do espelho e verei a mim mesma, pois sei que dentro de toda carne, sangue e ossos, está nada mais do que fraqueza -, fraqueza a qual eu nunca tive até ter um Poder que me tornara fraca ao mesmo tempo que forte.

Lágrimas - muitas e muitas lágrimas escorrem de minha face todas as noites em que pouso o rosto sopre os travesseiros, silenciosas, cautelosas; não permito que os outros as vejam, é a única coisa que ainda me restara, que ainda posso chamar de minhas. Não choro por conta de uma alto-piedade adversa; lágrimas escorrem meu rosto por estar caminhando a cegas, pisando em ovos sem saber a qual caminho seguir, rumo a um desfiladeiro sem fim.

Aaron fora um contratempo ou algo intencional em meu destino? Fora um presente ou mais uma peça dos Deuses? - Por mais que eu negue, essa perguntas me rodeia todos os dias. Não tenho dúvidas de meu amor por ele, sei que é recíproco.

Mas se não for?

Perguntas, várias perguntas das quais eu não tenho as resposta, talvez jamais tenha, mas isso não impede de que eu as faça, sempre a mim mesma, nunca, jamais aos outros. Todos escondem segredos, não preciso ouvir os batimentos de seus corações para saber que mentem; por bem ou por mal? Mais uma pergunta sem as devidas respostas.

Quando Néferetty plantou e regou tão facilmente aquela semente da dúvida dentro de mim, tentei ceifa-las, arranca-la pela raiz, mas ela cresceu, cravando suas raízes tão fortes dentro de mim que duvido se algum dia conseguirei faze-las recuar. Me testando mais uma vez, somente caminhar rumo ao desconhecido.

Dúvidas, dúvidas, dúvidas.

Não ter tudo sobre controle, não saber oque pode acontecer sem que passos possam ser planejados, me jogam mais para dentro dessa penumbra.

Minhas mãos estão atadas, não posso -, não devo solta-las sem ter a certeza de que estou pronta para empunhar a espada.

Agora, sentada aqui, como a verdadeira rocha impermeável que todos querem que eu seja; a única coisa que ainda mantém minha máscara intacta é a certeza de que mais tarde, minhas lágrimas poderão me acalmar.

-- Como disse a não mais de dez minutos atrás... eles ainda não chegaram, minha senhora.

Hybrid praguejou baixinho, e agradeceu mais uma vez o criado que vinha atormentando em busca de notícias.

Faltavam poucas horas para os primeiros sinais da alvorada e não tivemos nem ao menos uma notícia de Talick, Pitter ou Beim quem saíram horas atrás com uma pequena quantidade de soldados para checar um "imprevistos" nos portões. Não acreditei quando Néferetty disse pela terceira vez de que estava tudo sobre controle, que logo eles apareceriam; não acreditei em sua voz firme quando seus olhos estava trêmulos de preocupação. Onde quer que tenham ido, não estava nos portões, muito menos a salvo. - Hybrid não tentava disfarçar seu pânico, estava atormentando a todos pedindo notícias em um pequeno intervalo de tempo. Não posso a culpa, eu mesma já estava ficando um pouco apreensiva. Pitter e Beim haviam treinado - por horas agonizantes durante dias, estavam preparados para um possível combate, minha fé em suas capacidades não vinha dos músculos em seus braços ou das lâminas em suas mãos, mas sim da determinação e coragem em seus olhos; Talick por sua vez, tinha o dom de suas terras a seu favor, era só questão de tempo até que eles voltassem. - Pelo menos, é isso que venho repetindo a mim mesma toda vez que vejo Hybrid dar um chilique, Néferetty dizer que tudo ficará bem e Aaron ignorar a todas nós, enquanto afia uma faca, sentado em um sofá a minha frente.

Sétima Filha - Beijada Onde histórias criam vida. Descubra agora