Sétima Filha - Beijada

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Sai de meu quarto um pouco depois da saída de Saelor. - Ficar sozinha me fazia pensar, e pensar me deixara histerica por um momento. Perguntas de todos os tipos rondavam em minha mente. Todas sobre Aaron e a escolha de qual caminho seguir a partir da reunião com os reis, que mudaria todo o meu destino. Por outro lado, tinha a profecia de Seraphina que não me deixava esquece a imensa responsabilidade em minhas mãos. Era inevitável não pensar nas criaturas que agora, reinavam nas sombras dos reinos, tudo por minha causa, por causa de dons que eu nunca quis ter.

A princípio, minha ideia principal era fazer uma visita a Victor para saber se ele estava bem. Eu me sentia responsável por ele. Mas não o encontrei em seu quarto.

Seguindo pelos corredores, imaginei como seria não ter o peso que tenho sobre os ombros -, a possibilidade de uma vida normal já se tornara um sonho inalcançável.

Virando mais um do diversos corredores, quase vou de encontro com outra pessoa, e isso me intrigara um pouco mais. Eu estava distraída, muito distraída ultimamente. Deixando de escutar, ver e sentir coisas que me pegavam desprevenida. Ser pega de surpresa era um dos erros mais fatais, segundo os treinamentos de Aaron e Hellviel.

--Néferetty? - digo ao finalmente percebendo-a.

Sem me dizer uma só palavra, ela olha para os dois lados do corredor, coloca o indicador sobre os lábios, me pedido silêncio e pegou em meu antebraço, puxando-me enquanto dava passos largos até à porta mais próxima.

Franzi minha testa ao encarar ela, que acabara de fechar á porta atrás de si.

-- Não temos muito tempo, ouça-me bem.

-- Oque foi??? - Indaguei apreensiva.

-- Eles estão vindo. -- Ela sussurrou e um mal presságio passou por mim.

-- Eles quem?

-- As criaturas!

No mesmo momento em que as palavras deixaram seus lábios, um calafrio percorreu por toda a minha coluna, arrepiando até mesmo a minha alma.

-- Temos que avisar os outros...

Já estava indo em direção a porta quando ela se pôs a minha frente.

-- Não!

Parei abruptamente e a encarei.

-- Não há tempo - completou. -- Consegui com que a reunião fosse hoje mesmo, mas preciso que você prometa tentar fugir para o mais longe daqui após seu final, não importa quais decisões sejam tomadas - Ela pegou em minhas mãos e as apertou. -- Não deixe que a morte de meu marido seja em vão.

Pelo medo em sua voz ou pela dor em suas palavras, assenti.

-- Não deixarei. Eu prometo - de repente, senti como se as palavras fosse poucas, como se precisasse dizer mais. -- Sinto muito, ele tentou a todo custo, mas tudo aconteceu tão rápido - acrescentei com uma bola se formando em minha garganta e os olhos adendo com lágrimas não derramadas. -- É tudo minha...

Néferetty balançou a cabeça, e sorriu com pesar.

-- Ele morreu defendendo uma causa, defendendo aquilo que nos acreditávamos, aquilo - acrescentou pousando sua mão sobre meu ombro, -- que eu acredito e também lutarei para defender.

-- Ele se sacrificou, Néferetty - minha voz estava horrivelmente baixa.

-- Sim. E agora nosso filho tem uma chance maior de crescer a salvo. Sua vida é a nossa esperança. - Ela olhou no fundo de meus olhos, tão intensamente que o ar prendeu em meus pulmões. -- Se um dia você desistir de lutar, desistir de viver... Estará também desistindo de todos nós. Seja aquela que nós precisamos que seja, Calyn.