> Saelor <
Jamais pensei ser possível passar por uma situação lesiva e continuar a fingir que tudo estava bem, mesmo que faltasse pouco para tudo virar um verdadeiro pandemônio. Primeiro foram os Calariks, assustando e causando desordem, mas as baixas só começaram a subir consideravelmente após a chegadas dos Sombras. Carnificina, terror, crise. Meu Reino ruía a cada dia que passava, mais. Entre tanto, um rei em pânico de forma alguma ajudaria a acalmar as massas de pessoas desesperadas por proteção. A cada nova semana mais tropas eram enviadas para diversos vilarejo e cidades do reino, uma esperança em meio a escuridão para meus súditos, porém, aquelas tropas que marchavam para a divisa da floresta negra - que era de onde vinham tais aberrações sanguinárias -, não voltavam mais, e aqueles poucos soldados que por algum milagre conseguiu voltar, sempre vinham com a falta de algum membro de seus corpos e uma mensagem. Mensagem a qual jamais abandonara meus pesadelos nas poucas noites em que meus olhos se fechavam em busca de descanso.
"Um mar de sangue inocente ou uma gota de sangue da escolhida.
Um preço à pagar, uma oferta à aceitar,
uma escolha à fazer."Todos sabíamos oque viria com uma gota do sangue de Calyn. E posso afirmar que um mar de sangue inocente seria pouco com a tamanha proporção de mortes que se seguiriam após a entrega de uma gota de seu sangue. Ou talvez minha ignorância era tanta que, eu não pensaria jamais em tirar uma só gota do sangue de Calyn, mesmo que isso custasse a vidas de várias pessoas de meu Reino.
"O dever de um rei é para com seu povo. "
As palavras usadas em minha coroação martelavam em minha mente, várias e várias vezes, como fossem sussurros aos meus ouvidos.
O dever de um rei é para com seu povo;
Uma escolha à fazer.
O dever de um rei é para com seu povo;
Uma escolha à fazer.
O dever de um rei é para com seu povo;
Uma escolha à fazer...
-- Majestade?
Como se meus problemas já não fossem o bastante...
-- Entre, Lucyn.
A moça de cabelos longos e negros entrou a passos lentos em minha sala do trono carregando uma bandeja e um sorriso em meio aos lábios. Pouco de seus traços eram semelhantes aos de Calyn; a curva do sorriso, o mexer de suas mãos, até mesmo o arquear de suas sobrancelhas definidas era semelhantes aos da irmã, mas nada comparada a graça, beleza e força que Calyn exalava involuntariamente. Lucyn vinha tentado se aproximar de mim, mas suas intenções com tal aproximação ainda não eram totalmente claras ao meu ver, talvez as atuais circunstâncias tenha tornado minha percepção de coisas banais um tanto fracas, ou talvez eu não dera mesmo é ligaça a sua presença.
Assim que parou a minha frente, Lucyn fez uma reverência desajeitada por estar segurando a bandeja.
-- Ouvir dizer que vossa majestade não vem comendo direito a dias, e pensei que talvez queira provar algo diferente para voltar a ter apetite.
-- Talvez eu deva assar as línguas de quem tenha dito tamanhas bobagens. - Falei ríspido.
Meu mau humor já era algo normal nessas últimas semanas.
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Sétima Filha - Beijada
ФэнтезиEm um rito antigo, comemorado em toda Wareehon, uma garota de cada um dos sete reinos é beijada pelo dom sagrado de suas terras e levada como um presente divino aos recém coroados reis. Com o dever de gerar os próximos governantes. Fortes, saudáveis...