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Folheie o livro de forma cautelosa, como se fosse desmanchar entre minhas mãos. Assim que abrir no primeiro texto, meus olhos não se desgrudaram mais de suas páginas. Saelor me observava cuidadosamente, e se contentava em me explicar termos os quais eu ainda não conhecia.

E assim foi por horas. Eu até mesmo estava mais relaxada com sua presença.

O livro além de conter as várias dicas e instruções sobre o dom de Forceu, contia também breves menções e referências dos outros dons, que me abriram os olhos sobre o que realmente era capaz.

O que achei ser apenas força e sentidos apurados, se demostrara ser muito mais do que esperava.

"Assim como sua força fora um dia vinda dos Deuses através de uma semente. Em pendência, pode-se extrair a força de seus oponente, assim como uma planta se alimenta da terra fértil para se erguer, com um simples toque de suas mãos seus oponentes em um instante irão sem corroer."

— Isso tudo é realmente verdade? — Perguntei a Saelor, impressionada.

Ele segue meu olhar até o parágrafo que estava  a ler, e um sorriso brincalhão aparece em seu rosto.

— Cada palavra — ele diz, convicto. — Quer experimentar? Não irá doer — seu olhar se torna malicioso — não muito. Prometo!

Cerrei o olhar meio insegura do que poderia acontecer, mesmo Saelor e Aaron terem dito tantas vezes que poderia confiar em ambos, que me protegeriam, como poderia de fato confiar em pessoas que acabara de conhecer? E lamentavelmente tenho que repensar, como poderei confiar se não der nem ao menos uma chance?

Depois de minha própria batalha interna. Assenti, aceitando o desafio.

Saelor se levantou do pequeno sofá de canto onde estávamos e cuidadosamente pegou o livro de minhas mãos, o guardando novamente entre os outros na estante.

— Prometo trazê-la para o ler mais vezes. Até porquê, quero que você veja as palavras da antiga profecia, que você dissera tão corretamente enquanto estava desmaiada, gravadas nele — ele se vira para mim. — Contudo, o que vamos fazer requer um bom descanso, espaço e quem sabe uma platéia — ele diz entusiasmado, e não pude deixar de sorrir com sua alegria contagiante.

— Espero não me arrepender — Falei soltando um dos sorrisos provocativos que sempre soltara para Schrader, meu irmão.

— Para uma primeira vez, vai ser emocionante— Ele ri. — Aaron e eu fazíamos isso quando mais novos — seu olhar ficou melancólico por um momento antes dele voltar a sua euforia. — Choel, mande chamar Serena. Diga a ela que arrume roupas de treinamento, porém, para uma dama e as leve ao quarto de Calyn antes do almoço de amanhã.

O guarda alto e moreno, com expressão de poucos amigos, assentiu e fez uma reverência — não antes de me lançar uma olhar gélido — para logo em seguida sair corredor á dentro.

— Roupas de treinamento? É tarde de mais para desistir? — Perguntei com um ar de brincadeira, contudo um pouco de cautela se passou por meu semblante.

— Uma hora ou outra, você terá que aprender Calyn, — ele disse sereno — mas digo, não será tão legal quando você aprender e fazer o mesmo comigo. — ele piscou com um dos olhos, me fazendo sorrir mais uma vez.

— Está bem, você venceu! — Digo por fim.

— Então vamos, eu a acompanho — ele me ofereceu o braço, que logo aceitei sem rodeios.

Sempre escutara os suspiros de minhas irmãs quando alguém mencionava nosso rei jovem, e achava simplesmente ridículo o modo do qual agiam por alguém que nunca chegaram a conhecer. Mas aqui, dentre esses corredores, tochas e guardas, está próxima de Saelor, que têm se mostrado um completo cavalheiro. — Dos que não se encontram em qualquer lugar — percebo que ele mereceu e merece todos os suspiros que as jovens moças de Forceu podem o oferecer. 

Sétima Filha - Beijada Onde histórias criam vida. Descubra agora